> >
Quatro se tornam réus por assassinato de policiais em emboscada no ES

Quatro se tornam réus por assassinato de policiais em emboscada no ES

A denúncia apresentada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) foi aceita pela Justiça estadual, que decidiu ainda manter presos os quatro acusados pelo crime

Publicado em 22 de junho de 2023 às 12:21

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Eric, Érica, Eduardo e Luana foram presos suspeitos de fazer emboscada para assassinar os soldados  Paulo Eduardo Oliveira Celini e Bruno Mayer
Eric, Érica, Eduardo e Luana são réus em ação penal pelo assassinato de dois policiais militares . (Montagem | A Gazeta)

Quatro pessoas se tornaram rés em uma ação penal pelo assassinato de dois policiais militares em uma emboscada. O crime que pôs fim à vida de Bruno Mayer, de 30 anos, e Paulo Eduardo Oliveira Celini, de 29, aconteceu no dia 16 de outubro do ano passado, em Cariacica. 

Vão responder pelo crime:

  • Érica Lopes Ferreira, 27 anos 
  • Eduardo Bonfim Meireles, 40 anos 
  • Eric da Silva Ferreira, 45 anos 
  • Luana de Jesus Luz, 27 anos 

O grupo está dividido em dois casais. Eric e Luana vivem juntos e têm um filho.  Ele também é pai da Érica. O outro casal é formando pelos namorados Eduardo e Érica, com pelo menos três meses de relacionamento, segundo depoimentos deles. No momento da prisão,  Eduardo apresentou documento falso com o nome de Marcelo Gomes de Freitas. Na ocasião do crime, também estava foragido por ter mandado de prisão contra ele por homicídio, associação criminosa e roubo.

Os PMs foram mortos quando realizavam uma perseguição policial, após flagrarem um assalto a um veículo às margens da Rodovia Leste-Oeste. Os criminosos conseguiram fugir e foram acompanhados de perto pelos militares até o bairro Santa Bárbara, onde foram executados.

Na mesma noite, os quatro envolvidos no crime foram detidos. No dia 3 de março deste ano, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) apresentou a denúncia contra eles, que foi aceita no dia 16 do mesmo mês pela Quarta Vara Criminal de Cariacica, que realiza o Tribunal do Júri. 

A prisão dos quatro réus foi mantida e, na decisão em que foi aceita a denúncia do MPES, foi informado: “Não vislumbro alteração no quadro fático, que decretou a prisão preventiva dos acusados, nem nas decisões posteriores que a manteve. Assim, utilizando-se per relationem os fundamentos deduzidos anteriormente e não existindo, por ora, outra medida adequada e suficiente para o caso sub judice, mantenho a prisão preventiva”.

Entre as acusações contra os quatro apontados como responsáveis pelo crime estão duplo homicídio qualificado, associação para cometer crimes, furto de armas de fogo, porte ilegal de armas de fogo de uso restrito, roubo exercido com arma de fogo, latrocínio na forma tentada, posse de droga para uso pessoal, fraude processual, uso de documento falso.

Paulo Eduardo Celini, à esquerda, e Bruno Mayer, foram mortos em uma emboscada. (Arquivo pessoal)

Andamento do processo

Após o recebimento da denúncia, serão realizadas as audiências de instrução, que ainda não foram marcadas. É o momento em que os réus, assim como as testemunhas, vão ser ouvidos em juízo.

Na sequência, os advogados ainda vão apresentar as suas argumentações; logo depois, o juízo decidirá se vai ou não pronunciar os acusados, que é a decisão que envia, ou não, os réus para o Tribunal do Júri.

O advogado Wanderson Tomaz Valadares é o assistente de acusação, representando a família do policial Paulo. Ele destaca que vai atuar junto com o MPES para obter a condenação dos acusados pelo crime.

“Queremos que os acusados, que estão respondendo por homicídio, latrocínio, associação criminosa, porte de arma, sejam condenados e não vamos abrir mão de todas as imputações presentes na denúncia do MPES. Vamos trabalhar para que, no rigor da lei, sejam punidos pelo bárbaro crime”, assinalou.

O que diz a defesa dos réus

Os advogados Antonio Luiz de Souza, Rafael Almeida de Souza e Sarah Raissa Martins fazem a defesa de Eric da Silva Ferreira e Luana de Jesus Luz. Destacam que o processo tramita em segredo de justiça, motivo pelo qual ficam impossibilitados de prestar informações neste momento.

“Entretanto, esclarecemos que a instrução processual ainda não foi iniciada e que, conforme já noticiado pela imprensa, um dos corréus confessa a autoria e informa como se deu a dinâmica dos fatos”, informaram os advogados em nota.

O texto acrescenta ainda que eles aguardam o início da instrução processual “para a colheita das provas e demais atos, e assim comprovar que os fatos ocorreram de maneira diversa da apresentada na denúncia, bem como a decisão do magistrado sobre a necessidade de manutenção do segredo de justiça".

A defesa de Eduardo Bonfim Meireles preferiu não se manifestar, destacando que o processo tramita sob sigilo. A defesa de Érica Lopes Ferreira não foi localizada pela reportagem e, quando isso acontecer, este texto será atualizado com a manifestação dela.

O crime

De acordo com a denúncia do MPES, os réus saíram de um churrasco em Jardim Marilândia, em Vila Velha, e seguiram em um Fox branco para Cariacica, pela Rodovia Leste-Oeste. No caminho, às margens da via, encontraram um Fiat Argo com quatro ocupantes. O veículo estava com o pneu furado.

O documento informa que, neste momento, o grupo denunciado, armado, aproveitou a ocasião para assaltar os ocupantes do Fiat, deles roubando a chave do veículo e um iPhone. Há relatos, inclusive, de disparo de arma de fogo, cujo tiro teria atingido de raspão uma das vítimas.

Sepultamento do soldado da polícia militar no cemitério Parque da Paz, em Cariacica, Eduardo Oliveira Celini foi morto durante uma ocorrência
Sepultamento do soldado da polícia militar no cemitério Parque da Paz, em Cariacica. (Fernando Madeira)

Eles acabaram sendo flagrados pelos policiais militares. Após uma perseguição, Bruno Mayer Ferrani e Paulo Eduardo Oliveira Celini foram emboscados na Rua Manoel Freire, em Santa Bárbara, Cariacica. Ao concluir o inquérito, a Polícia Civil informou que Eduardo e Érica, que estavam no banco traseiro do automóvel, teriam saído do veículo e se escondido, ação que permitiu emboscar os militares.

Na denúncia do MPES é relatado que, ao chegarem a Santa Bárbara, após a perseguição, os policiais encontraram o Fox branco com seus ocupantes, momento em que os dois policiais fizeram a abordagem. Eduardo teria conseguido sair do veículo sem ser percebido e conseguiu surpreender os militares. O grupo denunciado disparou contra os policiais e fugiu.

Apesar de serem resgatados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhados ao Hospital Meridional, em Cariacica, a dupla de PMs não resistiu aos ferimentos.

Eric e Luana abandonaram o Fox branco e foram presos em Padre Gabriel, bairro de Cariacica. Já Érica e Eduardo foram presos em um motel, na mesma cidade. Com eles a polícia encontrou uma das armas usadas no crime e as armas furtadas dos policiais. Ao ser detido, Eduardo apresentou o nome falso de Marcelo Gomes Freitas.

Quatro se tornam réus por assassinato de policiais em emboscada no ES

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais