Publicado em 29 de outubro de 2020 às 20:33
A alta da inflação dos alimentos nos últimos meses e a redução do valor do auxílio emergencial já começam a impactar o faturamento dos supermercados e atacarejos no Espírito Santo. As vendas no mês de outubro devem fechar com queda superior a 8%, em média, segundo a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps).>
Essa freada era, até certo ponto, previsível por causa da redução do auxílio de R$ 600 para R$ 300 desde setembro, benefício que é pago a cerca de um terço dos brasileiros. No entanto, esse movimento de queda nas vendas ganhou ainda mais força com a escalada nos preços da comida, que continua. Na Grande Vitória, a inflação dos alimentos acumula alta de 10,3% no ano, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).>
Em reunião realizada nesta quarta-feira (28), empresários do setor em todo o Estado relataram o movimento de queda, segundo o presidente da Acaps, João Falqueto, que explicou ainda que a maior baixa se dá justamente na venda dos alimentos que tiveram maior aumento nos preços.>
João Falqueto
Presidente da AcapsDe acordo com Falqueto, essa queda se iniciou em setembro, mas em menor grau. Já entre janeiro e junho, as vendas nos supermercados e atacarejos capixabas tiveram um aumento de 7,61%, fruto do maior consumo em casa causado pela pandemia do coronavírus e também pelas medidas de auxílio do governo, que injetaram bilhões de reais na economia.>
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"São muitos os fatores que podemos atribuir a esse movimento, mas o principal, de fato, é que muita gente estava usando o auxílio de R$ 600 na alimentação. A população de baixa renda quanto tem mais dinheiro faz compras maiores. E com a redução do auxílio e os preços se estabilizando altos, acabou tendo essa redução", avalia o presidente da Acaps.>
Falqueto ainda destaca: "A elevação de preços nos últimos meses acabou indo além dos alimentos. Quem começou a fazer uma reforma em casa, por exemplo, passou a encontrar os materiais de construção mais caros. Tudo isso impacta no orçamento familiar". >
Diante do cenário, a tendência é que a queda no faturamento se prolongue, apesar da expectativa de um crescimento moderado das vendas de final de ano. "Em 2021, não teremos mais o auxílio e, além disso, há previsão de abertura de grandes lojas, o que vai fazer aumentar a concorrência e dividir os consumidores em um momento que já devemos sentir a falta do auxílio", diz o presidente da Acaps.>
Em outubro, a prévia da inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - 15 (IPCA-15) atingiu 0,94%. O resultado é mais que o dobro da inflação registrada em setembro e a maior alta para o mês em 25 anos. A comida respondeu pela metade da inflação ao consumidor, com destaques para a carne bovina (4,83%) item de maior peso entre os alimentos , óleo de soja (22,34%), arroz (18,48%) e leite longa vida (4,26%).>
Nesta quinta-feira (29), o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo deve reduzir imposto de importação de produtos cujos preços subirem muito, incluindo alimentos e materiais de construção, citando por exemplo o arroz e o óleo de soja. >
"Já estamos estudando quais as tarifas de importação que vão descer. Começou a subir demais o preço do arroz? Zero tarifa de arroz. Vai começar a subir soja, óleo de soja? Zero tarifa de importação. Desde que nós reduzimos a tarifa de importação do arroz, ele (o preço) travou. Está alto, mas travou. Começa a entrar o ano novo, vem a safra do arroz de volta, e ele vai começar a ceder de novo. E tudo bem", comentou o ministro durante audiência no Congresso.>
Para o ministro, os preços subiram como consequência do aumento da renda causado por medidas do governo, como o auxílio emergencial e o saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Com mais dinheiro no bolso, essas pessoas passaram a comprar mais e comer melhor, e também a fazer obras em casa.>
"Eles não só estão comendo melhor como eles também estão melhorando a casa deles, comprando materiais de construção. Então, começou um boom de compra de material de construção. Houve um boom do setor, e os preços subiram. Agora, esses preços justamente vão trazer mais produção de todos esses insumos, tudo isso vai começar a entrar, e do que não entrar nós vamos derrubar a tarifa de importação", disse.>
* Com informações de agências>
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