Repórter / [email protected]
Publicado em 8 de abril de 2021 às 20:01
O Espírito Santo chegou a 8 mil mortes causadas pelo novo coronavírus. Triste por si só, a marca atingida nesta quinta-feira (8) ainda vem acompanhada de outro péssimo indicador: a virada de patamar nunca aconteceu tão rápido. Há apenas 16 dias, o Estado ainda ultrapassava os 7 mil óbitos. >
Anteriormente, o menor intervalo de tempo havia ocorrido durante o primeiro pico da pandemia, no meio do ano passado, quando foram necessários 29 dias para a quantidade de vidas perdidas sair de 1 mil (em junho) para 2 mil (em julho). Desde então, mil novas mortes nunca tinham sido acumuladas em menos de 40 dias.>
Para a contagem, A Gazeta considerou que a pandemia no Espírito Santo teve início no dia 5 de março de 2020, com a confirmação do primeiro caso pelo Ministério da Saúde. Sendo assim, o Estado chegou a mil óbitos no 100º dia e a 8 mil no 400º dia – sinal claro do agravamento.>
Diretor do Instituto Jones dos Santos Neves, o pesquisador Pablo Lira explica que a piora se deve a quatro principais fatores: a sazonalidade das doenças respiratórias, as aglomerações mais frequentes, a menor adesão às medidas de distanciamento social e as novas variantes — como a inglesa, que já se mostrou mais contagiosa e letal.>
>
O ritmo das mortes por Covid-19 no ES
• 1 mil mortes: em 13 de junho, com 100 dias de pandemia
• 2 mil mortes: em 12 de julho, com mais 29 dias
• 3 mil mortes: em 21 de agosto, com mais 40 dias
• 4 mil mortes: em 15 de novembro, com mais 86 dias
• 5 mil mortes: em 29 de dezembro, com mais 44 dias
• 6 mil mortes: em 8 de fevereiro, com mais 41 dias
• 7 mil mortes: em 23 de março, com mais 44 dias
• 8 mil mortes: em 8 de abril, com mais 16 dias de pandemia
Outra comparação que salta aos olhos é a média diária de mortes. Entre os meses de agosto e novembro, cerca de 11 pessoas morriam por dia devido ao coronavírus no Estado. Já entre o final de março e o início de abril deste ano, esse número saltou para 62 pessoas por dia — e ainda pode piorar.>
De acordo com a epidemiologista Ethel Maciel, a pandemia vai se agravar nas próximas semanas e o mês de abril pode terminar como o mais mortal de todo o período. "Pelos números que temos, devemos chegar a 130 óbitos por dia, antes de melhorar", afirma. A redução deve ocorrer só a partir de maio.>
Pablo Lira
Diretor do Instituto Jones dos Santos Neves, em entrevista no dia 7/04/2021A primeira morte por Covid-19 no Estado foi confirmada no dia 2 de abril de 2020, em um homem de 57 anos. De lá para cá, a doença avançou de tal forma que ficou impossível individualizar todas as perdas. Morreram idosos, médicos, policiais, indígenas, capixabas saudáveis, padres, bebês e até mãe e filha, no intervalo de um dia. >
Junto dessas 8 mil dores e saudades, o Espírito Santo também tem acumulado outros recordes: na última segunda-feira (5), o Estado chegou a mais de 900 pessoas internadas em leitos de UTI, que lutam para sobreviver; e na terça-feira (6), registrou 110 novos óbitos em apenas 24 horas.>
Ou seja, apesar do cansaço de mais de um ano de pandemia, cuidados como evitar aglomerações, sair de casa só quando necessário, higienizar as mãos e usar máscara adequadamente seguem sendo igualmente essenciais — ou até mais. "O Governo do Estado tem aumentado os leitos hospitalares, mas devemos chegar ao limite neste mês", diz Pablo Lira.>
Diante da alta pressão na rede pública hospitalar, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) anunciou abertura de novas vagas, totalizando até 1.100 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em abril. Atualmente, o Espírito Santo conta com 1.009 leitos intensivos e 930 de enfermaria, dos quais 922 e 738 estão ocupados, respectivamente.>
para a Covid-19 estão ocupadas nesta quinta-feira (8) no ES
Para evitar o colapso, a Sesa também anunciou uma estratégia de testagem em massa, um novo mapa de risco com mudanças nas medidas restritivas e reforçou o pedido para que as pessoas procurem assistência médica ao sentirem qualquer sintoma da Covid-19. Paralelamente, o Estado vai começar a vacinar os idosos com 60 anos ou mais nos próximos dias.>
No último pronunciamento, o secretário Nésio Fernandes pediu, novamente, colaboração aos capixabas. "O cansaço não pode virar negação ou comportamento de alto risco. Temos 75% da população em cidades de risco extremo. Sem redução da interação social, não será possível evitar que muitos óbitos ocorram", afirmou.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta