Publicado em 11 de abril de 2020 às 06:00
A pandemia da Covid-19 e as medidas de isolamento social necessárias para conter a propagação do seu transmissor, o coronavírus, está causando um impacto devastador na economia. Esse choque está afetando negócios dos mais diferentes setores, com efeitos catastróficos para boa parte deles. Porém, em muitos casos, já é possível vislumbrar reflexos positivos. >
Da crise causada pelo vírus, começam a nascer também grandes oportunidades, com algumas atividades ficando mais aquecidas diante da demanda maior neste momento de confinamento ou mesmo depois, quando a vida começar a voltar ao normal. São negócios que, segundo especialistas, têm um grande potencial de expansão, contratação e realização de investimentos no curto e médio prazo.>
Do outro lado, há ainda os empresários que estão sofrendo mais severamente com a perda de receita e já se mexem para buscar alternativas que voltem a gerar caixa. Uma necessidade de reinvenção urgente para tentar passar pelo pior momento da crise com, pelo menos, o mínimo de perdas possíveis. Ou seja, de qualquer jeito os negócios terão um choque que vai fazer tudo se transformar. >
Algumas atividades já viram mudar a demanda e precisam correr para dar conta. A maior procura já é vista nos segmentos de entregas/delivery, tecnologia da informação e assistência técnica, educação à distância, supermercados, produção de celulose e papel e em toda a área da saúde, desde planos e hospitais privados à telemedicina, novidade que deve ganhar mais força no país. >
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Essa é uma expectativa do médico Flavio Lanes, fundador e presidente da empresa capixaba Telelaudo, que emite análise de exames como raio-X e ressonância magnética para hospitais em todo o país. A telemedicina como um todo fica evidenciada em um momento como esse e devemos ampliar essa ferramenta a partir dessa pandemia.>
Ele conta que com a maior procura a hospitais, já tem visto um aumento no movimento da demanda da empresa, sobretudo relacionada a tomografias. >
Por um lado tem muitas clínicas eletivas fechadas. Mas por outro há um aumento significativo na demanda de hospitais, por tomografias computadorizadas de pulmão, que não servem para diagnosticar a doença, mas é um recurso mais comum que o teste laboratorial e que já dá um indicativo quando diagnosticamos pneumonia com aspecto viral fortemente sugestivo de Covid-19, disse o médico.>
Comércio durante a pandemia de coronavírus
Planos de saúde e hospitais privados estão tendo que aumentar as equipes para dar conta da demanda maior. No Brasil, plataformas de recrutamento e seleção como o Catho registraram um pico de oferta de empregos para médicos e enfermeiros nos últimos dias.>
No Espírito Santo, esse é o caso por exemplo do Vitória Apart Hospital, que reforçou a equipe de médicos e profissionais da saúde do pronto-socorro como forma de trazer mais conforto, dar segurança e mais agilidade aos atendimentos, informou. Na unidade, há inclusive uma equipe clínica com especialistas na área de infectologia que foram contratados especialmente para atender aos pacientes com sintomas gripais.>
Outro setor que está vivendo um pico de demanda é o da tecnologia. Com a necessidade das pessoas trabalharem em casa, empresas de TI e de assistência técnica de informática precisaram ser contratadas para criar ferramentas e oferecer suporte de forma a viabilizar o home office, necessidade vista de perto por Domingos Gonçalves, sócio da Venko IT Soluções em Tecnologia.>
As empresas não tinham estrutura para que fosse possível permitir o funcionário trabalhar de casa. A partir desse momento houve um pico de solicitações para prepará-las para o home office, tanto quem já era cliente nosso como quem não era. Fora que a forma das empresas fazerem negócio está mudando, como muita gente investindo nas plataformas digitais e para desenvolver o comércio eletrônico, diz.>
Na área de educação, quem já apostava no ensino à distância está se dando bem por não ter que parar e seguir em alta, caminho que vem sendo adotado só agora por alguns cursos de idiomas e faculdades visando a pelo menos reduzir as perdas. O mesmo aconteceu em estabelecimentos comerciais que já adotavam serviços de delivery, incluindo lojas e farmácias, que já estavam prontos para dar conta dos modos de consumo atuais.>
Crise também não tem sido vista nos supermercados, um dos setores mais aquecidos neste momento e que chegou a viver um boom no Estado com pessoas querendo estocar produtos, o que foi amenizado. >
Marcas como o Carrefour, por exemplo, chegaram a anunciar contratações em massa para dar conta do movimento crescente. Pelo país, indústrias de alimentos estão aumentando a produção, tanto pensando no mercado interno quanto no externo.>
Lá fora, a crise mais aguda em que vivem os Estados Unidos e a Europa por causa do pico de casos da doença acompanhada da retomada da economia chinesa trazem oportunidades para empresas capixabas, segundo o secretário de Estado de Desenvolvimento Marcos Kneip.>
A China está retomando suas atividades após seguir com disciplina as regras e deve voltar a demandar commodities que são a base da nossa exportação, como celulose e minério de ferro. Para o Espírito Santo é muito positivo. E no setor de alimentos a gente deve produzir mais mirando esses mercados, analisa.>
Para os negócios que não foram catapultados pela pandemia com o aumento da demanda, é hora de aproveitar o choque para repensar estratégias e ir atrás do cliente em vez de esperá-lo, avalia a gerente de atendimento da regional metropolitana do Sebrae-ES, Adriana Rocha, que pontua a necessidade de reinvenção urgente dos negócios, sobretudo dos micro e pequenos.>
A crise existe, é difícil, e muitos ficam com um desespero tão grande que não conseguem pensar numa saída. Não tem script pronto em um momento como esse, mas tem que se pensar em algo e se agarrar em todas oportunidades que tiver. É o momento oportuno para aflorar a criatividade de cada segmento.>
A dica central para esse momento de reinvenção dos negócios é ter mais presença digital. É o grande aprendizado que fica, da necessidade de estar presente digitalmente agora como um primeiro passo, e depois correr para aprofundar nisso, criando um e-commerce, por exemplo, tendo uma comunicação diferenciada com o cliente, diz a especialista.>
Entre as maneiras de se virar, Adriana cita o exemplo do setor de moda. Como as lojas não estão abrindo e itens de vestuário ficaram encalhados, alguns empresários e costureiras optaram por produzir máscaras de pano estilizadas para atender a demanda alta por proteção no momento.>
Outro caso são as lojas de chocolates em shoppings, que para não ver o estoque de Páscoa virar prejuízo por causa do fechamento dos centros comerciais, começaram a vender nos estacionamentos em sistema de drive-thru. São lojas que estavam com o estoque lotado e pensaram rapidamente nesta solução por essa ser a principal época de vendas deles do ano, que praticamente garante o lucro do ano todo.>
Para quem não consegue nem mesmo oferecer serviços e produtos por delivery, vale até fazer promoções para que os clientes comprem agora e consumam quando as coisas normalizarem. >
Essa é uma ferramenta que pode ser adotada por oficinas, no setor de turismo e até restaurantes, criando um voucher de desconto para manter o contato com o cliente e para ele te procurar depois, aconselha a gerente do Sebrae. >
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