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Queda de helicóptero no ES: entenda como será a investigação do Cenipa

Queda de helicóptero no ES: entenda como será a investigação do Cenipa

O acidente será investigado pelo Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III), do Cenipa,  e uma equipe  já foi acionada para realizar a coleta de dados da ocorrência envolvendo a aeronave

Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 06:00- Atualizado há 3 anos

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Fotos da fuselagem do helicóptero que caiu em Riviera da Barra, Vila Velha
Fotos da fuselagem do helicóptero que caiu em Riviera da Barra, Vila Velha. (Fernando Madeira)

O acidente envolvendo o helicóptero matrícula PR-WVW, que caiu na manhã desta quarta-feira (06) em uma área particular no bairro Riviera da Barra, em Vila Velha, será investigado pelo Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), localizado no Rio de Janeiro (RJ).

As informações do Cenipa são de que uma equipe de investigadores já foi acionada para realizar a coleta de dados da ocorrência envolvendo a aeronave. O acidente aconteceu por volta das 10h30, quando o helicóptero se aproximava do Aeroclube do Espírito Santo. A aeronave ficou completamente destruída. 

Morreram o piloto Octavio Schneider Queiroz, de 68 anos, e namorada dele, Lucimara Poleto, 52 anos. Segundo Marcos Nacif, gerente de segurança do Aeroclube, o piloto era engenheiro e proprietário do helicóptero. 

Octavio e Lucimara são as vítimas do acidente; eles tinham 68 e 52 anos, respectivamente
Octavio e Lucimara morrarem no acidente de helicóptero. (Reprodução)

COMO É FEITO A INVESTIGAÇÃO

De acordo com as informações do Cenipa, em geral, três pessoas vão ao local do acidente. Eles compõem a Comissão de Investigação de Acidentes Aeronáuticos. Em casos mais complexos, a equipe pode ser formada por diversos especialistas, como pilotos, engenheiros, psicólogos, controladores de tráfego aéreo e mecânicos, que trabalham para chegar às causas do ocorrido e prevenir outros acidentes.

A equipe fará a identificação dos fatores que contribuíram para o acidente, direta ou indiretamente, e vão preparar as Recomendações de Segurança (RS). “É o processo realizado com o propósito de prevenir novos acidentes e que compreende a reunião e a análise de informações e a obtenção de conclusões, incluindo a identificação dos fatores contribuintes para a ocorrência, visando a formulação de recomendações sobre a segurança”, informa o site do Cenipa.

O trabalho é dividido em três etapas:

Coleta de Dados: a equipe analisa os destroços, busca indícios de falhas, levanta hipóteses sobre performance da aeronave nos momentos finais do voo, fotografa detalhes, entrevista testemunhas e retira partes da aeronave para análise.

Análise de Dados: Fase em que os dados coletados são analisados, estabelecendo relações que levarão em conta diversos fatores contribuintes, sejam materiais (sistemas da aeronave e projeto), humanos (aspectos médicos e psicológicos) ou operacionais (rota, meteorologia entre outros). Ao longo dos trabalhos, outros profissionais (pilotos, engenheiros, médicos, psicólogos, mecânicos) poderão se integrar à comissão, conferindo um caráter multidisciplinar.

Apresentação dos Resultados: O resultado é divulgado após a conclusão do Relatório Final, que é publicado no site do Cenipa. Ele identifica os fatores que contribuíram para o acidente e elabora as respectivas recomendações de segurança, de forma a tornar a aviação mais segura no Brasil e no mundo.

O QUE INVESTIGA CADA MEMBRO DA EQUIPE

Investigador-Encarregado: Responsável pela organização, condução e controle da investigação, de acordo com a legislação em vigor. Pode acumular a função responsável pelo fator operacional.

Fator Operacional: Área responsável pela investigação de aspectos referentes ao desempenho do ser humano na atividade relacionada com o voo. Inclui as seguintes áreas: meteorologia, infraestrutura, instrução, manutenção, aplicação dos comandos da aeronave, tráfego aéreo, coordenação de cabine, julgamento da tripulação, deficiência de pessoal, deficiência de planejamento, deficiência de supervisão, indisciplina de voo, influência do meio ambiente e experiência de voo na aeronave, entre outros.

Fator Material: Área responsável pela abordagem da segurança de voo que se refere à aeronave nos seus aspectos de projeto, fabricação e de manuseio de material. Não inclui os serviços de manutenção de aeronave.

Fator Humano (Aspectos médico e psicológico) - Área responsável pela abordagem da segurança de voo em relação ao complexo biológico do ser humano, nos aspectos fisiológicos e psicológicos que possam ter refletido nas ações da tripulação e demais pessoas envolvidas no acidente, servindo para identificar a sequência dos acontecimentos na ocorrência.

Fotos do helicóptero prefixo PR-WVW que caiu em Riviera da Barra, Vila Velha
Fotos do helicóptero prefixo PR-WVW que caiu em Riviera da Barra, Vila Velha. (Higor Pereira)

INVESTIGAÇÃO NÃO APONTA CULPADOS

O Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer) informa que não trabalha com "causa" de acidente, mas com fatores contribuintes. Assinala que "causa" se refere a um fator que se sobressai, que seja preponderante, e que a investigação Sipaer não elege um fator como o principal. “Ao contrário, trabalha com uma série de fatores contribuintes que possuem o mesmo grau de influência para a culminância do acidente”.

Outro ponto importante é que o trabalho da equipe não aponta culpados ou tem implicações judiciais. “Esse trabalho é da autoridade policial. A investigação de acidente aeronáutico, em todo o mundo, é um procedimento paralelo e independente, realizado por órgão especializado e voltado unicamente para a prevenção de novas ocorrências e melhoria da segurança de voo”, informa o Cenipa.

Em relação ao prazo, não há uma data definida para a conclusão dos trabalhos. “A necessidade de descobrir todos os fatores contribuintes garante a liberdade de tempo para a investigação. A conclusão de qualquer investigação conduzida pelo Sipaer terá o menor prazo possível dependendo sempre da complexidade do acidente”, explica o órgão federal.

A investigação é concluída com a produção do Relatório Final de acidente aeronáutico. “Trata-se de um documento destinado a divulgar a conclusão oficial e as Recomendações de Segurança de Voo (RSV) relativas ao acidente”, informa o Cenipa..

O QUE ACONTECE COM OS DESTROÇOS

Quando o presidente da Comissão de Investigação libera a área do acidente, os destroços da aeronave, as peças, partes e demais itens são transferidos para o delegado de polícia da cidade onde ocorreu o acidente. 

O objetivo é que eles sejam utilizados nas diligências policiais. Se o delegado ou a perícia local não precisar do material, os destroços são liberados para os proprietários.

Caso as partes ou peças não possam ser removidos, por dificuldade de acesso, ou retirados do local do acidente, devem ser destruídas ou marcadas de forma a evitar que sejam confundidas com um novo acidente durante missões de busca, informa o Cenipa.

Nas situações em que não for possível retirar os destroços do local, a orientação é enterrar as partes que sobraram, quando possível. Outra alternativa apontada pelo Cenipa é o uso de explosivos. 

“Por pessoal qualificado, quando possível, suficiente para espalhar os destroços em pequenas partes, desde que não coloquem em risco pessoas, bens ou elementos naturais. Os destroços devem ser enterrados quando praticável”, acrescenta.

Se o material não puder ser retirado ou enterrado, é orientado que seja feita uma pintura em amarelo das partes de difícil remoção, informando ao Salvaero (órgão da Aeronáutica que coordena o serviço de busca e resgate de aeronaves) da região a sua localização, acompanhada de fotografia, para evitar que sejam confundidas com um novo acidente aéreo.

Imagens mostram helicóptero e resgate das vítimas(Ricardo Medeiros)

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