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Viagem à Disney e cirurgia de papada: o caminho do dinheiro desviado de empresa no ES

Viagem à Disney e cirurgia de papada: o caminho do dinheiro desviado de empresa no ES

Investigações apontam que parte dos R$ 9 milhões desviados da Globalsys foi usada para bancar viagem à Disney, cirurgia estética, transplante capilar, imóveis e joias

Mikaella Mozer

Repórter / [email protected]

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 11:18

Wallace Lovato (vítima) e Bruno Valadares (mandante do crime)
Wallace Lovato (vítima) e Bruno Valadares (mandante do crime) Crédito: Acervo Pessoal | Montagem A Gazeta

Uma viagem de férias para a Disney e uma cirurgia plástica para retirada de papada estão entre os luxos que o diretor financeiro da Globalsys, Bruno Valadares, adquiriu com dinheiro desviado da empresa de Wallace Borges Lovato, assassinado no dia 9 de junho deste ano na Praia da Costa, em Vila Velha.  Os gastos incluem ainda um transplante capilar, pagamentos de despesas de festas e restaurantes e compra de carros, imóveis e joias.  As informações foram repassadas pela Polícia Civil, nesta segunda-feira (11),  durante apresentação da conclusão das investigações sobre o caso.

Segundo a corporação, Wallace foi executado após suspeitar de irregularidades cometidas por Bruno na gestão financeira da Globalsys.

Em depoimento, Bruno Valadares afirmou que, meses após iniciar os desvios, comprou dois carros, propriedades em Afonso Cláudio e em Santa Leopoldina, um terreno em condomínio fechado em Vila Velha e diversas joias. Somente com joalherias, ele confessou que gastou cerca de R$ 500 mil, chegando a presentear a esposa mensalmente com peças novas.

Ele comprou uma caminhonete Hilux, dando uma entrada de R$ 80 mil reais, e depois pagando R$ 100 mil, dinheiro que saiu direto da conta da empresa para o proprietário do carro, indicando que ele já estava fazendo uma confusão patrimonial, fazendo pagamentos pessoais pela conta da empresa

Daniel Fortes

Chefe da DHPP de Vila Velha

Segundo o chefe da DHPP Vila Velha, delegado Daniel Fortes, o ex-diretor estimou ter desviado aproximadamente R$ 4 milhões. No entanto, uma auditoria privada ainda em andamento já identificou um rombo de R$ 9 milhões nas contas da Globalsys.

Itens apreendidos na casa do Bruno Valadares: computadores, celular e joias
Itens apreendidos na casa do Bruno Valadares, suspeito de ser mandante do assassinato do empresário Wallace Crédito: Divulgação Polícia Civil

Cinco pessoas foram apontadas como responsáveis pelo assassinato do empresário e se tornaram rés em ação penal. Segundo a coluna de Vilmara Fernandes, de A Gazeta, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) apresentou denúncia contra o grupo, aceita na quinta-feira (7). A Justiça decretou a prisão preventiva de todos, mas um deles permanece foragido. São eles:

  • Bruno Valadares de Almeida – apontado como mandante. Está preso;
  • Bruno Nunes da Silva – apontado como intermediário e principal organizador da logística do crime. Está foragido;
  • Arthur Laudevino Candeias Luppi – apontado como motorista. Está preso;
  • Arthur Nunes de Barros – apontado como atirador. Está preso;
  • Eferson Ferreira Alves – apontado como intermediário. Está preso.

A defesa de Bruno Valadares – apontado como mandante do assassinato – alegou, em nota, que ele é inocente e que há fatores não compreendidos envolvendo o suposto esquema de desvio financeiro.

Defesa do diretor | Na íntegra

“A Assessoria Jurídica Pires & Pinho informa que representa o Sr. Bruno Valadares de Almeida e declara, de forma veemente, a sua inocência em relação ao crime de homicídio que lhe foi imputado. 

 Por respeito ao devido processo legal e ao trâmite do procedimento no âmbito do Poder Judiciário, não serão prestados esclarecimentos adicionais, além dos mencionados a seguir:

O agora réu, Bruno Valadares de Almeida, vem buscando constantemente esclarecer tudo o que sabe sobre o caso.

 Conforme noticiado na imprensa, existiu, sim, um mecanismo de não comunicação financeira que não só envolvia o denunciado, mas também outros agentes — e isso ele vem denunciando repetidamente, porém não é devidamente compreendido.

O denunciado clama por sua inocência e vê, na imputação criminal que lhe é feita, uma solução fácil e simplista para o caso, tese que será amplamente refutada pela defesa.

Demais informações serão oportunamente divulgadas, conforme o regular andamento do processo e as decisões que forem sendo proferidas pela Justiça.”

Defesa do diretor | Na íntegra

“A Assessoria Jurídica Pires & Pinho informa que representa o Sr. Bruno Valadares de Almeida e declara, de forma veemente, a sua inocência em relação ao crime de homicídio que lhe foi imputado. 

 Por respeito ao devido processo legal e ao trâmite do procedimento no âmbito do Poder Judiciário, não serão prestados esclarecimentos adicionais, além dos mencionados a seguir:

O agora réu, Bruno Valadares de Almeida, vem buscando constantemente esclarecer tudo o que sabe sobre o caso.

 Conforme noticiado na imprensa, existiu, sim, um mecanismo de não comunicação financeira que não só envolvia o denunciado, mas também outros agentes — e isso ele vem denunciando repetidamente, porém não é devidamente compreendido.

O denunciado clama por sua inocência e vê, na imputação criminal que lhe é feita, uma solução fácil e simplista para o caso, tese que será amplamente refutada pela defesa.

Demais informações serão oportunamente divulgadas, conforme o regular andamento do processo e as decisões que forem sendo proferidas pela Justiça.”

Quem são os presos

Arthur Luppi, Arthur Barros, Eferson Ferreira e Bruno Valadares, da esquerda para a direita, foram presos por morte de Wallace Lovato
Arthur Luppi, Arthur Barros, Eferson Ferreira e Bruno Valadares, da esquerda para a direita, foram presos por morte de Wallace Lovato Crédito: Reprodução e Redes Sociais

O empresário foi morto no dia 9 de junho, ao sair da empresa Globalsys, fundada por ele. Na ocasião, uma câmera de segurança flagrou o momento em que suspeitos em um carro dispararam uma única vez, na nuca de Wallace, e fugiram. O motorista do veículo usado no crime foi o primeiro a ser preso: Arthur Laudevino Candeas Luppi foi capturado em Minas Gerais, no dia 17 de junho.

Dois dias depois, mais uma prisão: Arthur Neves de Barros, de 35 anos, suspeito de ser o atirador, foi capturado em Sumé, na Paraíba. No dia 23 de junho, Eferson Ferreira Alves, apontado como intermediário, foi até a Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, acompanhado de um advogado, e se entregou.

No dia 12 de julho, o diretor financeiro da Globalsys, fundada por Wallace, foi preso. Bruno Valadares de Almeida, de 39 anos, estava em casa, no bairro Jardim Colorado, em Vila Velha. No local foram apreendidos notebook, celular, joias, dinheiro e duas armas.

Cronologia do caso Wallace Lovato

Caso aconteceu em 9 de junho e vitimou o empresário Wallace Borges Lovato

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