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Assassinato de policiais: Justiça ouve testemunhas e vítimas do crime

Assassinato de policiais: Justiça ouve testemunhas e vítimas do crime

A audiência de instrução foi realizada nesta sexta-feira (17), no Fórum de Cariacica; crime aconteceu em outubro de 2022, quando os militares foram executados após uma perseguição

Publicado em 20 de novembro de 2023 às 10:02

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Eric, Érica, Eduardo e Luana foram presos suspeitos de fazer emboscada para assassinar os soldados  Paulo Eduardo Oliveira Celini e Bruno Mayer
Eric, Érica, Eduardo e Luana são réus em ação penal pelo assassinato de dois policiais militares . (Montagem | A Gazeta)

A Justiça estadual começou a ouvir o depoimento de testemunhas, vítimas e investigadores dos crimes que resultaram na morte de dois policiais militares, em uma emboscada, como aponta denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), em outubro de 2022. O crime pôs fim a vida de Bruno Mayer, de 30 anos, e Paulo Eduardo Oliveira Celini, de 29.

De acordo com o advogado Wanderson Tomaz Valadares, que atua no processo como assistente de acusação, representando a família do policial Paulo, foram ouvidas nesta sexta-feira (17), em audiência de instrução, três vítimas, além de policiais militares e civis.

“Eles fizeram relatos sobre os crimes que aconteceram na Rodovia Leste Oeste e que antecederam a morte dos policiais. Uma próxima audiência será agendada para ouvir mais uma vítima e um delegado, já que ambos se ausentaram na audiência desta sexta (17), além das testemunhas de defesa e as do Ministério Público”, relatou.

A expectativa de Valadares é de que os quatro acusados sejam encaminhados ao Tribunal do Júri. “Um dos acusados confessou que matou os policiais para se defender e diz que os demais não participaram do assassinato, mas há elementos no processo que comprovam que todos estavam no local do crime. Acreditamos que todos vão enfrentar o julgamento”, assinalou.

O advogado explica que, após as audiências de instrução,  os advogados de defesa vão apresentar as suas argumentações, assim como o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), logo depois o juízo decidirá se vai ou não pronunciar os acusados, que é a decisão de enviar, ou não, os réus para o Tribunal do Júri.

Sepultamento do soldado da polícia militar no cemitério Parque da Paz, em Cariacica, Eduardo Oliveira Celini foi morto durante uma ocorrência
Sepultamento do soldado da polícia militar no cemitério Parque da Paz, em Cariacica. (Fernando Madeira)

Morte após perseguição

Os policiais foram mortos quando realizavam uma perseguição policial, após flagrarem um assalto a um veículo às margens da Rodovia Leste-Oeste. Os criminosos conseguiram fugir e foram acompanhados de perto pelos militares até o bairro Santa Bárbara, onde foram executados.

Na mesma noite, os quatro envolvidos no crime foram detidos. No dia 3 de março deste ano, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) apresentou a denúncia contra eles, que foi aceita no dia 16 do mesmo mês pela Quarta Vara Criminal de Cariacica, que realiza o Tribunal do Júri. Se tornaram réus:

  • Érica Lopes Ferreira, 27 anos 
  • Eduardo Bonfim Meireles, 40 anos 
  • Eric da Silva Ferreira, 45 anos 
  • Luana de Jesus Luz, 27 anos 

A prisão dos quatro réus foi mantida e, na decisão em que foi aceita a denúncia do MPES, foi informado: “Não vislumbro alteração no quadro fático, que decretou a prisão preventiva dos acusados, nem nas decisões posteriores que a manteve. Assim, utilizando-se per relationem os fundamentos deduzidos anteriormente e não existindo, por ora, outra medida adequada e suficiente para o caso sub judice, mantenho a prisão preventiva”.

Entre as acusações contra os quatro apontados como responsáveis pelo crime estão duplo homicídio qualificado, associação para cometer crimes, furto de armas de fogo, porte ilegal de armas de fogo de uso restrito, roubo exercido com arma de fogo, latrocínio na forma tentada, posse de droga para uso pessoal, fraude processual e uso de documento falso.

Paulo Eduardo Celini, à esquerda, e Bruno Mayer, foram mortos em uma emboscada. (Arquivo pessoal)

O crime

De acordo com a denúncia do MPES, os réus saíram de um churrasco em Jardim Marilândia, em Vila Velha, e seguiram em um Fox branco para Cariacica, pela Rodovia Leste-Oeste. No caminho, às margens da via, encontraram um Fiat Argo com quatro ocupantes. O veículo estava com o pneu furado.

O documento informa que, neste momento, que o grupo denunciado, armado, aproveitou a ocasião para assaltar os ocupantes do Fiat, deles roubando a chave do veículo e um iPhone. Há relatos inclusive de disparo de arma de fogo cujo tiro teria atingido de raspão uma das vítimas.

Eles acabaram sendo flagrados pelos policiais militares. Após uma perseguição, Bruno Mayer Ferrani e Paulo Eduardo Oliveira Celini foram emboscados na Rua Manoel Freire, em Santa Bárbara, Cariacica. Ao concluir o inquérito, a Polícia Civil informou que Eduardo e Érica, que estavam no banco traseiro do automóvel, teriam saído do veículo e se escondido, ação que permitiu emboscar os militares.

Na denúncia do MPES é relatado que ao chegarem a Santa Bárbara, após a perseguição, os policiais encontraram o Fox branco com seus ocupantes, momento em que os dois policiais fizeram a abordagem. Eduardo teria conseguido sair do veículo sem ser percebido e conseguiu surpreender os militares. O grupo denunciado disparou contra os policiais e fugiu.

Apesar de serem resgatados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhados ao Hospital Meridional, em Cariacica, a dupla de PMs não resistiu aos ferimentos.

Eric e Luana abandonaram o Fox branco e foram presos em Padre Gabriel, bairro de Cariacica. Já Érica e Eduardo foram presos em um motel, na mesma cidade. Com eles, a polícia encontrou uma das armas usadas no crime e as armas furtadas dos policiais. Ao ser detido, Eduardo apresentou o nome falso de Marcelo Gomes Freitas.

O que diz a defesa dos réus

No último mês de junho, os advogados Antonio Luiz de Souza, Rafael Almeida de Souza e Sarah Raissa Martins, que fazem a defesa de Eric da Silva Ferreira e Luana de Jesus Luz, informaram que o processo tramita em segredo de justiça, motivo pelo qual ficam impossibilitados de prestar informações neste momento.

“Entretanto,  conforme já noticiado pela imprensa, um dos corréus confessa a autoria e informa como se deu a dinâmica dos fatos”, informaram os advogados em nota.

O texto acrescenta ainda que eles aguardam o início da instrução processual “para a colheita das provas e demais atos, e assim comprovar que os fatos ocorreram de maneira diversa da apresentada na denúncia, bem como a decisão do magistrado sobre a necessidade de manutenção do segredo de justiça".

A defesa de Eduardo Bonfim Meireles preferiu não se manifestar, destacando que o processo tramita sob sigilo. A defesa de Érica Lopes Ferreira não foi localizada pela reportagem e, quando isso acontecer, este texto será atualizado com a manifestação dela.

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