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Diretor financeiro procurou polícia para explicar pagamentos a intermediário

Diretor financeiro procurou polícia para explicar pagamentos a intermediário

Bruno Valadares é suspeito de mandar matar empresário e teria tentado criar um álibi antes de ser preso; um suspeito de envolvimento no crime segue foragido

Mikaella Mozer

Repórter / [email protected]

Felipe Sena

Repórter / [email protected]

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 14:24

Bruno Valadares de Almeida, diretor financeiro da empresa de Wallace Lovato (em destaque) foi preso no dia 12 de julho
Bruno Valadares de Almeida, diretor financeiro da empresa de Wallace Lovato (em destaque) foi preso no dia 12 de julho Crédito: Redes Sociais

Apontado como mandante do assassinato de Wallace Borges Lovato, empresário assassinado na Praia da Costa, em Vila Velha, em 9 de junho deste ano, Bruno Valadares, diretor financeiro da Globalsys, empresa da vítima, chegou a procurar a Polícia Civil, por meio de seu advogado, antes de ser preso. A defesa dele tentou justificar pagamentos feitos diretamente por ele a Bruno Nunes da Silva – único foragido, suspeito de ser organizador da logística do crime e de atuar na intermediação com os outros quatro suspeitos. 

Bruno enviou um advogado à Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha após saber que a Polícia Civil estava à procura de Bruno Nunes da Silva. Segundo chefe da DHPP Vila Velha, delegado Daniel Fortes, uma informação equivocada sobre a possível prisão do indivíduo que segue foragido fez o diretor financeiro da Globalsys temer ser envolvido no caso.

"No dia 27 de junho sai uma notícia sobre a prisão do Bruno Nunes (intermediário), que era a única pessoa que mantinha contato com o mandante (Bruno Valadares). No dia 30, um advogado procura a delegacia e diz que seu cliente fazia pagamentos ao Bruno Nunes a pedido da vítima (Wallace), sendo que foi feita uma investigação no celular da vítima e não foi encontrado nenhum tipo de contato com o Bruno Nunes", afirmou o delegado. 

Conforme o delegado, Bruno Valadares disse à Polícia Civil que em duas ocasiões fez transferências via Pix para o Bruno Nunes. "Uma delas no valor de R$ 10 mil e outra, de R$ 15 mil. Ele alegou que as transferências eram feitas a pedido da vítima", acrescentou o chefe da DHPP de Vila Velha.

Daniel Fortes afirmou que, diante dessas informações, a polícia pediu a prisão de Bruno Valadares, apontado como mandante do assassinato. "Ele foi preso na residência dele, onde foi encontrado muito ouro e dois carros de luxo", disse o delegado. 

Bruno Nunes, suspeito de envolvimento no assassinato de Wallace Lovato,
Bruno Nunes, suspeito de envolvimento no assassinato de Wallace Lovato, está foragido Crédito: Divulgação Polícia Civil

A Polícia Civil acredita que Valadares tentou criar um álibi caso seu nome surgisse nas investigações – o que de fato aconteceu.

Cinco pessoas foram apontadas como responsáveis pelo assassinato do empresário e se tornaram rés em ação penal. Segundo a coluna de Vilmara Fernandes, de A Gazetao Ministério Público do Espírito Santo (MPES) apresentou denúncia contra o grupo, aceita na quinta-feira (7). A Justiça decretou a prisão preventiva de todos, mas um deles permanece foragido. São eles:

  • Bruno Valadares de Almeida – apontado como mandante. Está preso;
  • Bruno Nunes da Silva – apontado como intermediário e principal organizador da logística do crime. Está foragido;
  • Arthur Laudevino Candeias Luppi – apontado como motorista. Está preso;
  • Arthur Nunes de Barros – apontado como atirador. Está preso;
  • Eferson Ferreira Alves – apontado como intermediário. Está preso.

A defesa de Bruno Valadares – apontado como mandante do assassinato – alegou, em nota, que ele é inocente e que há fatores não compreendidos envolvendo o suposto esquema de desvio financeiro.

Defesa do diretor | Na íntegra

“A Assessoria Jurídica Pires & Pinho informa que representa o Sr. Bruno Valadares de Almeida e declara, de forma veemente, a sua inocência em relação ao crime de homicídio que lhe foi imputado. 

 Por respeito ao devido processo legal e ao trâmite do procedimento no âmbito do Poder Judiciário, não serão prestados esclarecimentos adicionais, além dos mencionados a seguir:

O agora réu, Bruno Valadares de Almeida, vem buscando constantemente esclarecer tudo o que sabe sobre o caso.

 Conforme noticiado na imprensa, existiu, sim, um mecanismo de não comunicação financeira que não só envolvia o denunciado, mas também outros agentes — e isso ele vem denunciando repetidamente, porém não é devidamente compreendido.

O denunciado clama por sua inocência e vê, na imputação criminal que lhe é feita, uma solução fácil e simplista para o caso, tese que será amplamente refutada pela defesa.

Demais informações serão oportunamente divulgadas, conforme o regular andamento do processo e as decisões que forem sendo proferidas pela Justiça.”

Os presos

Arthur Luppi, Arthur Barros, Eferson Ferreira e Bruno Valadares, da esquerda para a direita, foram presos por morte de Wallace Lovato
Arthur Luppi, Arthur Barros, Eferson Ferreira e Bruno Valadares, da esquerda para a direita, foram presos por morte de Wallace Lovato Crédito: Reprodução e Redes Sociais

O empresário foi morto no dia 9 de junho, ao sair da empresa Globalsys, fundada por ele. Na ocasião, uma câmera de segurança flagrou o momento em que suspeitos em um carro dispararam uma única vez, na nuca de Wallace, e fugiram. O motorista do veículo usado no crime foi o primeiro a ser preso: Arthur Laudevino Candeas Luppi foi capturado em Minas Gerais, no dia 17 de junho.

Dois dias depois, mais uma prisão: Arthur Neves de Barros, de 35 anos, suspeito de ser o atirador, foi capturado em Sumé, na Paraíba. No dia 23 de junho, Eferson Ferreira Alves, apontado como intermediário, foi até a Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, acompanhado de um advogado, e se entregou.

No dia 12 de julho, o diretor financeiro da Globalsys, fundada por Wallace, foi preso. Bruno Valadares de Almeida, de 39 anos, estava em casa, no bairro Jardim Colorado, em Vila Velha. No local foram apreendidos notebook, celular, joias, dinheiro e duas armas.

Cronologia do caso Wallace Lovato

Caso aconteceu em 9 de junho e vitimou o empresário Wallace Borges Lovato

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