Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 05:00
A organização criminosa sediada no Espírito Santo suspeita de operar um esquema de lavagem de dinheiro pode ter prestado esse serviço para empresas investigadas pela força-tarefa Lava Jato. É o que aponta inquérito da Polícia Civil, que levou à deflagração nesta terça-feira (15) da Operação Piànjú.>
Três pessoas foram presas no Estado, sendo dois empresários capixabas suspeitos de chefiar o esquema. Também foram apreendidos carros de luxo, lanchas e motos aquáticas, além de US$ 600 mil em dinheiro e R$ 300 mil em canetas de grife.>
Segundo a decisão judicial que autorizou a prisão preventiva de 18 pessoas e de prisão temporária de outras cinco, Pablo David Eliseo Sandes e Wilson Marcelino Caoduro são suspeitos de gerenciar uma rede de empresas físicas e de fachada por onde o dinheiro era movimentado repetidamente, inclusive para contas no exterior. Dessa forma, o recurso obtido através de atividades ilícitas voltava limpo para o mercado. Eles são apontados, pelas autoridades, como os cabeças das fraudes no Espírito Santo.>
"Pedimos a quebra de sigilo bancário dessas empresas, e descobrimos que empresas de São Paulo, envolvidas na Lava Jato, enviavam dinheiro para o Espírito Santo. E essa organização criminosa daqui era usada por outros Estados da federação para mandar dinheiro para fora do país", explicou o delegado à frente da operação, João Paulo Pinto. Algumas dessas ligações são citadas na decisão que acata os pedidos de prisão dos suspeitos.
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Segundo os autos, um dos indícios está no envio de recursos de Pablo para a empresa Cominter Brasil Importação e Exportação, de propriedade de Abel Novaes. Este último é citado como operador financeiro da doleira Nelma Mitsue, presa em 2014 no âmbito da operação Lava Jato. >
Nelma foi pega pela Polícia Federal em 2014 com 200 mil euros escondidos nas roupas ao tentar viajar para a Europa. >
Outro investigado, também morador do Espírito Santo, mas que não foi preso nesta terça-feira (15), é suspeito de ser sócio de uma empresa que movimentou mais de R$ 84 milhões em dois anos. >
Além de créditos a outras companhias investigadas, a quebra de sigilo bancário mostrou que ele também fez pagamentos a Pablo Sandes e à empresa Repox Ambiental, sediada em Santos, São Paulo, investigada no âmbito da operação Descarte - desdobramento de investigações da força tarefa da Lava Jato que investigou um esquema lavagem de dinheiro e desvios de recursos pagos por prefeituras municipais pela limpeza urbana.>
Essa mesma empresa ainda estaria envolvida em lavagem de dinheiro envolvendo o Banco Paulista, investigado na 61ª fase da operação Lava Jato, denominada Disfarce de Mamom.>
O advogado Rogério Feitosa, que defende Pablo Sandes, afirmou que a defesa ainda não tem posicionamento a respeito das supostas ligações do cliente com empresas e pessoas denunciadas na Lava Jato. "A culpa não está formada ainda. O Ministério Público não apontou qual a conduta que meu cliente infringiu, qual crime ele cometeu. O inquérito tem mais de duas mil paginas, dependo que o MP diga qual acusação pesa sobre ele para fazer a defesa", disse.
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O advogado Ricardo Firme, que defende o empresário Wilson Caoduro, disse que é cedo para se pronunciar, porque é um inquérito grande, cheio de detalhes e ele ainda está se inteirando da denúncia.
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Operação Piànjú no Espírito Santo
A Gazeta entrou em contato com Nelma Mitsue, através do telefone de dois advogados que a representam em muitos processos, contudo, ninguém atendeu as ligações. Também foi feito contato com a defesa da empresa Repox Ambiental, que ficou de retornar a ligação, mas até a noite desta quarta-feira (16) não o fez. >
O Banco Paulista S.A. afirmou em nota que "não é parte e desconhece o processo em questão e, portanto, não tem comentários a fazer a seu respeito".>
A reportagem não localizou Abel Morais ou sua defesa. A Gazeta também tentou contatar a empresa Cominter Brasil Importação e Exportação, mas ninguém atendeu os telefonemas.
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