Publicado em 7 de dezembro de 2020 às 20:43
O prefeito de Viana, Gilson Daniel (Podemos), nem terminou o mandato, mas já assumiu compromisso em outras duas cidades: é coordenador das transições nas prefeituras de Cariacica e Vila Velha. Até março, exerce também a presidência da Associação dos Municípios do Estado do Espírito Santo (Amunes), cargo para o qual foi eleito em 2019. O prefeito tem ganhado espaço na política capixaba, e não é em vão. Nos bastidores, inclusive, já é dada como certa a entrada dele no governo Casagrande a partir de 2021. >
Gilson Daniel diz que o acúmulo de atribuições neste último mês não tira o foco de Viana. De acordo com ele, a cidade tem uma transição mais fácil, já que o prefeito eleito Wanderson Bueno (Podemos) era, até junho, secretário municipal de Governo. Ele também comandou a pasta de Assistência Social e Saúde na cidade nos mandatos do atual prefeito.>
"Eu não trabalho sozinho, existe uma equipe. E a gente trabalha sábado, domingo, de madrugada. Viana não vai ficar prejudicada, está bem encaminhada", afirmou. >
O prefeito, no entanto, foi eleito para administrar a cidade até o dia 31 de dezembro, função que, apesar de Gilson Daniel afirmar que não deixará de cumprir, vai dividir o tempo com outras atividades nesta reta final do mandato. >
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Como coordenador de transição, ele é o responsável por realizar reuniões, solicitar informações algo que tem feito pessoalmente em Vila Velha e formar equipes. No caso de Cariacica, tem plenos poderes no processo. Conforme declarou o prefeito eleito Euclério Sampaio (DEM), foi dada "carta branca" ao prefeito de Viana. >
Viana é uma cidade com cerca de 80 mil habitantes, segundo dados do IBGE. Comparada a outras da Região Metropolitana, é considerada de pequeno porte e sem muita visibilidade no cenário político capixaba. Nos últimos oito anos, o município foi comandado por Gilson Daniel. >
Durante esse tempo, o prefeito construiu um bom capital político: conquistou a presidência da Associação dos Municípios do Estado do Espírito Santo (Amunes), tornou-se o presidente estadual do Podemos, e estreitou laços com o governo estadual. É, hoje, um grande aliado do governador Renato Casagrande (PSB).>
Para políticos ouvidos pela reportagem, esse espaço que Gilson Daniel vem conquistando, já algum tempo, não vai ser desperdiçado. A participação dele dentro do governo Casagrande já é assunto no Palácio Anchieta, que prevê mudanças no secretariado a partir do ano que vem. >
"Ele é aliado do governador. Haverá mudanças e o nome dele certamente não vai ficar de fora", declarou uma fonte do governo. >
A conversa para definir qual cargo e em que pasta Gilson Daniel poderia ser alojado ainda não teria acontecido. Fala-se ainda sobre uma possível candidatura do atual prefeito de Viana para deputado federal em 2022, o que reforçaria a necessidade de uma participação dele no Executivo estadual, para que não fique sem visibilidade até a próxima eleição. >
Até 2012, Gilson Daniel era um político desconhecido. Eleito pelo PV nas duas últimas eleições municipais, se desfiliou da sigla em 2017 para comandar o Podemos no Espírito Santo.>
A ideia era fazer o partido crescer no Estado, o que de fato aconteceu. Atualmente, o Podemos conta com nomes de políticos como o senador Marcos do Val e o deputado estadual Marcelo Santos. Até pouco tempo, a senadora Rose de Freitas (sem partido) também era filiada ao partido. Ela e Gilson, inclusive, são politicamente próximos. >
Além disso, elegeu, pela primeira vez, não só um, mas dois prefeitos na Grande Vitória: Arnaldinho Borgo, em Vila Velha, e Wanderson Bueno, em Viana, sucessor que ele fez na cidade sem grandes dificuldades. >
Ainda no seu primeiro mandato, em 2015, Gilson Daniel foi detido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) com R$ 41 mil em espécie dentro do carro. Ele foi conduzido à sede da Polícia Federal para explicar a origem do dinheiro. O prefeito comprovou, por meio de documento, que iria negociar um imóvel e que a quantia estava declarada no imposto de renda. Ele foi liberado e o dinheiro devolvido pela Justiça meses depois. >
Sem possibilidade de concorrer a um novo mandato em Viana, Gilson Daniel cogitou disputar a eleição para prefeito de Cariacica em 2020. Essa ambição, contudo, esbarrou na legislação, que não permite que um prefeito com dois mandatos em uma cidade emende o terceiro em outra. >
Apesar de não ter disputado a eleição na cidade vizinha, Gilson Daniel esteve presente na campanha de Euclério Sampaio (DEM). >
A participação dele no comando de alguma secretaria, em uma das duas cidades onde ele comanda a transição, chegou a ser especulada. Pessoas próximas ao prefeito afirmam, no entanto, que ele tem objetivos bem maiores. E ele mesmo descarta integrar as equipes. >
"Estou apenas auxiliando, de forma voluntária, porque tenho experiência. Não pretendo e nem vou fazer parte do secretariado dessas prefeituras", afirmou, não descartando a possibilidade de compor o time do Palácio Anchieta.>
Gilson Daniel
Prefeito de VianaAté lá, Gilson vai ter que fazer malabarismo para atuar como prefeito de Viana, coordenador de transições e presidente da Amunes. "Durmo três, quatro horas por noite. Tenho 20 horas para trabalhar", garantiu.>
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