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No ES, Bolsonaro diz que Forças Armadas podem ir à rua para garantir "liberdade"

No ES, Bolsonaro diz que Forças Armadas podem ir à rua para garantir "liberdade"

Na primeira visita ao Espírito Santo desde que assumiu o mandato, o presidente citou, em discurso, a pandemia de Covid-19, não usou máscara e promoveu aglomeração

Publicado em 11 de junho de 2021 às 19:43

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O presidente Jair Bolsonaro visita o Espírito Santo
Sem máscara em meio à pandemia de Covid-19 e em meio a aglomeração, presidente Jair Bolsonaro cumprimenta apoiadores no Aeroporto de Vitória. (Vitor Jubini)
Autor - Iara Diniz
Iara Diniz
Repórter de Política / [email protected]

Em sua primeira visita ao Espírito Santo, desde que assumiu o mandato, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta sexta-feira (11), que tem as Forças Armadas ao lado, que é o “chefe supremo delas” e que os militares podem ir às ruas para "garantir a liberdade".

A declaração foi feita durante discurso no bairro Aroeira, em São Mateus, onde o presidente inaugurou 434 casas populares do programa Minha Casa, Minha Vida, hoje rebatizado como Casa Verde e Amarela. Dos R$ 36,4 milhões gastos na obra, o atual governo investiu R$ 5,5 milhões, ou seja 15%.

Bolsonaro passa 7 horas no ES e diz que Forças Armadas podem ir à rua garantir liberdade

Bolsonaro passou cerca de sete horas em terras capixabas. Além da inauguração do conjunto habitacional, que constava como atividade principal na agenda, o chefe do Planalto cumprimentou apoiadores no aeroporto de Vitória e fez uma parada surpresa em Aracruz no fim da tarde, durante trajeto de volta a Vitória.

O presidente chegou ao Espírito Santo por volta das 10h20. Desembarcou no Aeroporto de Vitória usando máscara, mas assim que pisou no saguão, retirou o equipamento de proteção. Diferentemente do que manda o protocolo, Bolsonaro não foi recebido no aeroporto pelo governador Renato Casagrande (PSB), que não foi convidado ou oficialmente comunicado sobre a visita.

Ele estava acompanhado de dois dos cinco filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), além da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Junto deles estava também uma comitiva formada pelos ministros da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e membros da bancada capixaba, como Evair de Melo (PP), um dos vice-líderes do governo na Câmara, a deputada Soraya Manato (PSL), Neucimar Fraga (PSD), o senador Marcos do Val (Podemos) e o líder da bancada Da Vitória (Cidadania). Ainda compunham o grupo o ex-senador Magno Malta (PL) e o ex-deputado federal Carlos Manato (sem partido).

Sob gritos de “mito”, Bolsonaro foi recebido por uma multidão que se aglomerava do lado de fora do aeroporto da Capital. O chefe do Planalto ficou por cerca de 10 minutos no local, onde cumprimentou apoiadores. A maioria usava máscaras e roupas verde e amarela, além de carregar bandeiras do Brasil.

Houve um princípio de confusão após uma mulher que carregava um cartaz com o número de mortes pela Covid-19 se manifestar contrária ao governo. Ela foi hostilizada por apoiadores e deixou o local.

Veja vídeo com resumo da visita do presidente ao Espírito Santo:

Por volta das 10h40, o presidente embarcou para São Mateus de helicóptero junto com parte da comitiva que o acompanhava e apenas um dos filhos, Eduardo Bolsonaro. A primeira-dama ficou em Vitória, onde cumpriu agenda no Ministério Público do Trabalho e visitou projetos sociais. Ela participou de um encontro onde estava a vice-governadora Jacqueline Moraes (PSB) e a presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cris Samorini.

No trajeto para o Norte do Estado, o presidente sobrevoou o Contorno do Mestre Álvaro, na Serra, e um trecho da BR 447, duas obras federais, mas que têm sido mantidas graças a recursos de emendas da bancada capixaba.

Bolsonaro pousou no aeroporto de São Mateus por volta de 12h. No local, ele cumprimentou centenas de apoiadores que o esperavam, vindo inclusive de outras cidades capixabas e Estados como Bahia e Minas Gerais.

De lá, o presidente seguiu de carro em um trajeto de nove quilômetros até o conjunto Residencial Solar de Mateus, onde se localizam as 434 casas inauguradas. Um comboio de segurança, com agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Polícia Federal, Militar e Guarda Municipal acompanhavam o presidente.

Durante o deslocamento, Bolsonaro acenou a apoiadores pela janela do veículo e chegou a se sentar em uma das portas.

Na rota, havia uma manifestação contrária ao governo, que acontecia na Praça São Benedito, no Centro de São Mateus. Integrantes do MST e sindicalistas estavam com cartazes e pediam por vacinas e comida, além do impeachment do chefe do Executivo federal.

A chegada do Bolsonaro ao conjunto habitacional aconteceu por volta das 13h30. No local, foi montada uma estrutura para convidados, com direito a um palco, onde o presidente discursou, cerca de 15 minutos depois.

O Presidente Jair Bolsonaro fala ao publico presente durante a entrega de casas no bairro Aroeira, em São Mateus (Reprodução TV Brasil )

Antes disso, em ato simbólico, Bolsonaro entrou em uma das casas construídas, a de número 29. Lá, ele posou para fotos junto com os futuros moradores da residência e, do lado de fora, plantou uma árvore com uma das crianças que vai morar no local.

Ao entrar no espaço destinado à cerimônia de inauguração, cerca de 15 minutos depois, Bolsonaro foi recebido com aplausos e gritos que o chamavam de mito. A maioria das pessoas usava máscara, mas não mantinha distanciamento.

O presidente foi homenageado com uma música gospel, cantada por uma criança de 9 anos, e ganhou uma composição no ritmo da pisadinha feita pelo cantor local Law Lima. O refrão da música dizia “o mito chegou”, frase que foi repetida por apoiadores no local. Tudo foi transmitido ao vivo pela TV Brasil, que é estatal.

Sem máscara durante todo o tempo, o chefe do Planalto falou por 14 minutos. Ele seguiu o mesmo padrão de discursos realizados em visitas anteriores: agradeceu a Deus, voltou a defender o uso de hidroxicloroquina, que tem ineficácia comprovada para o tratamento de Covid-19, e fez críticas a governos anteriores e àqueles que adotaram medidas mais restritivas durante a pandemia.

“Não fechei comércio, não tirei empregos e nem destruí o ganha pão das pessoas”, afirmou.

O presidente também disse que “jamais errou por omissão” e que tem as Forças Armadas ao lado dele.

“Tenho as Forças Armadas ao meu lado, sou chefe supremo delas. Jamais elas irão às ruas para mantê-los em casa. Poderão, sim, um dia ir às ruas para garantir a sua liberdade e seu bem maior que é aquilo previsto em nossa Constituição”, afirmou.

Após o discurso, Bolsonaro entregou as chaves de algumas casas aos futuros moradores. No fim da cerimônia, que terminou por volta de 15h, ele tirou fotos com convidados, que se aglomeraram no palco.

Atos contra o presidente Jair Bolsonaro em Vitória (Leitor de A Gazeta)

Antes de deixar o conjunto habitacional, o presidente ainda cumprimentou apoiadores que acompanhavam o evento por um cercadinho, do lado de fora. Em nenhum momento Bolsonaro falou com a imprensa

O presidente da República saiu de São Mateus por volta de 15h30 e embarcou rumo à Vitória. No trajeto, contudo, ele surpreendeu a equipe ao pedir para o helicóptero fazer uma parada em Aracruz, que não estava planejada.

No distrito de Santa Cruz, o chefe do Executivo federal entrou em um bar, onde conversou com apoiadores, tomou um refrigerante e comeu frango frito.

O pouso em Vitória aconteceu às 17h02. Na pista, o presidente tirou fotos com algumas pessoas e então embarcou para São Paulo, por volta de 17h20.

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