Kauã, ferido após explosão em fábrica de São Mateus, adorava jogar futebol Crédito: Acervo pessoal
O funcionário ferido na explosão em uma fábrica termoquímica de São Mateus, no Norte do Espírito Santo. Kauã Felix Rocha, de 19 anos, permanece internado em estado grave nesta sexta-feira (23). A família disse que o jovem teve 97% do corpo queimado e está na UTI do Hospital Estadual Jayme Santos Neves, na Serra. >
Vítima de explosão em São Mateus é levada de helicóptero para hospital na Serra
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Vítima de explosão em São Mateus é levada de helicóptero para hospital na Serra por Fernando Madeira
Conforme a mãe de Kauã, Raiane Nunes Felix, boa parte do corpo do filho teve queimaduras de terceiro grau. “Ele tem 97% do corpo queimado e boa parte com queimaduras de terceiro grau, que é mais profunda. O caso dele é grave, mas ele está estável. Está sendo feito todo o tratamento, ele está tomando bastante soro para ficar bem hidratado”, contou para A Gazeta na manhã desta sexta-feira (23).>
Tenho fé que ele vai sair dessa. Peço que continuem orando pelo meu filho, para que ele possa voltar para a família dele e jogar bola, que ele gostava tanto
Raiane Nunes Felix
Mãe de Kauã
Na manhã desta segunda-feira (26), segundo Raiane, Kauã ainda seguia em estado grave, mas estável. Ele permanecia entubado e sedado. >
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Kauã se casou recentemente e estava feliz, segundo Raiane. "Ele trabalha na fábrica há cerca de um ano e meio e gostado trabalho, do patrão", disse a mãe de Kauã.>
Morte confirmada
Morreu na tarde desta segunda-feira (26) Kauã Felix Rocha, de 19 anos, único sobrevivente da explosão na Voi Termoquímica, ocorrida na última quarta-feira (21), na comunidade de Paulista, em São Mateus, no Norte do Espírito Santo. A informação foi confirmada à reportagem de A Gazeta por Raiane Nunes Felix, mãe do rapaz. Saiba mais aqui. >
Atualização
26/05/2025 - 17:46hrs
A matéria foi atualizada com a informação da morte do jovem Kauã.
Em nota, o Corpo de Bombeiros explicou que "a área atingida pelo sinistro na última quarta-feira (21) encontra-se isolada para a realização de perícia e sob responsabilidade do Estado".>
"Equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES), Polícia Militar e do Exército Brasileiro permanecem na área de sinistro, desempenhando suas funções constitucionais. A decisão de isolar a área deve-se, puramente, para preservar os vestígios e possibilitar um trabalho pericial satisfatório e foi tomada em comum acordo pelo Corpo de Bombeiros, Polícia Científica, Exército Brasileiro e Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp)", diz a nota do Corpo de Bombeiros. >
A Polícia Civil informou nesta quinta-feira (22), que "o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Infrações Penais e Outras (Dipo) de São Mateus e que detalhes da investigação não serão divulgados, no momento".>
Cronologia
Pouco antes de 11h começaram a circular nas redes sociais imagens de uma nuvem de fumaça, estilhaços de vidros de casas, e cenário de "terra arrasada" no local onde funcionava a empresa.
O Corpo de Bombeiros informou que foi acionado pouco depois de 10h, e mencionou que a explosão teria ocorrido em uma "fábrica de explosivos", em Paulista, São Mateus.
Depois, a corporação se corrigiu. Disse que "na análise inicial da cena, considerou-se a hipótese de o local funcionar como fábrica de fertilizantes, o que depois foi descartado. Trata-se de uma empresa especializada na fabricação de produto inflamável utilizado pela indústria de mineração para o rompimento de rochas."
Conforme o Corpo de Bombeiros, "a empresa é legalizada e registrada junto aos órgãos de fiscalização competentes. O sinistro destruiu completamente o galpão e tudo que havia em seu interior".
Familiares confirmaram a morte do jovem Lorran Marques da Conceição, de 19 anos. Disseram que ele estava trabalhando no local havia pouco tempo.
Uma prima de Lorran disse que o jovem estaria manuseando explosivo quando ocorreu o acidente. "A explosão foi muito forte, ele estava manuseando. Todo mundo foi atrás para ver o que tinha acontecido. Uma vítima foi para o Jayme, e ele (Lorran) foi o que morreu. Só tinha os dois naquele momento. Estamos aguardando a perícia para fazer o recolhimento. Reconhecemos as vestimentas e os calçados que ele usava. A minha mãe foi lá, familiares reconheceram ele", disse Helen Kerlle Marques da Silva, 36 anos
Moradores da região relataram um barulho bem alto de explosão, que causou um tremor. Há registros de residências com vidros quebrados. Helen disse que a família de Lorran mora perto da fábrica e sentiu o impacto do acidente. "Vimos tudo. Muita gente foi lá logo após a explosão. Muitas casas tiveram os vidros estilhaçados", contou à reportagem.
A Polícia Científica (PCIES) informou que a perícia foi acionada às 12h20, e que o corpo de Lorran foi encaminhado à Seção Regional de Medicina Legal (SML) em Linhares.
Camilo Hemerly, um dos sócios da Voi Termoquímica – razão social Verde-Oliva Indústria Termoquímica Limitada (LTDA) – de sólido inflamável que explodiu nesta quarta-feira (21), conversou com a repórter da TV Gazeta, Viviane Maciel, e deu sua versão dos fatos, mencionando "falha humana" como possível causa da explosão.
Camilo minimizou a explosão, chamando-a de um "acidente". Segundo ele, "não se tratou de uma explosão e sim de um rompimento de gás devido a estímulo mecânico", provavelmente, segundo o representante legal da empresa, causado por falha humana.
Disse que, no momento do acidente, apenas dois funcionários estavam na fábrica: um morreu e o outro foi socorrido com vida. Acrescentou que os dois "têm seguro de vida fornecido pela empresa, que também já presta todo apoio aos familiares".
Segundo o representante da empresa, "a fábrica é 100% regulamentada e o galpão, onde o acidente aconteceu, foi construído seguindo recomendações do Exército Brasileiro", e que o local da explosão "trata-se de uma nova unidade, inaugurada há pouco mais de um ano".