Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 05:30
Assim como um vírus da gripe normal, o agente da Covid-19 também sofre mutações. Por conta de uma nova variante do coronavírus, o Reino Unido decretou novo lockdown neste sábado (19), países da Europa como Bélgica, Holanda e França já suspenderam a entrada de voos e trens britânicos e mais restrições devem ser feitas em outros países do mundo ao longo desta semana.>
Isso tudo acontece porque, segundo especialistas, esta nova cepa do coronavírus possui um maior poder de infecção. Estima-se que a variante do vírus seja 70% mais transmissível e está se tornando a cepa dominante entre os casos da doença na Inglaterra.>
A mutação no vírus, porém, não é inédita. O infectologista Lauro Ferreira afirmou que a mudança em um componente do coronavírus também foi o que causou o surto de Covid-19 em Nova York, nos Estados Unidos, no mês de abril, tornando também a doença mais transmissível. Isso porque essa variante afeta uma proteína da espícula (estrutura), que serve de entrada do vírus nas células humanas.>
"Aconteceu naquele surto de Nova York uma situação parecida. Lá, foi na posição 614 do vírus e que, na época, explicava a explosão de casos na cidade. Foi uma mutação que deu mais infectividade ao vírus naquele momento. Agora, é uma mutação na posição 501, e o que se sabe até agora é que essa variante do vírus é mais infecciosa. Não necessariamente há mais mortalidade ou gravidade quando há infecção, mas é uma mutação na proteína que serve de entrada do vírus nas células receptoras e que daria ao vírus mais capacidade de ser transmitido", explicou.>
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Uma grande preocupação em relação à mutação do vírus é se a alteração comprometeria a eficácia da vacina no combate à nova variante da doença. Lauro considera, porém, que as vacinas são elaboradas para que sejam produzidos anticorpos justamente contra a proteína modificada pela nova cepa, o que, a princípio, garante a proteção.>
"Sempre tem preocupação em relação a vacina. A princípio, as vacinas são desenhadas para fazer anticorpos contra a proteína espícula e não há, neste momento, a informação ou qualquer tipo de preocupação que isso afete a possível efetividade das vacinas", pontuou o infectologista.>
A efetividade das vacinas mesmo com a nova cepa do vírus, inclusive, é defendida pela comunidade médica internacional. Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegaram a conclusão de que as vacinas que estão sendo desenvolvidas contra o coronavírus são eficazes contra a nova variante.>
Lauro Ferreira afirma ainda que mais mutações podem ser esperadas, até porque é um comportamento esperado entre doenças deste tipo. Ele destacou, porém, que o coronavírus é menos mutável que o vírus da gripe normal, que é mais instável, por exemplo.>
"O novo coronavírus tem menos capacidade mutacional. Essas mutações que têm sido relatadas possivelmente tornam o vírus mais infectantes, quer dizer, quando a epidemia começou na China, a chance de transmissão dentro da mesma casa era de 10% e hoje sabemos que é bem maior do que isso. E provavelmente, isso se deve às mutações virais que aconteceram desde a origem do vírus, na China", finalizou. >
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