Após mais de um mês internado em Belo Horizonte, Minas Gerais, por contaminação de dietilenoglicol, o engenheiro capixaba Luiz Felippe Teles Ribeiro, 37 anos, saiu do coma. Ele deu as primeiras respostas ao tratamento médico e já consegue interagir por meio dos olhos e da cabeça, segundo a família.
Felippe foi o primeiro dos 30 casos atualmente investigados pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais por suspeita de intoxicação por dietilenoglicol. A substância, que foi encontrada na água usada pela cervejaria Backer na fabricação de cerveja, teria contaminado os pacientes após ingestão da bebida. Seis óbitos foram notificados até o momento.
A reação positiva de Felippe ao tratamento médico trouxe força para a mãe do capixaba, a supervisora pedagógica Laura Teles, 62 anos. Ela, que é de Marataízes, está temporariamente morando em Belo Horizonte para acompanhar o tratamento do filho. Repleta de fé, ela acredita que as respostas do filho, ainda que bem pequenas, são bençãos divinas.
De acordo com Laura, a síndrome nefroneural (que compromete os rins e o sistema nervoso), da qual Felippe foi vítima por causa da presença de dietilenoglicol no organismo, não atingiu o sistema nervoso central, o que torna a situação menos complicada. Apesar disso, o tratamento é lento e sem previsão para a saída do capixaba do hospital.
"O restabelecimento é muito lento, precisamos ter paciência. Mas esses passos, mesmo que de formiguinha, fazem a gente confiar que vai dar tudo certo. Eu tenho muita fé nisso", finalizou.
Luiz Felippe é natural de Marataízes, mas mora em Belo Horizonte com a esposa. Na véspera de Natal, ele e o sogro, o bancário Paschoal Demartini, 55, ingeriram a cerveja Belorizontina, da Backer. Dias depois, os dois começaram a passar mal, com dores abdominais, febre e náuseas.
No dia 28 de dezembro, o engenheiro foi internado em um hospital particular de Belo Horizonte. O sogro dele, que morava em Ubá, foi hospitalizado no dia seguinte em Juiz de Fora. Segundo a família, ele apresentava um quadro grave de insuficiência renal. Paschoal morreu uma semana depois.
O capixaba e o sogro foram os primeiros casos notificados de uma doença que ainda era misteriosa para a Secretaria de Saúde de Minas Gerais. Porém, com o aumento do número de internações, e a descoberta que todas as vítimas haviam consumido a cerveja Belorizontina, a Polícia Civil de Minas Gerais iniciou uma investigação.
Durante análises laboratoriais em amostras da bebida, a polícia encontrou dietilenoglicol, substância altamente tóxica usada na refrigeração de cerveja. O mesmo composto foi encontrado no sangue de Luiz Felippe, o sogro dele e outras duas vítimas.
Em inspeção na cervejaria, a Polícia Civil identificou a presença de dietilenoglicol na água usada na produção de cerveja. Até o momento, 41 lotes de dez tipos de cervejas da Backer foram contaminados, entre elas a Belorizontina e a Capixaba, produzida exclusivamente para o Espírito Santo.
A Polícia Civil investiga o caso para saber o que ocasionou a contaminação. Há hipóteses de vazamento de substância e sabotagem de um ex-funcionário. Parte da fábrica foi interditada e todos os produtos da Backer retirados do mercado. Até o momento, foram registradas 30 internações, sendo que 6 evoluíram para óbito. Todos os casos em Minas Gerais.
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