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Empresário morto no ES: carro de luxo e joias são encontrados na casa de suposto mandante

Empresário morto no ES: carro de luxo e joias são encontrados na casa de suposto mandante

Investigações da Polícia Civil mostraram que desvios de bens começaram em 2023 e, ao longo dos últimos anos, investigado trocou de veículos, investiu em terreno e queria construir casa de R$ 3 milhões

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 15:43

Polícia Civil do Espírito Santo divulgou, nesta segunda-feira, (11) que, na casa de Bruno Valadares de Almeida, foram encontrados dois carros de luxo e joias de ouro. Ele é apontado como o mandante da morte do empresário Wallace Borges Lovato, assassinado em junho deste ano, na Praia da Costa, em Vila Velha.

Com um salário de R$ 21 mil na Globalsys, empresa de Wallace, Bruno Valadares afirmou à Polícia Civil que desviava dinheiro da companhia para comer em restaurantes melhores e passear. A corporação disse que o executivo — que tinha o cargo de diretor financeiro — calculou ter desviado cerca de R$ 4 milhões, mas uma auditoria contratada pela vítima indica uma quantia que pode passar de R$ 9 milhões.

Bens apreendidos na casa de Bruno Valadares, apontado como mandante da morte de Wallace Lovato
Bens apreendidos na casa de Bruno Valadares, apontado como mandante da morte de Wallace Lovato Crédito: Polícia Civil do ES

A polícia aponta que os desvios da empresa começaram em 2023. As investigações indicam que, com o dinheiro, Bruno Valadares teria adquirido joias, trocado veículos, comprado terrenos, feito terraplanagem em um deles no valor de R$ 200 mil e contratado a construção de uma casa no valor de R$ 3 milhões.

As informações foram divulgadas pela corporação nesta segunda-feira (11), durante coletiva de imprensa que anunciou a conclusão do inquérito policial. Começa, agora, a segunda fase do processo investigativo, voltada à recuperação de bens.

Quem são os réus:

  • Bruno Valadares de Almeida – Apontado como mandante. Está preso;
  • Bruno Nunes da Silva – Apontado como intermediário e principal organizador da logística do crime. Está foragido;
  • Arthur Laudevino Candeias Luppi – Apontado como motorista. Está preso;
  • Arthur Neves de Barros – Apontado como atirador. Está preso;
  • Eferson Ferreira Alves – Apontado como intermediário. Está preso.

Conforme revelaram as investigações, Bruno Valadares teria feito pagamentos mensais em torno de R$ 10 mil a Bruno Nunes. Arthur Neves, apontado como o executor, teria recebido R$ 50 mil pelo crime. Já Eferson teria relatado que recebeu R$ 8 mil pela participação como intermediador. Entretanto, a Polícia Civil estima que ele teria embolsado R$ 20 mil, mesmo valor que teria sido repassado para Arthur Laudevino.

A defesa de Bruno Valadares – apontado como mandante do assassinato – alegou, em nota, que ele é inocente e que há fatores não compreendidos envolvendo o suposto esquema de desvio financeiro.

Defesa do diretor | Na íntegra

“A Assessoria Jurídica Pires & Pinho informa que representa o Sr. Bruno Valadares de Almeida e declara, de forma veemente, a sua inocência em relação ao crime de homicídio que lhe foi imputado.

Por respeito ao devido processo legal e ao trâmite do procedimento no âmbito do Poder Judiciário, não serão prestados esclarecimentos adicionais, além dos mencionados a seguir: 

O agora réu, Bruno Valadares de Almeida, vem buscando constantemente esclarecer tudo o que sabe sobre o caso. 

Conforme noticiado na imprensa, existiu, sim, um mecanismo de não comunicação financeira que não só envolvia o denunciado, mas também outros agentes — e isso ele vem denunciando repetidamente, porém não é devidamente compreendido.

O denunciado clama por sua inocência e vê, na imputação criminal que lhe é feita, uma solução fácil e simplista para o caso, tese que será amplamente refutada pela defesa.

Demais informações serão oportunamente divulgadas, conforme o regular andamento do processo e as decisões que forem sendo proferidas pela Justiça.”

Da esquerda para a direita: Bruno Valadares de Almeida, Eferson Ferreira Alves, Arthur Laudevino Candeias Luppi, Arthur Neves de Barros e Bruno Alves
Os cinco réus por assassinato de empresário na Praia da Costa Crédito: Divulgação | Sesp

O papel de cada um no crime

Conforme publicado pela colunista de A Gazeta, Vilmara Fernandes, Bruno Nunes da Silva é apontado na denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) como sendo o organizador da logística do crime e pela intermediação com os outros quatro acusados. À Justiça, foi relatado que ele era o contato do suposto mandante do assassinato, Bruno Valadares Almeida.

Em sua denúncia, o MP relata que coube a Nunes a contratação dos outros três envolvidos no crime: Arthur Laudevino Candeas Luppi; Arthur Neves de Barros; e Eferson Ferreira Alves. Ele também teria viabilizado condições para a obtenção dos veículos para a ação e fuga.

O Fiat Pulse usado no dia do crime, por exemplo, foi trazido de Minas Gerais por Laudevino. Já o Fiat Argo usado na fuga, segundo a investigação, teria sido alugado por Eferson em Teixeira de Freitas, na Bahia. Carro que também foi utilizado por Eferson e Bruno Nunes para ir à Paraíba buscar Arthur Neves, e levá-lo até Vila Velha, descreve a denúncia.

O plano inicial era que Eferson fosse o motorista no dia do crime, mas ele desistiu. “Embora não tenha assim agido, também concorreu para o crime, pois, em unidade de desígnios com os demais, reservou um apartamento para que ele próprio e o executor se hospedassem em Vila Velha”, relata a denúncia.

Foi apontado que eles permaneceram 15 dias no local onde teriam planejado o crime. 

O motorista do veículo usado no crime acabou sendo Arthur Laudevino Candeas Luppi. Ele levou o atirador, Arthur Neves de Barros até o local do crime e lá, esperaram por duas horas até a saída da vítima. 

O empresário foi morto no dia 9 de junho, ao sair da empresa Globalsys, fundada por ele. Na ocasião, uma câmera de segurança flagrou o momento em que suspeitos em um carro dispararam uma única vez, na nuca de Wallace, e fugiram. O motorista do veículo usado no crime foi o primeiro a ser preso: Arthur Laudevino Candeas Luppi foi capturado em Minas Gerais, no dia 17 de junho.

Dois dias depois, mais uma prisão: Arthur Neves de Barros, de 35 anos, suspeito de ser o atirador, foi capturado em Sumé, na Paraíba. No dia 23 de junho, Eferson Ferreira Alves, apontado como intermediário, foi até a Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, acompanhado de um advogado, e se entregou.

No dia 12 de julho, o diretor financeiro da Globalsys, fundada por Wallace, foi preso. Bruno Valadares de Almeida, de 39 anos, estava em casa, no bairro Jardim Colorado, em Vila Velha. No local foram apreendidos notebook, celular, joias, dinheiro e duas armas.

Cronologia do caso Wallace Lovato

Caso aconteceu em 9 de junho e vitimou o empresário Wallace Borges Lovato

Correção
11/08/2025 - 19:00hrs
O título foi alterado para incluir a palavra "suposto", já que os réus do caso ainda não foram condenados.
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