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MPT pode investigar irregularidades em plataforma com casos de Covid-19

MPT pode investigar irregularidades em plataforma com casos de Covid-19

Procuradora aguarda informações para avaliar se abre inquérito. Dos 53 a bordo no navio-plataforma FPSO Capixaba, 34 testaram positivo para coronavírus

Publicado em 9 de abril de 2020 às 20:28

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FPSO Capixaba está localizada na parte capixaba da Bacia de Campos, no litoral sul do Espírito Santo
FPSO Capixaba está localizada na parte capixaba da Bacia de Campos, no litoral sul do Espírito Santo. (Marinha do Brasil)

O Ministério Público do Trabalho (MPT) avalia abrir um inquérito para investigar a contaminação de 34 trabalhadores do navio-plataforma FPSO Capixaba, que fica no litoral sul do Espírito Santo. A informação é da procuradora do MPT Flávia Veiga Bauler, da Coordenadoria Nacional do Trabalho Portuário e Aquaviário (Conatpa).

Segundo Flávia, a plataforma tem capacidade normal para 100 tripulantes, mas estava trabalhando com um contingente reduzido justamente para diminuir a chance de contágio pelo novo coronavírus. Segundo ela, havia 53 trabalhadores a bordo, dos quais 34 testaram positivo para a Covid-19.

“A informação que temos é que a empresa estava providenciando o desembarque dos tripulantes. Só que esse desembarque precisa ser feito aos poucos, para que seja providenciada a paralisação segura da plataforma. Essa parada total pode ser feita em até quatro dias”, explicou a procuradora.

Mais cedo, no entanto, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), havia informado que os 53 trabalhadores haviam se infectado e todos já haviam desembarcado. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) confirmou o número fornecido pelo MPT e informou que 34 tripulantes foram infectados. Outros 15 trabalhadores testaram negativo e quatro inconclusivos, totalizando 53 a bordo da FPSO.

A Secretaria também informou que a Petrobras ainda está fazendo o levantamento de todas as pessoas contaminadas para fazer o registro do caso – que deverá acontecer no Estado em que o trabalhador infectado reside.

De acordo com a representante do Conatpa, a companhia responsável pela plataforma está em vias de contratar uma empresa para a desinfecção da unidade. “A preocupação com relação ao coronavírus é maior para quem trabalha em confinamento. Isso porque os trabalhadores compartilham áreas de refeição, de lazer, camarotes. Até por conta disso, o MPT tem orientado para diminuir o número de empregados a bordo”, acrescentou.

Segundo Flávia Bauler, o MPT ainda não recebeu nenhuma denúncia sobre o caso – até por conta disso nenhuma investigação foi aberta. “Em todo o Brasil, já são mais de 5 mil denúncias relacionadas ao coronavírus em ambiente de trabalho. Vamos aguardar, agora, as demais informações sobre este caso e avaliando uma instauração de inquérito”, completou.

A  Sesa informou que não há notícias de casos suspeitos em outra plataforma que não seja a FPSO Capixaba.

O QUE DIZ A EMPRESA

A Petrobras afreta o navio-plataforma para a empresa SBM Offshore. Em nota, a SBM confirmou que “um número significativo de tripulantes de um de seus FPSOs offshore no Brasil testou positivo para Covid-19” e informou que eles “estão recebendo atenção médica e sendo monitorados de perto”.

“Algumas pessoas já desembarcaram e estão recebendo atendimento médico em terra. A bordo, medidas preventivas permanecem em vigor, como distanciamento social e reforço das regras para aumentar a higiene dentro do navio”, informou a empresa, acrescentando que mantém contato próximo com as autoridades brasileiras e com a cliente, Petrobras, para gerenciar a situação.

A SBM disse ainda que implantou um programa que inclui o monitoramento das tripulações em sua frota no mundo e o gerenciamento de situações especiais. “Protocolos foram implementados com relação à prevenção e resposta a incidentes e planos de contingência foram criados”, diz a nota.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO FEZ RECOMENDAÇÕES A PETROLÍFERAS

Segundo a representante do Conatpa, uma série de recomendações foi feita para as empresas petrolíferas que atuam no Brasil. Entre as medidas estão o controle de riscos – contendo critérios claros para a decisão de parada de produção –, a minimização da exposição dos trabalhadores, e treinamento mínimo dos trabalhadores para execução de atividades seguras.

As recomendações ainda incluem o fornecimento dos insumos e locais para higienização das mãos, como sabonete líquido, toalhas, álcool em gel, entre outras medidas.

“Um dos pontos de recomendação é o desembarque imediato quando houver suspeita de pessoa infectada a bordo. É estranho que nenhuma das pessoas infectadas tenha tido nenhuma suspeita ou sintoma e precisasse ser desembarcada antes que todas as outras se infectassem”, comentou Flávia Bauler.

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“O caso é recente, as informações ainda estão chegando e estamos avaliando se vai ser necessário abrir uma investigação”, concluiu a representante do Conatpa.

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