> >
Da perseguição à emboscada: entenda o crime que levou dois PMs à morte

Da perseguição à emboscada: entenda o crime que levou dois PMs à morte

Saiba o que aconteceu entre o momento que profissionais viram suspeitos em uma tentativa de assalto aos disparos contra os soldados, que acabaram não resistindo e morreram

Publicado em 16 de outubro de 2022 às 20:12

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Soldados Bruno Mayer e Paulo Eduardo Celin
Soldados Bruno Mayer e Paulo Eduardo Celin. (Wagnerbreciane_fotografia/Reprodução Rede social)
Reinaldo Fonseca
Repórter / [email protected]

O assassinato de dois soldados da Polícia Militar em Cariacica, na madrugada de domingo (16), chocou o Espírito Santo. O enredo da morte dos profissionais começou durante uma ronda noturna de rotina, na região da Rodovia Leste-Oeste. Quando passavam pelo local, os policiais flagraram uma tentativa de assalto. Ali, eles começaram uma perseguição aos suspeitos, que terminou com a execução dos dois militares após uma emboscada.

Em menos de sete horas após o crime, o grupo suspeito de estar envolvido com as mortes foi preso, segundo informações do secretário estadual de Segurança Pública, coronel Márcio Celante.

Entenda o que aconteceu entre a perseguição, a abordagem dos suspeitos, a execução dos PMs e como serão as investigações sobre o caso.

RONDA POLICIAL E FLAGRANTE DO ASSALTO

Os policiais militares Paulo Eduardo Oliveira Celini, de 29 anos, e Bruno Mayer, de 30, realizavam uma ronda noturna em Cariacica, nos entornos da Leste-Oeste.

Durante o serviço, por volta das 3 horas da madrugada, os soldados avistaram uma tentativa de assalto.

Dois dos quatro suspeitos, que estavam em um Fox branco, saíram do carro e tentaram abordar um Fiat Argo. Nesse momento, os assaltantes foram surpreendidos pela chegada dos policiais, que ligaram suas sirenes e o giroflex.

Ao avistarem a viatura, os assaltantes — um homem e uma mulher — entraram no Fox branco novamente e tentaram fugir. A partir dessa hora, foi iniciada uma perseguição.

O carro era dirigido por Eric da Silva Ferreira, de 45 anos. No carona, estava Luana de Jesus Luz, de 26; no banco traseiro, estavam os namorados Eduardo Bonfim Meireles, de 40 anos, e Erica Lopes Ferreira, de 26 anos.

Eric, Érica, Eduardo e Luana foram presos suspeitos de fazer emboscada para assassinar os soldados  Paulo Eduardo Oliveira Celini e Bruno Mayer
Eric, Érica, Eduardo e Luana foram presos suspeitos de fazer emboscada para assassinar os soldados Paulo Eduardo Oliveira Celini e Bruno Mayer. (Montagem A Gazeta / Foto do leitor)

VÍTIMAS DO ASSALTO

Três pessoas estavam num Fiat Argo quando o assalto foi anunciado. Eles deram coronhadas nas vítimas, entre elas uma grávida.

Os bandidos pegavam celular, pulseira e cordão de uma das vítimas quando viram o carro da polícia se aproximando. Durante a abordagem dos bandidos, um dos suspeitos fez um disparo de arma de fogo em direção ao carro e atingiu uma das vítimas de raspão.

A mãe do motorista do carro assaltado disse que um dos criminosos daria outro tiro no filho, mas que a aproximação da polícia inibiu os assaltantes.

Ainda não se sabe qual o tipo de arma foi utilizada na tentativa de roubo. De acordo com uma das vítimas, uma assaltante, que pertencia ao grupo criminoso, portava uma arma calibre 12. A suspeita da polícia é que essa mulher seja a Erica.

PERSEGUIÇÃO E PEDIDO DE REFORÇOS

Assim que avistaram a tentativa de assalto, os PMs deram início à perseguição e solicitaram reforços à Corporação.

O veículo branco com os quatro suspeitos foi perseguido até o bairro Santa Bárbara. No local, os policiais ligaram novamente as sirenes da viatura, segundo a versão da polícia.

EMBOSCADA E TIROS

Na Rua Manoel Freire, ainda em Santa Bárbara, os bandidos encostaram o Fox branco. Eduardo e Érica se esconderam atrás de um caminhão para uma emboscada, segundo a polícia. Eric e Luana continuaram dentro do veículo, nos bancos da frente, de acordo com as autoridades.

Quando a viatura alcançou os suspeitos de assalto, os policiais desceram do veículo para realizar a abordagem do motorista e da carona.

Conforme fala do comandante do 7º Batalhão da Polícia Militar, o tenente-coronel Paulo Roberto Schulz Barbosa, foi nessa hora que os suspeitos escondidos atiraram contra os soldados. Um foi atingido por um tiro no rosto e o outro na região da axila esquerda.

Embed sonora de Douglas Caus

SOCORRO E MORTE

Após atirar contra os soldados, Eduardo e Erica embarcaram novamente no Fox e fugiram com os outros dois que já estavam dentro do veículo.

Segundo informações da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), quando as equipes de reforços chegaram, os dois policiais estavam deitados em frente à viatura, que também foi alvo dos disparos.

Os soldados chegaram a ser socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levados ao Hospital Meridional, em Cariacica. Porém, não resistiram aos ferimentos.

Ainda não há informação sobre os tipos de armas utilizadas contra Celini e Mayer e dos danos causados à viatura.

PRISÃO DO MOTORISTA E DA CARONA

Algumas horas após a fuga, a PM encontrou o Fox branco utilizado pelo grupo abandonado nos entornos de Castelo Branco. Ainda no bairro, um policial militar viu um casal caminhando nas proximidades, que apresentava atitude suspeita. O homem e a mulher foram identificados como Eric da Silva Ferreira e Luana de Jesus Luz. Motorista e carona, respectivamente. Após serem abordados, ambos confessaram a participação no crime.

PRISÃO EM MOTEL

Em seguida, a partir de investigações das polícias Civil e Militar, os outros dois participantes foram identificados e localizados em um motel, em Cariacica.

Eduardo Bonfim Meireles comemorava o aniversário de 40 anos neste domingo. Ele é namorado de Erica Lopes Ferreira, e ambos têm ficha criminal com homicídios e assaltos à mão armada, segundo a polícia.

Os policiais foram descaracterizados ao local e abordaram o casal. Lá, foram encontradas três armas: uma pistola 9mm, debaixo da cama do motel, e outras pistolas 2 .40, que pertenciam aos soldados mortos.

No início da abordagem, Eduardo, inicialmente, deu o nome falso de Marcelo, seu irmão. Erica é filha de Eric, que dirigia o carro Fox branco, ao lado de Luana.

Em fala, o comandante-geral da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), coronel Douglas Caus, informou que o tempo de duração entre a perseguição e as prisões foi de aproximadamente 7 horas.

Os quatro suspeitos foram presos e encaminhados ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) por volta das 10h45.

Entre todos os membros do quarteto, apenas Luana — a carona — não tinha antecedentes criminais.

INVESTIGAÇÕES CONTINUAM

Em coletiva de imprensa que ocorreu na tarde deste domingo (16), a delegada-geral adjunta da Polícia Civil Denise Maria Carvalho informou que as investigações continuam a fim de detalhar o envolvimento de cada um nos homicídios.

Além disso, Carvalho enfatiza que “é preciso deixar claro que não há ligação entre (a morte dos policiais e) as últimas ocorrências no Estado envolvendo as queimas de ônibus e assaltos em Santa Leopoldina”.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais