Sete escolas disputam vaga na elite do Carnaval de Vitória

Sete escolas de samba do Grupo de Acesso A do Carnaval de Vitória entraram no Sambão do Povo em busca de uma vaga para desfilar na elite no próximo ano. A estreia do primeiro dia de desfiles começou às 22h07 de sexta-feira (21), com a apresentação da Rosas de Ouro. O encerramento ficou com o Pega no Samba, que fechou a apresentação às 6h48 deste sábado (22). A agremiação campeã garante acesso ao Grupo Especial do carnaval capixaba em 2026. Já a que ficar com a menor pontuação após a apuração das notas dos jurados, na próxima quarta-feira (26), será rebaixada para o Grupo B.

O primeiro dia de desfiles foi marcado por algumas presenças ilustres, como a cantora Gretchen, que, aos 65 anos, pela primeira vez se apresentou por uma escola de samba, saindo como Rainha de Bateria da Independente de Eucalipto. Já a Império de Fátima contou com o bailarino e coreógrafo Carlinhos de Jesus, destaque no segundo carro alegórico da agremiação. Confira a seguir o resumo de cada escola.

O Pega no Samba encerrou o primeiro dia de desfiles no Sambão apresentando o enredo "Pembelê, Sereias de Zambi", uma homenagem às sereias do folclore africano. Após um ano desafiador em 2024, quando foi rebaixada para o Grupo de Acesso A, a agremiação entrou na avenida determinada a voltar ao Grupo Especial.

Com um enredo que buscou resgatar a verdadeira história das sereias, escola trouxe vários elementos e fantasias que remeteram ao mar, com o objetivo de romper com a imagem europeia difundida ao longo dos séculos e trazer para a avenida uma representação realista da história.

A escola de Vila Velha foi a sexta a entrar na avenida, levando o enredo "Tenta a sorte! Só ganha quem se arrisca a jogar", uma homenagem à Era do Ouro dos jogos no Brasil e aos 50 anos da agremiação.

O enredo da Independentes de São Torquato explorou o impacto dos jogos de azar na economia, no turismo e na cultura popular brasileira, destacando a emoção da sorte e do ganhar.  Porém, a escola enfrentou problemas no carro abre-alas, que não conseguiu entrar na avenida. 

Quinta a desfilar, a Andaraí apresentou o enredo "Mercado da Capixaba – A folia verde e rosa exalta sua tradição!", uma homenagem ao Mercado da Capixaba. A escola exaltou a memória e cultura local, destacando a importância do espaço na história de Vitória. O início do desfile foi marcado por um momento de tensão, com a dificuldade para a entrada do carro abre-alas na avenida. Apesar de o problema ter sido contornado, a agremiação completou a apresentação em 56 minutos e 35 segundos, extrapolando o limite estabelecido de 55 minutos.

O desfile foi dividido em cinco alas, cada uma contando uma parte da história do mercado, desde sua construção até a reconstrução após o incêndio. A agremiação contou como intérprete oficial com Emerson Dias, que já atuou ao lado de Quinho, no Acadêmicos do Salgueiro, uma das principais escolas de samba do Rio de Janeiro.

O diretor de Carnaval da Andaraí, Thiago Nunes, avaliou o desfile como positivo, apesar de a agremiação ter excedido o tempo. "Fizemos um desfile perfeito, a bateria foi sensacional. Tivemos um desajuste no tripé. Sobre o tempo, houve um problema no carro, mas vamos entrar com recurso", afirma.

A Independente de Eucalipto foi a quarta a desfilar, apresentando o enredo "Vem da cidade das águas, a delícia mundial", uma homenagem ao município de Linhares. A escola mostrou belezas escondidas no Espírito Santo, destacando a riqueza cultural e natural do Estado. Ao todo, a agremiação levou 56 minutos e 51 segundos para cruzar a avenida, extrapolando o tempo máximo de 55 minutos.

Para promover uma representatividade na avenida, a agremiação convidou personalidades locais para desfilar no Sambão do Povo. Além disso, teve uma grande novidade, a presença de Gretchen como rainha de bateria, marcando a estreia da artista nacional nesse posto, aos 65 anos. "Queria mostrar que a mulher de 65 anos pode tudo. Fazer o que ela quer e onde quiser. Estamos valorizando a mulher madura", disse, destacando ainda que pode voltar a desfilar no carnaval capixaba em 2026, desta vez com um destaque ainda maior. 

"Espero que eu possa trazer visibilidade para o Carnaval de Vitória. É uma festa maravilhosa. E já soube que há o interesse de a escola fazer, no ano que vem, um enredo contando a minha história", revelou, em entrevista à TV Gazeta.

Na comissão de frente, o destaque foram acrobacias realizadas para simbolizar o movimento das águas. Com 960 componentes, a escola se apresentou dividida em 16 alas e dois setores. O primeiro abordou as águas da cidade de forma lúdica, enquanto o segundo setor retratou o crescimento do município, com foco no cacau.

A Mocidade da Praia foi a terceira escola a entrar na avenida, com o enredo "Alex do Espírito Santo", uma homenagem ao músico capixaba Alexandre Lima, falecido em março de 2024. Como vocalista da banda Manimal, diversas atividades artísticas e secretário de Cultura de Vitória, Alex deixou um legado no meio cultural capixaba.

Para trabalhar o enredo, o carnavalesco Anclébio Júnior mergulhou em entrevistas antigas do artista, buscando capturar sua essência. Com mil componentes divididos em 17 alas, a escola fez um desfile com cinco alegorias: três carros, um tripé e um elemento na comissão de frente. Nas alas, trouxe representações de composições musicais do cantor, como Na Puxada de Rede e Água de Benzer, e também de bandas que fizeram sucesso no cenário cultural capixaba nos anos 2000. Familiares, amigos e parceiros musicais participaram da homenagem ao cantor.

Segunda a desfilar, com o enredo "Arte Popular da Corte Imperial", a Império de Fátima trouxe as manifestações culturais brasileiras, como maracatu, folia de reis, frevo, arte circense e carnaval. A escola prestou uma homenagem ao povo e ao artista, destacando a riqueza da cultura nacional. 

A agremiação organizou o desfile em quatro setores. Iniciando com a arte circense, seguindo para manifestações culturais ligadas à fé e se despedindo da avenida com um festejo ao carnaval. Nesse desfecho, o grande destaque foi o bailarino e coreógrafo Carlinhos de Jesus, que veio como destaque no segundo carro alegórico da agremiação, que representava Rei Momo na corte imperial.

"Não podia deixar de vir, pelo tema, sobre as festas populares. Vim representando um dos segmentos das artes brasileiras que é a bossa. Mas acabei me empolgando e saí do personagem, sendo o próprio Carlinhos de Jesus (risos). Já havia desfilado aqui, mas desde 2011 não participava do Carnaval de Vitória. E esse foi o meu primeiro dia e o meu último dia de carnaval. Porque não vou desfilar mais. Vou ficar como comentarista na CBN, chupando bala com papel", brincou Carlinhos de Jesus, em entrevista à TV Gazeta. 

A abertura do primeiro dia de desfiles foi conduzida pela Rosas de Ouro. Campeã do Grupo B em 2024, a escola entrou na avenida apresentando o enredo “No horizonte eu te vejo - Casarão”, em homenagem ao Sítio Histórico de Carapina. O local abrigou uma ocupação indígena e foi uma antiga fazenda de plantio de cana-de-açúcar.

A azul e dourado contou com oitocentos componentes, dezessete alas e cinco alegorias. Vinícius Couti e Mariana Calazans foram o 1° casal de mestre-sala e porta-bandeira, com a fantasia “Os Campos Dourados da História”. A escola apresentou dois carros alegóricos, um deles com a reprodução do Casarão de Carapina, e dois tripés, que abordaram o respeito aos povos originários das terras do Espírito Santo e o movimento de produção do engenho de cana-de-açúcar.