Publicado em 31 de dezembro de 2020 às 15:32
No final de 2019, o mundo foi surpreendido com o surgimento de uma pneumonia misteriosa, que estava afetando pessoas na cidade chinesa de Wuhan, na província de Hubei. No último dia daquele ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu o primeiro alerta sobre a doença que mais tarde recebeu o nome de Covid-19 e que rapidamente se espalhou pelo mundo, tirando a vida de milhões de pessoas, impactando os sistemas de saúde e a economia de estados e países. >
Um ano depois o Espírito Santo já registrou quase 250 mil casos confirmados da doença e mais de 5 mil pessoas perderam a vida para a doença. Embora alguns países já tenham iniciado a vacinação contra a Covid-19, ela ainda não está disponível no Brasil, e a única alternativa para evitar o contágio, por enquanto, tem sido os cuidados sanitários: uso de máscara, higienização das mãos e distanciamento social.>
Confira abaixo um pouco das acontecimentos mais marcantes no Espírito Santo e no mundo: >
Segundo o jornal "South China Morning Post", de Hong Kong, o primeiro caso da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SRA-CoV-2), pode ter ocorrido no dia 17 de novembro do ano passado. A reportagem se baseia em dados do governo. Foi na província de Hubei, foco do surto, que uma pessoa de 55 anos teria contraído a doença.>
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Declarações oficiais do governo chinês à Organização Mundial da Saúde (OMS) informam 8 de dezembro como a data em que surgiram os primeiros casos com sintomas da doença que mais tarde foram diagnosticados com Covid-19. No dia 30, a Comissão Municipal de Saúde de Wuhan, capital de Hubei, notifica os hospitais locais sobre uma pneumonia de causa desconhecida e pede que eles informem casos com sintomas semelhantes observados na semana anterior. >
No dia 31 de dezembro, a OMS emite o primeiro alerta da doença após autoridades chinesas notificarem casos de uma misteriosa pneumonia na cidade de Wuhan. No mundo as máscaras são incorporadas ao vestuário da população.>
No início do mês, o Laboratório de Xangai detecta um coronavírus similar à Sars (Síndrome respiratória aguda grave). A OMS relata que as autoridades chinesas determinaram que o surto é causado por um novo coronavírus e é confirmada a transmissão do vírus de pessoa para pessoa. >
A cidade de Wuhan é colocada em quarentena. Pelo menos 17 pessoas haviam morrido nesta data, segundo o governo chinês, e mais de 570 casos haviam sido identificados, dentro e fora da China. A OMS declara o surto como uma emergência internacional de saúde. >
Neste mês, foi ainda registrado o primeiro caso da doença fora da China. Tratava-se de uma pessoa que havia viajado de Wuhan para a Tailândia. Logo em seguida outro caso é identificado nos Estados Unidos, de um viajante que retornava da mesma cidade chinesa. No dia 11, foi registrada a primeira morte pelo vírus: um homem de 61 anos faleceu em Wuhan. >
Impacto no ES >
Muito antes das medidas restritivas começarem a ser adotadas no Espírito Santo, ou até mesmo do registro dos primeiros casos, a economia capixaba já sentia os impactos dos desdobramentos causados pelo novo coronavírus, como relata Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). >
Ele explica que o Espírito Santo é um dos estados com maior grau de abertura econômica - relação exportação-importação. E tem como principais parceiros econômicos a China, os Estados Unidos e a Europa, os três epicentros da Covid naquele momento. Não sofremos impactos em dezembro, mas no decorrer das medidas restritivas impostas naqueles países, a nossa balança comercial foi impactada, relata.>
A primeira morte fora da China é confirmada. Tratava-se de um homem de 44 anos que morreu nas Filipinas. No dia 3, o Brasil declara Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN). Chegam ao país os 34 brasileiros repatriados que viviam na cidade chinesa de Wuhan. >
No dia 11, a doença causada pelo novo coronavírus é batizada de Covid-19 (Coronavirus Disease 2019). O nome, segundo a OMS, foi escolhido para evitar imprecisões e estigmas e, portanto, não se referia a uma localização geográfica, um animal, um indivíduo ou grupo de pessoas. >
No dia 26, o primeiro caso de Covid-19 é confirmado no Brasil, em São Paulo. O homem de 61 anos tinha viajado para a Itália. O segundo caso foi confirmado em 29 de fevereiro. O paciente, um morador de São Paulo de 32 anos, também tinha acabado de chegar da Itália. Foi ainda um mês crítico de disseminação do coronavírus pelo mundo: na Europa, os números cresceram e a Itália se tornou o país mais afetado.>
Caso confirmado no ES >
A informação correta do Painel Covid-19 é de que o primeiro caso confirmado de coronavírus no Espírito Santo foi no dia 26 de fevereiro, a quarta-feira de Cinzas, de uma mulher de Vila Velha que havia retornado de viagem para a Itália, onde contraiu o vírus, no dia 20 do mesmo mês. Mas chegou a ser cogitada a existência de um caso no dia 15 de fevereiro.>
No dia 11, a OMS reconhece que há uma pandemia do novo coronavírus. Na data, haviam sido registrados 118 mil casos, em 114 países, com 4.291 mortes. No dia seguinte ocorre a primeira morte por coronavírus no Brasil. A paciente, uma mulher de 57 anos, havia sido internada em um hospital de São Paulo no dia anterior. >
O Ministério da Saúde só confirmou que essa foi a primeira morte causada pela Covid-19 em território brasileiro meses depois, em 28 de junho. Até então, acreditava-se que o primeiro óbito causado pela doença no Brasil tinha ocorrido em 16 de março, também em São Paulo. >
Donald Trump, presidente dos EUA, declara emergência nacional no país. O Ministério da Saúde do Brasil declarou reconhecimento de transmissão comunitária. Já os italianos passaram a viver no epicentro da doença: até o fim daquele mês, mais de 10 mil mortes tinham sido confirmadas.>
Restrições no ES >
No dia 17, o governador Renato Casagrande anuncia a suspensão das aulas presenciais nas redes pública e privada de ensino. O número de infectados chegava a oito, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).>
As restrições também atingiram atividades econômicas não essenciais, houve proibição de eventos festivos e redução de voos. Antes de se chegar ao estágio comunitário, foi necessário adotar medidas não farmacológicas para ampliar o distanciamento. Nossa taxa de transmissão era de 3,4, com dez pessoas contagiando outras 34. O percentual de recuperados da doença, que ajudariam a bloquear o contágio, era mínimo. As medidas adotadas, por necessidade, impactaram a nossa economia, relata Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). >
O Fundo Monetário Internacional alerta que a economia global terá seu pior ano desde a Grande Depressão de 1929. Segundo o Ministério da Economia, o país fechou 1,1 milhão de vagas de emprego entre março e abril. A expectativa para muitas famílias passou a ser o auxílio emergencial de R$ 600, lançado em abril pelo governo federal.>
Em paralelo, a crise no Ministério da Saúde com o presidente Jair Bolsonaro se agrava e a exoneração do então ministro Henrique Mandetta é anunciada. No lugar, foi nomeado Nelson Teich, que também foi exonerado um mês depois.>
Em maio, a Universidade de Oxford inicia testes de uma vacina contra Covid-19 em grande escala. E a cidade chinesa epicentro da pandemia, Wuhan, sai do lockdown.>
Ampliação de leitos no ES >
O registro da primeira morte por coronavírus no Estado é de 1º de abril. E com o crescimento exponencial da doença, o governo do Espírito Santo começa um programa de expansão da capacidade hospitalar na rede pública. A preocupação é com a garantia de leitos de UTI, além do atendimento oferecido em enfermarias. Os hospitais já contavam com 70% de ocupação de suas UTIs.>
No mesmo período, se acentua a disputa pela compra de respiradores para garantir o oferecimento de leitos de UTI. Gestora do Hospital Dr. Jayme dos Santos Neves, na Serra, recorre à Justiça para garantir a entrega dos equipamentos, que chegam ao Estado escoltados pela polícia.>
No final de abril, o governo estadual começa a divulgar o Mapa de Risco das cidades capixabas, definido a partir de alguns critérios, como: a taxa de letalidade do novo coronavírus, o índice de isolamento dos moradores, a quantidade de idosos em cada município, além da a taxa de ocupação dos leitos de UTI e o coeficiente de incidência (proporção de contaminados em relação à população). Juntos definem se uma cidade está em risco baixo, moderado, alto ou extremo de transmissão do novo coronavírus.>
Em maio, os estados do Pará e do Amazonas enfrentam o colapso em seus sistemas de saúde com o aumento de internações e mortes causadas pela Covid-19, situação que nas semanas seguintes passa a ser enfrentada por outros estados. Foi o mês ainda em que o Brasil ultrapassou a China com mais mortes pela doença. Em 9 de maio, o país alcança a marca de 10 mil mortos.>
A discussão sobre o uso da cloroquina se intensifica e é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, mesmo sem a comprovação científica. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso deste tipo de medicamento causa mais efeitos colaterais do que benefícios. A entidade recomenda que o uso seja restrito a ensaios clínicos.>
No início de junho, algumas cidades brasileiras começam a flexibilizar as medidas restritivas, apesar da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) recomendar cautela. No mesmo período, brasileiros começam a testar a vacina da Universidade de Oxford, na Inglaterra. >
Começa a crise nos relatórios governamentais, que decide promover mudanças nos dados estatítiscos. Veículos de imprensa se reúnem e passam a divulgar os dados da pandemia.>
Pico de transmissão no ES >
No Estado, hospitais públicos foram destinados ao tratamento exclusivo da Covid-19, com a suspensão de tratamentos, consultas e cirurgias eletivas. Chegamos a 1.500 leitos na rede pública para tratamento de pacientes com a Covid. Não houve falta de leitos. Mas o aumento de casos e as medidas restritivas geraram impactos na economia, explica Pablo Lira.>
Houve também uma pressão grande junto ao governo para a construção de hospitais de campanha, semelhante ao que ocorria em outros estados. Mas a nossa opção foi por investir na rede pública, criando novos leitos. O que foi uma boa estratégia, que deixou um legado para a saúde pública do Estado, acrescenta Pablo.>
Em maio, o governo lançou o Painel Covid-19, ferramenta da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) com dados estatísticos da doença, além de informações sobre isolamento social, leitos de UTI, dentre outras. Em junho, o Estado começou a ampliar a testagem para a doença, com agentes de saúde indo nas casas.>
Em julho, os EUA enviam carta à OMS anunciando a saída do país da organização. O presidente Jair Bolsonaro testa positivo para a Covid-19. Ainda neste mês, teste de uma vacina contra a Covid-19, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, começa a ser feito no Brasil.>
Em agosto, o Brasil alcança os 100 mil mortos pela Covid-19. No mundo, começam os testes com outras vacinas, como a da AstraZeneca, Coronavac, Johnson & Johnsonss e Sputnik V.>
Já em setembro, a segunda onda da doença alcança a Europa, com o aumento do número de casos e de mortes. No Brasil, o general do Exército Eduardo Pazuello, que comandava o Ministério da Saúde interinamente, assumiu a pasta de forma oficial.>
Queda de casos no ES>
A partir de agosto, o Espírito Santo começa a registrar uma queda no número de casos confirmados da doença e ainda de óbitos. >
Com o passar do tempo, assinala Pablo Lira, o tratamento da doença evoluiu. Os profissionais de saúde aprenderam com a doença. Isto, aliado a evolução dos tratamentos, com a criação de mais leitos, e ainda das medidas restritivas, permitiu a preservação de mais vidas preservando vida, explica. >
O governo estadual começou a liberar algumas medidas restritivas, permitindo a retomada de algumas atividades econômicas. Começamos a observar o crescimento do comércio, dos serviços. O PIB do 3º trimestre (10,3), em comparação com o do 2º semestre, apresentou crescimento maior do que a média brasileira (7,7), o que indica que estamos apresentando recuperação econômica, explica.>
Enquanto o país registrava uma queda no número de casos e de mortes, aumentam as discussões em torno da vacina contra a doença. Em novembro, logo após vários períodos de feriados e as eleições, o Brasil volta a registra um crescimento no número de casos e mortes pela doença. >
O ano chega ao fim com a informação de que o Brasil irá comprar vacinas, mas sem que a Anvisa tenha autorizado nenhum dos imunizantes já disponíveis no mercado internacional. >
Países como Inglaterra, Rússia e EUA já iniciaram as suas campanhas. No Brasil foi liberado apenas o plano de vacinação que prevê quatro etapas e produção de imunizantes em território nacional. Além disso, motivados pelo aumento de casos, os estados voltam a traçar estratégias de isolamento social. >
Em paralelo, ganham destaque as informações sobre as novas mutações do coronavírus. O assunto já vinha sendo discutido desde setembro e alguns países chegaram a promover a matança de milhares de animais, como o vison, para evitar que algumas variantes do vírus se espalhassem.>
Segunda fase da pandemia no ES>
A partir de outubro, logo após uma sequência de feriados e das eleições, o número de casos e mortes da doença, que chegou ao menor patamar em outubro (293 mortes no mês), volta a apresentar crescimento. Em novembro, foram registradas 458 óbitos e em dezembro já chegamos a 706. O Estado chegou nesta terça-feira (29) aos 5.031 mortos pela doença.>
Segundo Pablo Lira, o segundo pico da pandemia não tem sido tão intenso quanto foi a primeira fase. Há um avanço nas atividades econômicas, principalmente nos ambientes em que é possível fazer a prevenção da transmissão da doença com uso da máscara, distanciamento físico e higienização das mãos. >
Porém, segundo Lira, há segmentos que não são tão propícios ao controle das medidas sanitárias, como bares, restaurantes e ambientes festivos. Principalmente nesta fase de final do ano, período de comemorações, quando é importante redobrar os cuidados, assinala.>
A preocupação com o aumento dos casos levou o governo estadual a suspender a realização de festas públicas, como as tradicionais queimas de fogos, e eventos de final de ano. O objetivo é evitar a aglomeração para tentar evitar um aumento do número de casos da doença.>
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