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Acusado de mandar matar empresário tentou culpar vítima por fraude, diz delegado

Acusado de mandar matar empresário tentou culpar vítima por fraude, diz delegado

Bruno Valadares, acusado de ordenar o assassinato, tentou culpar vítima por fraude tributária, mas polícia não encontrou evidências que sustentem a acusação

Mikaella Mozer

Repórter / [email protected]

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 14:05

Wallace Borges Lovato
Wallace Borges Lovato foi morto a tiros na Praia da Costa, em Vila Velha Crédito: Acervo Pessoal

O mandante do assassinato do empresário Wallace Borges Lovato, morto em junho deste ano na Praia da Costa, em Vila Velha, chegou a tentar acusar a vítima de fraude tributária, segundo o chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, delegado Daniel Fortes.

Bruno afirmou à Polícia Civil que haveria indícios de fraude tributária e emissão irregular de notas fiscais por parte da empresa de Wallace. No entanto, a análise do celular da vítima não revelou nenhuma evidência nesse sentido.

Em nenhum momento tem Wallace mandando emissão de notas fiscais. Pode ser mais uma forma que ele (Bruno) usou para fazer os desvios da empesa. Emitia a nota fiscal falando que tinha feito serviço e recolhia esse dinheiro sem ter prestado esse serviço de verdade para a empresa

Daniel Fortes

Chefe da DHPP Vila Velha

O delegado afirmou ainda que Bruno Valadares tentou atribuir a responsabilidade a Wallace, mas a Polícia Civil identificou, no celular do empresário, mensagens dele cobrando o diretor financeiro sobre questões financeiras relacionadas à Globalsys.

Ele tenta jogar a culpa como se fosse uma coisa de Wallace. Mas na auditoria no celular da vítima, não tem em nenhum momento ele ordenando notas fiscais para questões tributárias. Tem ele cobrando o Bruno em relação a questões financeiras da empresa

Daniel Fortes

Chefe da DHPP Vila Velha

Além disso, Bruno Valadares chegou a procurar a Polícia Civil quando acreditou que o intermediário Bruno Nunes havia sido preso. Na ocasião, enviou um advogado para justificar que teria feito pagamentos ao homem a pedido de Wallace. No entanto, a polícia reforça que não há evidências que sustentem essa alegação. Para a Polícia Civil, ele tentou criar um álibi caso seu nome surgisse nas investigações.

Ele (Bruno Valadares) desviava dinheiro e colocava documentos fiscais como se ele tivesse prestado serviços à empresa. A empresa estava fazendo auditoria interna e o valor estimado já estava chegando a R$ 9 milhões

Romualdo Gianordoli Neto

Subsecretário de Inteligência da Sesp

A defesa de Bruno Valadares – apontado como mandante do assassinato – alegou, em nota, que ele é inocente e que há fatores não compreendidos envolvendo o suposto esquema de desvio financeiro.

Defesa do diretor | Na íntegra

“A Assessoria Jurídica Pires & Pinho informa que representa o Sr. Bruno Valadares de Almeida e declara, de forma veemente, a sua inocência em relação ao crime de homicídio que lhe foi imputado. 

 Por respeito ao devido processo legal e ao trâmite do procedimento no âmbito do Poder Judiciário, não serão prestados esclarecimentos adicionais, além dos mencionados a seguir:

O agora réu, Bruno Valadares de Almeida, vem buscando constantemente esclarecer tudo o que sabe sobre o caso.

 Conforme noticiado na imprensa, existiu, sim, um mecanismo de não comunicação financeira que não só envolvia o denunciado, mas também outros agentes — e isso ele vem denunciando repetidamente, porém não é devidamente compreendido.

O denunciado clama por sua inocência e vê, na imputação criminal que lhe é feita, uma solução fácil e simplista para o caso, tese que será amplamente refutada pela defesa.

Demais informações serão oportunamente divulgadas, conforme o regular andamento do processo e as decisões que forem sendo proferidas pela Justiça.”

Quem são os presos

Arthur Luppi, Arthur Barros, Eferson Ferreira e Bruno Valadares, da esquerda para a direita, foram presos por morte de Wallace Lovato
Arthur Luppi, Arthur Barros, Eferson Ferreira e Bruno Valadares, da esquerda para a direita, foram presos por morte de Wallace Lovato Crédito: Reprodução e Redes Sociais

O empresário foi morto no dia 9 de junho deste ano, ao sair da empresa Globalsys, fundada por ele. Na ocasião, uma câmera de segurança flagrou o momento em que suspeitos em um carro dispararam uma única vez, na nuca de Wallace, e fugiram. O motorista do veículo usado no crime foi o primeiro a ser preso: Arthur Laudevino Candeas Luppi, capturado em Minas Gerais, no dia 17 de junho.

Dois dias depois, mais uma prisão: Arthur Neves de Barros, de 35 anos, suspeito de ser o atirador, foi capturado em Sumé, na Paraíba. No dia 23 de junho, Eferson Ferreira Alves, apontado como intermediário, foi até a Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, acompanhado de um advogado, e se entregou.

No dia 12 de julho, o diretor financeiro da Globalsys, fundada por Wallace, foi preso. Bruno Valadares de Almeida, de 39 anos, estava em casa, no bairro Jardim Colorado, em Vila Velha. No local foram apreendidos notebook, celular, joias, dinheiro e duas armas.

Um quinto suspeito de envolvimento no crime segue foragido. Conforme a coluna Vilmara Fernandes, de A Gazeta, divulgou no último dia 8, Bruno Nunes da Silva seria responsável pela organização da logística do crime e pela intermediação com os outros quatro suspeitos de participar do assassinato.

Cronologia do caso Wallace Lovato

Caso aconteceu em 9 de junho e vitimou o empresário Wallace Borges Lovato

Veja mais sobre o assunto:

- Os detalhes da investigação que elucidou assassinato do empresário Wallace Lovato;

- O que fez e quanto recebeu cada um no assassinato de empresário na Praia da Costa; 

- Viagem à Disney e cirurgia de papada: o caminho do dinheiro desviado de empresa no ES;

- Empresário morto no ES: desvio em empresa pode passar de R$ 9 milhões

- Com salário de R$ 21 mil, diretor diz que desviou dinheiro para comer melhor

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