Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 05:01
Uma das empresas americanas suspeitas de receber dinheiro através de uma organização criminosa sediada no Espírito Santo é investigada nos Estados Unidos por ter ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e com o Hezbollah, movimento xiita libanês considerado terrorista por algumas nações. >
Segundo informações apuradas por A Gazeta, a informação foi compartilhada com as autoridades capixabas por órgãos de inteligência americanos. >
A troca de informações foi feita no âmbito da investigação que apura a suposta formação de uma organização especializada em prestar serviços de lavagem de dinheiro para outros grupos criminosos. Segundo as investigações, o núcleo financeiro dessa operação seria formado por empresários do Espírito Santo. >
De acordo com a Polícia Civil do Estado, um grupo de empresários é suspeito de organizar uma rede de empresas de fachada, criadas com o uso de documentos de identidade falsos. Essa rede seria utilizada para lavar dinheiro de origem ilegal através do envio de remessas internacionais para os Estados Unidos e a China.>
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No total, duas empresas americanas foram identificadas durante a investigação como destinatárias dos repasses feitos pelas empresas de fachada do Espírito Santo. >
O proprietário de uma delas foi preso na última terça-feira (15), em São Paulo, na Operação Piànjú, deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual (MPES). Também houve prisões no Espírito Santo e no Ceará. O nome da operação faz referência à palavra em mandarim, que tem o significado de fraude ou armadilha.>
Já o homem identificado como dono da outra empresa está em Miami, na Flórida e não foi preso. As autoridades capixabas estão em contato com a Interpol, a Polícia Internacional, para que o nome dele seja incluído na lista de procurados pela instituição.>
Outras investigações no Brasil já apontaram a suposta ligação do PCC com os Estados Unidos. >
Em 2015, a Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo apontaram que o grupo mantinha ao menos uma conta corrente na China e outra nos Estados Unidos para lavar dinheiro do tráfico e fazer compras internacionais de drogas e armas. Na ocasião, eles observaram movimentações financeiras que chegavam a R$ 100 milhões. >
Já em 2017, um relatório da Foundation for Defense of Democracies (FDD), ONG americana com foco em segurança e política externa, mostrou com detalhes a aliança do PCC com o Hezbollah. Um desses pontos de encontro entre as duas organizações seria justamente nas rotas de lavagem de dinheiro. >
De acordo com os responsáveis pelas investigações, empresas de fora do Estado contratavam o grupo capixaba para "limpar" o dinheiro sujo. Uma vez que o recurso era obtido de forma ilegal pelos contratantes, a cifra passava por uma rede de empresas de fachada no Espirito Santo. Daí era enviado ao exterior sob a forma de contratos de prestação de serviço que nunca eram executados.>
Eram simuladas operações comerciais de carga para China e Estados Unidos, de importação e exportação, além de serviços como aluguel de contêiner e desembaraço aduaneiro, segundo a Polícia Civil.>
Operação Piànjú no Espírito Santo
Dessa forma, eles davam ares de legalidade para o dinheiro obtido ilegalmente pelos clientes, de acordo com os investigadores, seja através de corrupção, tráfico de drogas ou outros crimes. >
Para driblar ainda mais qualquer desconfiança por parte dos órgãos de controle, todos os impostos e taxas referentes aos contratos eram recolhidos corretamente. Ao todo foram movimentados mais de R$ 800 milhões. >
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