Publicado em 10 de abril de 2020 às 08:19
Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu uma investigação para apurar a contaminação de 34 trabalhadores em uma plataforma que opera no litoral Sul do Espírito Santo. O órgão vai avaliar se havia irregularidades na embarcação e se a empresa não cumpriu determinações prévias dos órgãos trabalhistas para evitar contágio em massa de funcionários em alto mar.>
Na tarde de quinta-feira (9), a procuradora do Trabalho, Flávia Veiga Bauler, da Coordenadoria Nacional do Trabalho Portuário e Aquaviário (Conatpa), havia explicado com exclusividade para A Gazeta que o órgão avaliava a instauração de um inquérito. A confirmação de que a instituição vai se envolver no caso veio ainda na noite desta quinta.>
De acordo com o MPT, o procedimento vai apurar as circunstâncias que envolveram a contaminação de trabalhadores na plataforma petrolífera operada pela empresa SBM Offshore e adotar, no âmbito de suas atribuições, as medidas preventivas e reparatórias cabíveis.>
Segundo Flávia, a plataforma tem capacidade normal para 100 tripulantes, mas estava trabalhando com um contingente reduzido justamente para diminuir a chance de contágio pelo novo coronavírus. Segundo ela, havia 53 trabalhadores a bordo, dos quais 34 testaram positivo para a Covid-19.>
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A informação que temos é que a empresa estava providenciando o desembarque dos tripulantes. Só que esse desembarque precisa ser feito aos poucos, para que seja providenciada a paralisação segura da plataforma. Essa parada total pode ser feita em até quatro dias, explicou a procuradora. >
A plataforma de produção de petróleo e gás no Espírito Santo que teve casos de Covid-19 identificados foi a FPSO Capixaba, navio da empresa SBM afretado pela Petrobras e que opera nos campos de Cachalote e Jubarte, na região petrolífera conhecida como Parque das Baleias, no Litoral Sul do Estado, próximo à costa dos municípios de Marataízes e Presidente Kennedy. >
De acordo com a representante do Conatpa, a companhia responsável pela plataforma está em vias de contratar uma empresa para a desinfecção da unidade. A preocupação com relação ao coronavírus é maior para quem trabalha em confinamento. Isso porque os trabalhadores compartilham áreas de refeição, de lazer, camarotes. Até por conta disso, o MPT tem orientado para diminuir o número de empregados a bordo, acrescentou.>
A informação sobre a contaminação pelo novo coronavírus de trabalhadores a bordo de uma plataforma petrolífera chegou para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) na última quarta-feira (08). Foi o momento em que o órgão estadual foi avisado que os funcionários estavam sendo trazidos para um hotel em Vitória, onde permaneceriam isolados. >
De acordo com o secretário estadual de saúde, Nésio Fernandes, foi a partir do comunicado que as vigilâncias sanitárias estadual e a de Vitória foram encaminhadas para o local. "Desconhecíamos o caso antes. Assim que fomos informados, fomos ao local fazer a checagem, a inspeção e dar as instruções necessárias", relatou. >
Foi a própria empresa responsável pelos funcionários que os trouxe para o hotel na Capital. "Chegaram todos de máscara, seguindo as regras já estabelecidas", relatou o secretário. >
O secretário explicou ainda que os funcionários vão permanecer isolados por 14 dias, em quarentena. "Neste período, podem não apresentar os sintomas da doença, mas vão continuar isolados". >
De acordo com Nésio, o número de infectados pelo novo coronavírus na plataforma será incluído nas estatísticas do Espírito Santo. "Vão ser contabilizados onde estão vivenciando a doença, no caso, o Espírito Santo". A repercussão destes dados nas estatísticas capixabas ainda não ocorreu porque ainda está sendo checado o número exato de funcionários contaminados. >
Por enquanto, os diversos órgãos públicos que acompanham o caso ainda divergem sobre os numeros. Para a Sesa foi informado que 53 funcionários que estariam na plataforma estavam infectados, sendo que 29 deles estariam hospedados em hotel em Vitória. >
Já a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) informam que são 34 casos confirmados em uma plataforma no Estado. Segundo nota da ANP, "53 é o número total de pessoas que estavam a bordo", dos quais 34 teriam tido a confirmação do Covid-19. Outras 15 testaram negativo e, para 4, a testagem foi inconclusiva. >
A mesma nota informa ainda que 53 pessoas estavam a bordo da plataforma, cujo pessoal foi desembarcado e a produção interrompida, para descontaminação da unidade. "Mantém-se, a bordo, apenas o pessoal essencial para a manutenção segura da unidade na locação", diz o texto da nota. >
A Petrobras afreta o navio-plataforma para a empresa SBM Offshore. Em nota, a SBM confirmou que um número significativo de tripulantes de um de seus FPSOs offshore no Brasil testou positivo para Covid-19 e informou que eles estão recebendo atenção médica e sendo monitorados de perto.>
Algumas pessoas já desembarcaram e estão recebendo atendimento médico em terra. A bordo, medidas preventivas permanecem em vigor, como distanciamento social e reforço das regras para aumentar a higiene dentro do navio, informou a empresa, acrescentando que mantém contato próximo com as autoridades brasileiras e com a cliente, Petrobras, para gerenciar a situação.>
A SBM disse ainda que implantou um programa que inclui o monitoramento das tripulações em sua frota no mundo e o gerenciamento de situações especiais. Protocolos foram implementados com relação à prevenção e resposta a incidentes e planos de contingência foram criados, diz a nota. >
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