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9 tendências esperadas para o mercado automotivo em 2022

9 tendências esperadas para o mercado automotivo em 2022

Especialistas apontam o que esperar após um 2021 marcado pelo crise de insumos, preços dos carros cada vez mais crescentes e o fim dos automóveis populares

Publicado em 18 de janeiro de 2022 às 11:02

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9 tendências para o mercado automotivo em 2022
O ano de 2021 foi marcado por muitas tendências que devem continuar ou serem ampliadas em 2022. (Freepik)

O ano de 2021 foi marcado por uma série de acontecimentos que mudaram a cara da indústria automotiva. Com a crise de insumos e também as medidas de distanciamento social causadas pela pandemia, muitas fábricas foram obrigadas a parar ou reduzir a produção no Brasil durante um tempo (entre elas, Toyota, Chevrolet, Nissan, Renault e Volkswagen) e isso também foi responsável pelo aumento do preço dos carros no ano passado. 

Para entender o que esperar do mercado automotivo para este ano, Motor conversou com especialistas para entender cada nicho e o que esperar desse setor, que parece tomar novos rumos de uma forma mais rápida, seguindo tendências que vão desde a mudança da mentalidade do consumidor, passando pelas consequências da pandemia e o que esperar para o futuro.

Uma das constatações é que os elétricos chegaram para ficar. Apesar dos preços ainda não serem atrativos (o elétrico mais “barato” é o JAC E-JS1, que custa, atualmente, R$ 164.900), esse mercado deu um salto, triplicando o seu crescimento em 2021, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Com isso, iniciou-se a corrida das montadoras para ver quem eletrifica todos os seus modelos, com destaque para a tecnologia híbrida, que parece ser uma das mais viáveis, mercadologicamente, para o Brasil.

Outro impacto foi a saída da Ford do Brasil, que fechou todas as fábricas no país após 100 anos de permanência. O anúncio foi feito no início de 2021 e pegou todos de surpresa, inclusive concessionárias da marca. Com isso, o mercado viu alguns dos modelos mais vendidos do país e da própria montadora sumirem do mercado, como o Ford Ka, que na época era o 5º modelo mais vendido, deixando donos e compradores com dúvidas sobre manutenção e desvalorização.

E por falar em mais vendidos, os populares também se tornaram itens em "extinção" num mercado com consumidores cada vez mais exigentes, veículos com mais tecnologia embarcada, mais exigências dos órgãos de controle e a crise dos insumos, que fez com que os preços escalassem. Uma das maiores perdas foi a aposentadoria do Fiat Uno, após 4.379.356 de unidades fabricadas e 37 anos de mercado no Brasil.

E 2022 deve ver essa tendência ainda mais forte. Dos populares, o que ainda resiste é apenas o Volkswagen Gol, mas que já tem data para se despedir do mercado (previsão é para 2022 e o modelo deve ser substituído pelo VW Polo Track). Restarão apenas modelos considerados carros de entrada, já que a média de valores, atualmente, tem partido de R$ 50 mil.

VEJA 9 TENDÊNCIAS PARA 2022:

9 tendências para o mercado automotivo em 2022
Novo programa de emissões de poluentes Proconve L7 será um divisor de águas. (Freepik)

1 - PROCONVE L7

O novo programa de emissões de poluentes Proconve L7, que entrou em vigor a partir do dia 1º de janeiro, será um divisor de águas para o mercado automotivo. Segundo o diretor de Divisão de Veículos Honda Shori/Grupo Pianna, Giovanni Lamborghini, o Proconve L7 causará grande impacto na linha de produção das montadoras, principalmente por conta da necessidade de adaptação de diversos modelos.

Exemplo disso foi a notícia da Fiat que descontinuou, nos últimos dias de 2021, as versões com motor 1.8 do Argo, Cronos e Toro, já que esse propulsor não foi aprovado no programa. “Especificamente sobre o ano de 2022, perceberemos ainda, não apenas uma redução do volume produzido, mas alguns modelos tradicionais ‘dando um tempo’, seja para essa adaptação, quanto para atualizações e novidades. De certo que teremos veículos mais eficientes tanto em emissão de poluentes quanto em consumo”, avalia.

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Falta de insumos ainda deve ser uma preocupação em 2022. (Lenny Kuhne/Unsplash)

2 - FALTA DE INSUMOS

A falta de insumos tem sido um problema constante, que fez várias montadoras darem um tempo nas produções no ano passado e que deve ainda continuar em 2022. Previsões mais otimistas já veem o setor se normalizando, ainda no segundo semestre deste ano, mas a previsão é que volte à normalidade somente a partir de 2023.

Com isso, a expectativa é um tempo de espera maior para certos modelos e versões e aumento de preços. Por outro lado, a indústria automotiva não é a única que tem sofrido as consequências da pandemia.

“Ainda temos fragilidades no setor que precisamos considerar e, nesse ponto, não são relacionados apenas na falta de chips, mas na cadeia de suprimentos como um todo. Além de insumos de produção, as operações de logísticas ainda estão muito conturbadas, faltam contêineres para transporte, falta vaga em portos para os navios atracarem”, conta o diretor de Divisão de Veículos Honda Shori/Grupo Pianna, Giovanni Lamborghini.

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Mercado de seminovos cresceu bastante no último ano. (Freepik)

3 - MERCADO DE SEMINOVOS

O ano de 2021 será conhecido como o que os seminovos chegaram a custar até mais do que um veículo zero, segundo pesquisa realizada pela Kelley Blue Book Brasil (KBB) em março. Os preços continuaram a subir e, em novembro, o Selo Maior Valor de Revenda da Autoinforme registrou que a variação de valorização de seminovos chegou a 17% no ano.

Com isso, o mercado se tornou bastante atrativo e, em algumas situações, tornaram-se o principal produto de algumas concessionárias, confirmando a tendência de que 2022 ainda será o ano deles. No entanto, segundo o gerente de vendas da Contauto Multimarcas, Luciano Ribeiro, os preços devem entrar em uma estabilidade. “Os aumentos severos de 2021 não devem se repetir em 2022. Acredito que chegaram no limite essas altas que aconteceram nas linhas de produção e nos modelos e, este ano, serão bem menos frequentes”, diz.

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SUVs foram os mais vendidos e essa tendência deve permanecer este ano. (Maksym Tymchyk/unsplash)

4 - SUVS PAIXÃO NACIONAL

Os SUV’s se tornaram paixão nacional e toda marca quer ter o seu ou está em fase de aumentar a linha de utilitários esportivos oferecidos para o consumidor. Prova disso é que esse tipo de carro já é o mais vendido no mercado, correspondendo a 42,9% dos modelos mais emplacados no país até dezembro, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Com isso, a expectativa é que o mercado continue sendo dominado pelos esportivos, afirma o gerente de vendas da Contauto Multimarcas, Luciano Ribeiro. “O mercado continua crescendo, tem muito lançamento e novas versões para essa categoria. Então, os SUVs vão continuar em 2022, embora tenham algumas picapes para serem lançadas este ano, mas que não devem fazer muito volume”, avalia.

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Cada vez mais os veículos terão tecnologia embarcada. (Jonas Leupe/Unsplash)

5 - MAIS TECNOLOGIA

Os pacotes de tecnologia continuarão sendo essenciais para os veículos mais atuais, trazendo sempre muita interatividade e interconexão. Com isso, os carros mais básicos deixam de ser atrativos para o mercado, que vai dar ênfase à questão da conectividade.

Para o consultor automotivo e colunista de Motor Gabriel de Oliveira, os automóveis mais básicos podem continuar existindo, mas para situações específicas, como frotistas. “Mas os modelos de entrada para consumidor doméstico terão bastante tecnologia embarcada, do painel de instrumentos até a tela multimídia. Esse vai ser o novo padrão, pois a exigência do consumidor está cada vez mais maior”, afirma.

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Mercado de luxo é um nicho que se manteve em alta e deve repetir a tendência em 2022. (CB/Unsplash)

6 - SEGMENTO DE LUXO

A pandemia trouxe mais à tona um segmento que está sempre em alta, que é o de carros de luxo. No entanto, no último ano, registrou-se um crescimento e interesse maior das pessoas por modelos exclusivos e de marcas premium. “O mercado de luxo nunca esteve em baixa e nunca vai ficar, pois é um nicho de caráter especial. Não é a necessidade que esse tipo de consumidor procura, ele quer benefícios, como status, recompensa, realização e valor”, avalia o empresário do setor automotivo e colunista de MotorRodrigo Lima.

“Dentro disso, atualmente, com a era da informação, ficou mais atrativo consumir bens de luxo, já que se desmistificou o acesso. As pessoas, antigamente, tinham preconceitos (medos) sobre altos custos, inviabilidade de manutenção e difícil revenda posterior. Logo, o despertamento para o mercado de exclusivos e de luxo é crescente, e tem sido consolidado com os movimentos das grandes montadoras que se especializaram, de modo geral, nos veículos de alto valor agregado”, diz.

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Montadoras vão continuar investindo cada vez mais no segmento dos elétricos. (Freepik)

7 - CARROS ELÉTRICOS

Os carros elétricos foram a bola da vez no ano passado e essa tendência deve continuar e mesmo aumentar, já que as montadoras todas estão com algum modelo novo para ser lançado este ano, além da eletrificação de alguns modelos clássico ou investimentos mais pesados nessa área. Uma das tendências fortes serão os preços mais competitivos, como o Renault Kwid eletrificado, que promete ser o mais barato do país.

“A tendência do mercado segue com os elétricos. Esse formato de combustível, daqui para frente, será o mais utilizado e todas as fábricas estão investindo fortemente em sair na frente com essa tecnologia, gerando soluções de acesso, comodidade e funcionalidade. Bilhões de dólares estão sendo investidos por várias grandes marcas, e a cada dia lançam alguma inovação acerca disso”, avalia o empresário do setor automotivo, Rodrigo Lima.

9 tendências para o mercado automotivo em 2022
Especialista afirma que preços podem estabilizar a partir do segundo trimestre. (Freepik)

8 - AUMENTO DE PREÇOS

O preço dos automóveis teve uma alta bem grande no último ano e viu alguns modelos passarem dos R$ 100 mil. Parte por causa da falta de insumos, mas também pela quantidade de tecnologia embarcada nos modelos, fruto da exigência cada vez maior do consumidor. Segundo o consultor automotivo Gabriel de Oliveira, a expectativa é que os preços continuem subindo ainda no primeiro semestre deste ano, e devem se estabilizar lá pelo segundo trimestre.

“Acredito que os preços devem ficar estabilizados e começarem a diminuir até chegar dentro de uma normalidade. Mas partindo dos valores em que estarão os carros no momento. Essa perspectiva tem como base alguns estudos de mercado e consulta com outros especialistas, que também veem essa tendência muito forte para os próximos meses”, afirma.

Fiat Uno se despede do mercado com a versão Ciao
Fiat Uno se despediu do mercado com uma versão comemorativa, encerrando uma era de carros populares. (Fiat/Divulgação)

9 - CARROS POPULARES

Com a queda nas vendas dos carros populares, os mais famosos já se despediram do mercado, incluindo o Fiat Uno, e o Volkswagen Gol também se prepara para deixar de ser produzido, ainda este ano. Com isso, restarão apenas os carros de entrada, que atualmente estão na faixa dos R$ 50 mil. Segundo o consultor automotivo Gabriel de Oliveira, o alto nível de exigência do consumidor tem pedido veículos mais equipados, portanto, mais caros.

“O próprio consumidor tem exigido uma qualidade maior em relação aos carros, o que foge do conceito de carro popular. Esse segmento sempre significou veículos de baixa cilindrada, mais básicos, sem ar-condicionado e sem direção hidráulica. Hoje, raramente encontramos algo assim no mercado. Então, a tendência é que os carros populares acabem”, observa.

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