Publicado em 17 de novembro de 2020 às 20:35
A disputa pela Prefeitura de Vitória no 1º turno foi marcada por uma escalada de tensão e de troca de ataques, em especial entre os candidatos Lorenzo Pazolini (Republicanos) e Fabrício Gandini (Cidadania), apoiado pelo prefeito Luciano Rezende (Cidadania) e que acabou ficando na terceira colocação, por uma pequena diferença de votos. >
O embate deu lugar a um novo duelo no 2º turno, disputado entre Pazolini e João Coser (PT), no curto período de 13 dias. O petista, que foi poupado no 1º turno e optou por uma campanha mais leve e propositiva, sem participar da guerra particular travada entre os dois deputados estaduais, agora, junto com o PT, pode virar alvo de ataques mais pesados do lado adversário. >
As características ideológicas de cada candidatura vão ter maior peso nesta segunda etapa da eleição, como já tem ficado demonstrado por apoiadores nas redes sociais. E assim como o petismo será associado a Coser e seu projeto de governo, o bolsonarismo e o conservadorismo já estão sendo relacionados ao projeto de Pazolini.>
Ainda nas primeiras horas de ressaca eleitoral, nesta segunda-feira (16), já começaram as costuras para definir quem apoia quem. Neuzinha (PSDB), 6ª colocada no pleito, já fechou com Pazolini, o que não chega a surpreender. >
>
A vereadora de Vitória participou de articulações junto com o grupo do Republicanos desde a pré-campanha, e foi inclusive convidada pelo delegado para ser vice, mas optou pela candidatura própria. >
Capitão Assumção (Patriota) e Halpher Luiggi (PL) também são nomes que, se apoiarem alguém, devem caminhar com Pazolini, por terem perfil à direita, e cujos discursos seriam incompatíveis com uma aliança com o PT. >
No caso do PL, embora não haja dificuldade na aliança, a dúvida é se o apoio oficial do partido de Magno Malta poderia mais atrapalhar do que ajudar Pazolini, dada a rejeição por parte dos eleitores ao ex-senador. "No 1º turno, o PL tinha candidato, então Pazolini tinha um escudo sobre esta aliança. Agora, essa defesa acabou. Se o PL entender que ajuda, vamos juntos. Se entender que atrapalha, ficamos neutros", revelou uma liderança do próprio PL. >
Em 2018, quando foi eleito deputado, Pazolini subiu diversas vezes no trio elétrico de Magno.>
Mazinho (PSD), pessoalmente, decidiu que vai ficar neutro, mas o PSD decidiu fechar apoio a Pazolini. "Tendo em vista as críticas e apontamentos que fiz no 1º turno, vou tomar a posição de neutralidade. O eleitor de Vitória tem capacidade crítica alta e vai saber decidir bem quem será o prefeito da cidade", disse. Da mesma forma decidiu Coronel Nylton (Novo), por avaliar não ter afinidade com nenhum dos dois projetos, e que eles utilizam o fundo eleitoral.>
Já João Coser pode contar com um apoio de peso: o do governador Renato Casagrande (PSB). Nesta terça-feira (17), ele foi ao Palácio Anchieta, para se reunir com o chefe do Executivo estadual. Após votar, no domingo, o governador não descartou participar de alguns palanques de aliados no 2º turno.>
E, no caso de Vitória, vale lembrar que Pazolini é notório opositor do governador na Assembleia Legislativa. Ele também pertence ao grupo político do deputado federal Amaro Neto e do presidente da Assembleia, Erick Musso, ambos do Republicanos. Casagrande não apoiou explicitamente nenhum candidato no 1º turno na Capital, pois havia três nomes com afinidade política com ele concorrendo. >
Um deles, Sérgio Sá, que é do partido do governador, terminou o pleito na 7ª posição e, de acordo com um dirigente partidário, deve seguir com Coser, como mostrou a coluna Vitor Vogas. Junto com Sá, devem ir junto pelo menos alguns partidos de sua coligação, como Rede (mais alinhado à esquerda) e PP (partido da base de Casagrande). "Estamos tentando conversar em bloco e talvez tenha um posicionamento meu. Há uma sinergia entre todos", afirmou o atual vice-prefeito de Vitória. >
Na sessão desta segunda, na Assembleia Legislativa, o pai dele, deputado José Esmeraldo (MDB), comentou sobre o resultado do pleito. "Em Vitória, saímos de uma eleição difícil, mas conseguimos atingir nossos objetivos. Aquilo que queríamos que fosse para o segundo turno foi. Se nós não tivéssemos coragem para falar aquilo que foi dito através dos nossos vídeos, com certeza hoje haveria uma modificação naqueles que estão em primeiro e segundo lugar.">
O PCdoB, que teve como candidato Namy Chequer, decidiu nesta terça manifestar apoio e pedir votos para a candidatura de Coser. "A opção do PCdoB decorre do fato de a candidatura petista estar situada em nosso campo político, democrático e popular. Convocamos a militância para uma campanha a fim de derrotar as forças ligadas ao bolsonarismo, que hoje estão incorporadas à candidatura do delegado Pazolini", afirmou a sigla, por nota.>
O PSOL, que teve a candidatura de Gilbertinho Campos a prefeito, bateu o martelo nesta quarta-feira (18), e também declarou apoio a Coser. Em nota, o partido destacou que "o objetivo é derrotar nas urnas o neofascismo e o ultraneoliberalismo. E ressalta que esse apoio não significa qualquer negociação de vagas, cargos ou apoio ao possível mandato da administração municipal do PT".>
Terceiro colocado, com 1.201 votos a menos do que de Coser, Gandini também pode ter um importante papel na campanha de 2º turno, caso opte por não ficar neutro.>
O candidato do Cidadania pode tentar transferir seu capital político, que lhe rendeu 36,1 mil votos. Devido à rivalidade com Pazolini, o único apoio possível no momento seria a Coser, que também tem com ele o ponto em comum de serem aliados do governo Casagrande. Resta verificar se os eleitores de Gandini estão dispostos a migrar para o candidato do PT.>
A derrota de Gandini no 1º turno pode ter sido atribuída ao excesso de disparo de críticas e à agressividade da campanha, para aliados dele ouvidos por A Gazeta. "A reação de Gandini foi considerada mais violenta do que as críticas do Pazolini. Isso pode ter sido entendido como um sintoma de quem não aceita críticas. A tentativa de relacioná-lo com Gratz também soou como excessiva, incompatível com a realidade", disse um correligionário.>
Outro fator que interferiu foi a associação à gestão de Luciano, que não está com índices de aprovação tão expressivos. Pela última pesquisa Ibope, 35% avaliaram a gestão como boa ou ótima. >
Agora, para o 2º turno, algumas forças políticas devem cobrar um posicionamento explícito de Gandini e Luciano, inclusive como forma de retribuir o que foi feito nas eleições de 2016, quando o prefeito foi reeleito com um resultado muito apertado. >
"Luciano montou uma frente única no 2º turno para derrotar Amaro Neto. Agora, fica com essa dívida: como vai ficar de fora, contra um candidato de mesmo perfil, que ele mesmo classificava como 'ameaça'? Vão preferir submeter a cidade ao candidato do Amaro? Fica incoerente não haver um envolvimento para apoiar Coser", afirma um analista político. >
Até o momento, Gandini se manifestou apenas por nota, desejando "boa sorte aos candidatos", não aceitou dar entrevistas e nem anunciou seu posicionamento. Luciano Rezende também não atendeu a reportagem.>
Embora a discussão sobre petismo e bolsonarismo possa aparecer de forma mais expressa nas campanhas de Pazolini e Coser no 2º turno, os dois candidatos têm sinalizado que não pretendem realizar uma campanha agressiva como foi a do 1º turno e nem desejam explorar a polarização ideológica.>
Pazolini, até o momento, não se associa de forma aberta à figura do presidente, embora isso esteja sendo feito por críticos à candidatura dele. Questionado sobre o tema nesta segunda-feira, Pazolini disse ter "postura de independência".>
"Meu trabalho o Espírito Santo conhece. É um trabalho de mais de 15 anos. Sou independente, tenho minha linha de atuação e sempre vou fazer o que eu acredito. Meu compromisso é com o morador de Vitória e do Espírito Santo", disse. O deputado declarou ainda que a estratégia de campanha sempre foi "debater a cidade de Vitória de maneira propositiva e cordial" e que "vai para o diálogo.">
No ano passado, Pazolini homenageou a ministra da Mulher do governo Bolsonaro, Damares Alves. >
Coser também afirmou que não pretende focar a nacionalização do debate, mas acredita que ela é natural no 2º turno. "São projetos antagônicos, com perfis diferentes, e a população terá a oportunidade de escolher. Agora, os projetos serão comparados, teremos confronto de ideias. A minha história é de 40 anos na política, tive aliança de 7 partidos no primeiro mandato e 14 no segundo. Estamos dispostos a incorporar ideias como programa de governo", declarou. >
O petista disse ainda que não pretende realizar ataques. "O mundo está tão machucado. Não tem ambiente para mentira, para brigas. Na campanha, quis mostrar minha experiência e, principalmente, o que tenho condições de fazer por Vitória, pelos bairros populares. Meu objetivo é cuidar das pessoas. Estou a fim de paz. Não me interessa a vida pregressa do candidato, temos que debater o agora", disse.>
O 2º segundo turno das eleições está marcado para o domingo do dia 29 de novembro, e também vai ocorrer nas cidades de Vila Velha, Serra e Cariacica. >
A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão relativa ao segundo turno, para a Capital e para Vila Velha, retorna na próxima sexta-feira (20) e vai até o dia 27 de novembro. Cada candidato terá o mesmo tempo, de 5 minutos.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta