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Publicado em 11 de agosto de 2025 às 13:56
A Polícia Civil do Espírito Santo pediu o bloqueio de bens dos cinco réus investigados pela morte do empresário Wallace Borges Lovato, assassinado em junho deste ano, na Praia da Costa, em Vila Velha. As informações foram divulgadas pela corporação nesta segunda-feira (11), durante coletiva de imprensa que anunciou a conclusão do inquérito policial. Começa, agora, a segunda fase do processo investigativo, voltada à recuperação de bens.>
O bloqueio ocorre quando é solicitado, à Justiça, o impedimento de que a pessoa alvo negocie seus bens, seja vendendo, transferindo ou os utilizando de alguma forma. Assim, os réus não poderão fazer uso dos recursos obtidos durante a trama criminosa que levou ao assassinato do empresário. Com o inquérito concluído, a Polícia Civil vai, agora, iniciar uma segunda fase, voltada à recuperação dos bens desviados das empresas de Wallace.>
Durante as investigações, surgiu a tese de que estariam ocorrendo fraudes tributárias na empresa de Wallace e que, por isso, a mando do empresário, o diretor financeiro Bruno Valadares de Almeida, apontado como o mandante do crime, teria feito transferências de valores aos outros réus. Isso, no entanto, foi descartado pela polícia.>
"Quando a gente faz a análise via CIAT (Centro de Inteligência e Análise Telemática), em nenhum momento tem o Wallace mandando ele (Bruno Valadares) fazer emissão de nota fiscal. Pode ser, na verdade, mais uma forma que ele (Bruno Valadares) usou para fazer desvios financeiros da empresa. Emitia nota fiscal falando que tinha feito um serviço e recolhia esse dinheiro sem ter prestado o serviço de verdade. Ele (Bruno Valadares) tenta jogar agora como se fosse uma coisa do Wallace, só que o CIAT fez a análise do celular do Wallace e não tem, em nenhum momento, o Wallace ordenando emissão de nota fiscal para questões tributárias", detalhou o chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, delegado Daniel Fortes.>
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A defesa de Bruno Valadares – apontado como mandante do assassinato – alegou, em nota, que ele é inocente e que há fatores não compreendidos envolvendo o suposto esquema de desvio financeiro.
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Defesa do diretor | Na íntegra
“A Assessoria Jurídica Pires & Pinho informa que representa o Sr. Bruno Valadares de Almeida e declara, de forma veemente, a sua inocência em relação ao crime de homicídio que lhe foi imputado.
Por respeito ao devido processo legal e ao trâmite do procedimento no âmbito do Poder Judiciário, não serão prestados esclarecimentos adicionais, além dos mencionados a seguir:
O agora réu, Bruno Valadares de Almeida, vem buscando constantemente esclarecer tudo o que sabe sobre o caso.
Conforme noticiado na imprensa, existiu, sim, um mecanismo de não comunicação financeira que não só envolvia o denunciado, mas também outros agentes — e isso ele vem denunciando repetidamente, porém não é devidamente compreendido.
O denunciado clama por sua inocência e vê, na imputação criminal que lhe é feita, uma solução fácil e simplista para o caso, tese que será amplamente refutada pela defesa.
Demais informações serão oportunamente divulgadas, conforme o regular andamento do processo e as decisões que forem sendo proferidas pela Justiça.”
Conforme revelaram as investigações, Bruno Valadares teria feito pagamentos mensais em torno de R$ 10 mil a Bruno Nunes. Arthur Neves, apontado como o executor, teria recebido R$ 50 mil pelo crime. Já Eferson teria relatado que recebeu R$ 8 mil pela participação como intermediador. Entretanto, a Polícia Civil estima que ele teria embolsado R$ 20 mil, mesmo valor que teria sido repassado para Arthur Laudevino. >
Conforme publicado pela colunista de A Gazeta, Vilmara Fernandes, Bruno Nunes da Silva é apontado na denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) como sendo o organizador da logística do crime e pela intermediação com os outros quatro acusados. À Justiça, foi relatado que ele era o contato do suposto mandante do assassinato, Bruno Valadares Almeida. >
Em sua denúncia, o MP relata que coube a Nunes a contratação dos outros três envolvidos no crime: Arthur Laudevino Candeas Luppi; Arthur Neves de Barros; e Eferson Ferreira Alves. Ele também teria viabilizado condições para a obtenção dos veículos para a ação e fuga.>
O Fiat Pulse usado no dia do crime, por exemplo, foi trazido de Minas Gerais por Laudevino. Já o Fiat Argo usado na fuga, segundo a investigação, teria sido alugado por Eferson em Teixeira de Freitas, na Bahia. Carro que também foi utilizado por Eferson e Bruno Nunes para ir à Paraíba buscar Arthur Neves, e levá-lo até Vila Velha, descreve a denúncia.>
O plano inicial era que Eferson fosse o motorista no dia do crime, mas ele desistiu. “Embora não tenha assim agido, também concorreu para o crime, pois, em unidade de desígnios com os demais, reservou um apartamento para que ele próprio e o executor se hospedassem em Vila Velha”, relata a denúncia.>
Foi apontado que eles permaneceram 15 dias no local onde teriam planejado o crime. >
O motorista do veículo usado no crime acabou sendo Arthur Laudevino Candeas Luppi. Ele levou o atirador, Arthur Neves de Barros até o local do crime e lá, esperaram por duas horas até a saída da vítima. >
O empresário foi morto no dia 9 de junho, ao sair da empresa Globalsys, fundada por ele. Na ocasião, uma câmera de segurança flagrou o momento em que suspeitos em um carro dispararam uma única vez, na nuca de Wallace, e fugiram. O motorista do veículo usado no crime foi o primeiro a ser preso: Arthur Laudevino Candeas Luppi foi capturado em Minas Gerais, no dia 17 de junho.>
Dois dias depois, mais uma prisão: Arthur Neves de Barros, de 35 anos, suspeito de ser o atirador, foi capturado em Sumé, na Paraíba. No dia 23 de junho, Eferson Ferreira Alves, apontado como intermediário, foi até a Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, acompanhado de um advogado, e se entregou. >
No dia 12 de julho, o diretor financeiro da Globalsys, fundada por Wallace, foi preso. Bruno Valadares de Almeida, de 39 anos, estava em casa, no bairro Jardim Colorado, em Vila Velha. No local foram apreendidos notebook, celular, joias, dinheiro e duas armas.>
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