> >
Operação Piànjú: 14 viram réus por esquema de lavagem de dinheiro no ES

Operação Piànjú: 14 viram réus por esquema de lavagem de dinheiro no ES

Entre eles estão quatro empresários capixabas presos na última terça (15). Eles são acusados de integrar organização criminosa e pela prática de estelionato e falsidade ideológica. Segundo as investigações, grupo "prestava serviço" de lavagem de dinheiro

Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 21:27

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Foram apreendidos US$ 630 mil e R$ 230 mil na Operação Piànjú
Foram apreendidos US$ 630 mil e R$ 230 mil durante a Operação Piànjú. (MPES/Divulgação)
Operação Piànjú: 14 viram réus por esquema de lavagem de dinheiro no ES

Justiça do Espírito Santo aceitou a denúncia contra 14 homens, entre eles quatro empresários capixabas, presos na Operação Piànjú, deflagrada pela Polícia Civil na última terça-feira (15). Isso significa que agora eles são réus em um processo judicial que vai determinar se tiveram ou não participação em um esquema internacional de lavagem de dinheiro que seria comandado a partir do Estado.

Além do crime de lavagem de dinheiro, eles responderão por integrar organização criminosa (com agravantes de manterem contato com outras organizações criminosas e operarem além de fronteiras nacionais), estelionato e falsidade ideológica.

De acordo com as investigações, o “núcleo financeiro” do esquema seria comandado por empresários do Espírito Santo, sendo Pablo David Eliseo Sandes e Wilson Marcelino Caoduro responsáveis por chefiar o grupo.

Pablo David Eliseo Sandes e Wilson Cadouro, presos nesta terça-feira (15) na Operação Piànjú
Pablo David Eliseo Sandes e Wilson Cadouro, presos nesta terça-feira (15) na Operação Piànjú. (Fernando Madeira)

Já Carlos Augusto Moscon de Oliveira é apontado nas investigações como o responsável por falsificar documentos, enquanto José Carlos da Luz seria o operador financeiro. Este último foi detido em Fortaleza, no Ceará, na última terça-feira (15) e trazido para o Estado.

Os demais denunciados, de fora do Estado, são apontados como os “laranjas” das empresas que recebiam e repassavam o dinheiro ou clientes que contratavam o “serviço” de lavagem de capitais.

PRISÕES MANTIDAS

Na mesma decisão, a juíza da 5ª Vara Criminal de Vitória também negou o pedido de revogação da prisão preventiva (sem limite de tempo determinado) de quatro dos réus .

A magistrada apontou que, segundo as investigações, a grande quantidade de dinheiro encontrada na casa e escritório dos investigados, entre outras evidências materiais, levantam a suspeita de que o grupo ainda estaria ativo.

Além disso, a juíza ponderou que existem vários integrantes da organização criminosa que usavam identidades falsas e que ainda não foram identificados e, por essas razões, decidiu pela manutenção das prisões.

Carlos Augusto Moscon, contra quem havia um pedido de prisão temporária (cinco dias), foi liberado.

FORAGIDOS

Dos 14 denunciados, dois não estão presos. Um deles não foi encontrado no endereço descrito no mandado, em São Paulo, quando foi deflagrada a Operação Piànjú. Contudo, segundo relato do Ministério Público Estadual (MPES) à Justiça, quando foi feita a busca e apreensão foi encontrada grande quantia de dinheiro em dólar escondido em UM veículo que pertence ao acusado.

Por isso, na última sexta-feira (18) ele teve a prisão temporária convertida em preventiva, ou seja, sem prazo determinado, e está foragido.

O segundo, que é sócio de uma das empresas americanas que recebiam dinheiro do grupo criminoso, mora na Flórida, nos Estados Unidos. A Polícia Civil do Espírito Santo tenta contato com a Interpol para que ele seja capturado.

COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA

De acordo com os responsáveis pelas investigações, empresas de fora do Estado contratavam o grupo capixaba para "limpar" o dinheiro sujo. Uma vez que o recurso era obtido de forma ilegal pelos “contratantes”, a cifra passava por uma rede de empresas de fachada no Espírito Santo. Daí era enviado ao exterior sob a forma de contratos de prestação de serviço que nunca eram executados. Ao todo foram movimentados mais de R$ 800 milhões.

“Eram serviços de transporte marítimo internacional, de exportação e importação. As empresas faziam contratos fraudulentos como se estivessem prestando serviços de aluguel de contêiner, desembaraço aduaneiro, porque eles precisavam que fossem contratos internacionais para conseguir processar a remessa para fora (do país)”, explicou o titular da Delegacia de Furto e Roubo de Veículos, delegado Ricardo Toledo, em coletiva de imprensa na última quinta-feira (17).

Dessa forma, segundo as investigações, eles davam ares de legalidade para o dinheiro obtido ilegalmente pelos “clientes”, seja através de corrupção, tráfico de drogas ou outros crimes. Para driblar ainda mais qualquer desconfiança por parte dos órgãos de controle, todos os impostos e taxas referentes aos contratos eram recolhidos corretamente.

Dados incorporados aos processo mostraram ainda que, para que esse dinheiro chegasse à "lavanderia" sediada no Estado, como é chamado o esquema pela polícia, ele era enviado aos poucos, em cerca de 50 depósitos diários de pequeno valor.

Esses depósitos tinham como origem contas em vários Estados brasileiros e como destino as muitas empresas de fachada criadas pelo grupo com o uso de identidades falsas.

“A partir dessa grande quantidade recebida, os valores iam pulando para outros grupos de empresas, até que chegavam em um grupo de cinco empresas aqui. Algumas eram utilizadas concomitantemente, mas de forma alternada para evitar chamar a atenção das autoridades”, explicou o titular da DFRV.

Era desse grupo mais restrito de empresas que partiam os contratos e remessas bancárias para os Estados Unidos e China. "Eles eram uma grande lavanderia, atendiam diversos clientes. Algumas das empresas clientes, pelo menos quatro delas, que utilizaram os serviços, foram alvo da Operação Lava Jato em diversas fases".

O QUE DIZEM AS DEFESAS

A defesa de Pablo Sandes afirmou que pretende protocolar um pedido de habeas corpus junto ao Superior Tribunal de Justiça para que ele seja liberado da prisão.

A Gazeta entrou em contato com a defesa de Wilson Caoduro por telefone e mensagem, mas não obteve retorno.

A reportagem não conseguiu localizar as defesas de José Carlos da Luz e de Carlos Augusto Moscon de Oliveira.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais