Publicado em 14 de outubro de 2020 às 05:01
Se por um lado o preço dos alimentos vem subindo mês após mês, pressionando o orçamento das famílias, de outro itens como mensalidades escolares, gasolina e passagens aéreas acumulam expressivas quedas de preço neste ano, em função da pandemia do coronavírus. No entanto, com as medidas de flexibilização e retomada gradual das atividades, esses gastos devem voltar a subir e pressionar os índices de inflação, segundo especialistas.>
Dados de setembro do Índice de Preços para o Consumidor Amplo (IPCA), que é considerado a inflação oficial do Brasil, apontam que os alimentos acumulam alta de 10,35% neste ano na Grande Vitória (com destaque para o arroz, com taxa de 39,9%). Já o índice geral no ano está em apenas 1,76% no Estado. Isso porque outros itens que são importantes no cálculo da inflação acumulam quedas expressivas de preço.>
Segundo a pesquisa do IBGE, o preço de mensalidades de creches está 11,22% menor neste ano, numa queda que começou após o início da pandemia com a paralisação das aulas presenciais e concessão de descontos por instituições de ensino. Já nas pré-escolas, a queda acumulada é de 13,44%.>
Os gastos com transportes, por exemplo, possuem mais peso no IPCA do que os alimentos. Nesse grupo, dois componentes acumulam queda neste ano: as passagens aéreas (-55,54%) e a gasolina (-7,85%), itens que em setembro já começaram a subir no índice diante da retomada gradual de voos e da maior movimentação de carros, aumentando a demanda por combustível.>
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Com a volta de atividades como as de ensino - com as aulas presenciais voltando no Espírito Santo neste mês - esses preços e o próprio índice inflação tendem a subir de forma mais acelerada, na avaliação do economista Mário Vasconcelos. >
Ele alerta que os preços dos alimentos não possuem uma sinalização de queda no curto prazo, então pode haver uma pressão ainda maior no orçamento das famílias.>
Mário Vasconcelos
EconomistaO economista Ricardo Paixão também projeta um impacto na inflação com a retomada gradativa da economia, mas lembrou que esse reflexo negativo não se dará no bolso de boa parte da população de baixa renda, que usa escolas públicas e não costuma viajar de avião com frequência. Já quanto à inflação, ele prevê que o índice ainda ficará sob controle.>
"A gente deve ter um impacto nos preços com a retomada gradativa das atividades econômicas, mas, ao meu ver, sem que a inflação saia do controle. Ela vai subir, mas, como já estamos com índices muito baixos há algum tempo, não temos os componentes para voltar a ter aquele cenário de inflação descontrolada, de dois dígitos. Será uma alta gradual, assim como a recuperação da economia, e controlável", disse.>
Mário Vasconcelos, inclusive, lembra que ter uma inflação - desde que sob controle - é algo saudável e importante para a economia. "A meta da inflação para este ano no Brasil é de 4%. Mas o mercado tem previsto que ela feche o ano na casa de 2,4%, segundo o último boletim Focus. Isso é baixo. O ideal é chegar mesmo mais próximo da meta do governo. Quando não há aumento de preços, isso desestimula o empresário a investir, sendo ruim para a economia. O ideal é ela rodar nessa meta que o governo estabelece".>
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