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Entenda como o preço do arroz e do óleo de soja quase dobrou em um ano

Entenda como o preço do arroz e do óleo de soja quase dobrou em um ano

Análise feita pela Sefaz a pedido de A Gazeta mostra que esses itens já estavam numa trajetória de alta desde o ano passado, mas de agosto para setembro houve o pico de reajuste

Publicado em 15 de outubro de 2020 às 15:18

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Supermercados estão limitando venda de alguns alimentos
Supermercados estão limitando venda de alguns alimentos. (Foto do Leitor)

O preço do arroz subiu cerca de 70% em um ano no Espírito Santo. Já o óleo de soja chegou a registrar 82% de aumento no mesmo período. Os dados são de um levantamento exclusivo feito pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) a pedido de A Gazeta. Eles mostram a evolução de duas marcas populares de cada um desses alimentos, de outubro do ano passado até setembro deste ano.

Mais do que evidenciar a trajetória de alta desses alimentos, os dados revelam como o poder de compra dos consumidores caiu no período. Em outubro do ano passado, com pouco mais de R$ 10 era possível comprar um pacote de 5 quilos de arroz. Em setembro deste ano, com o mesmo valor, o consumidor só adquire cerca de metade da quantidade.

Entenda como o preço do arroz e do óleo de soja quase dobrou em um ano

Em relação ao óleo, com o preço cobrado por 900 ml do produto hoje, seria possível comprar quase o dobro no fim do ano passado.

Os dados apontam que o mês de setembro foi de aumento súbito nos preços. Uma das marcas de arroz analisadas teve o valor acrescido em 25% entre agosto e setembro. Já as duas marcas de óleo sofreram 23% de aumento no mesmo período. O IBGE mostrou que essa foi a maior alta para o produto em um só mês desde 2014, quando começa a série histórica.

Segundo o secretário da Fazenda, Rogelio Pegoretti, o levantamento foi feito com base nas notas fiscais desses produtos específicos que foram emitidas pelos varejistas durante esses 11 meses.

As mesmas notas são utilizadas no aplicativo Menor Preço Brasil, que reúne dados oficiais dos documentos emitidos pelos supermercados e ajuda consumidores e comparar preços sem sair de casa. 

PICO OCORREU NA SEGUNDA SEMANA DE SETEMBRO

Segundo o superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Helio Schneider,  a alta dos dois produtos está relacionada ao fato de ambos serem commodities e, portanto, terem uma forte influência tanto da demanda externa quanto da variação do câmbio.

"Houve uma procura bastante expressiva, inclusive no mercado internacional, e o produtor daqui, tanto de soja quanto de arroz, deu preferência para vender em dólar. Com isso, a oferta interna diminuiu e o preço acabou se elevando", explica. 

Nos últimos 12 meses, a  moeda americana valorizou 35%  em relação ao real, fazendo "render" as vendas feitas aos outros países.

Segundo Schneider, é essa alta que vinha elevando o preço dos dois produtos lentamente desde o ano passado.

"O preço vem subindo porque acompanha o câmbio e ele está se elevando a cada dia que passa. Isso é ruim e não aconteceu só no mês de setembro. Nesse mês houve um pico, lógico, mas porque se somou a grande procura do produto não só interna, mas externamente", explica.

Além do grande apetite de outros países por esses produtos, o consumo cresceu no Brasil. Segundo especialistas, uma das principais razões é o auxílio emergencial do governo federal, que fez crescer a renda de famílias mais pobres. Com mais dinheiro no bolso, elas puderam comprar mais alimentos e contribuíram para pressionar os preços.

Schneider avalia que, desde então, os preços desses produtos vêm se estabilizando, apesar de continuarem altos. A própria entidade já havia afirmado que os preços não devem voltar ao patamar pré-pandemia tão cedo e continuarão elevados pelo menos até o início de 2021. 

Porém, na semana passada,  presidente Jair Bolsonaro afirmou que o preço do arroz deve apresentar queda em breve. Isso porque, de acordo com ele, o Brasil acaba de promover a importação de milhares de toneladas do cereal.

Há ainda a expectativa de que o preço reduza a partir da chegada da próxima safra de arroz aos mercados, o que acontece entre janeiro e fevereiro.

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