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Quem ganha e quem perde após o troca-troca partidário no ES

Reviravoltas e debandadas marcaram o período da janela partidária e o prazo de filiações para quem quer disputar a eleição deste ano

Vitória
Publicado em 02/04/2022 às 10h36
Atualizado em 04/04/2022 às 11h02
Novo modelo de urna eletrônica, a ser utilizado em 2022
Novo modelo de urna eletrônica, a ser utilizado em 2022. Crédito: Abdias Pinheiro/TSE

Após reviravoltas e debandadas, o período de filiações partidárias de olho nas eleições deste ano deixou um rastro de sopa de letrinhas, reconfigurou o plenário da Assembleia Legislativa e mostrou que o pragmatismo e o instinto de sobrevivência falam mais alto.

O Progressistas (PP) saiu turbinado, fortalecido pelo número de deputados que conseguiu atrair, mas precisa passar pelo teste das urnas para não ver o poder recém-conquistado minguar. A sigla já é alvo de fogo amigo, com insatisfações de outros partidos casagrandistas quanto ao apetite da legenda.

No Espírito Santo o partido é comandado pelo ex-secretário estadual de Saneamento e Habitação Marcus Vicente, aliado do governador Renato Casagrande (PSB).

O PP é um dos principais parceiros do socialista, mas abriga também o deputado federal Evair de Melo, um dos vice-líderes do governo Jair Bolsonaro (PL), e agora também o deputado federal Neucimar Fraga, apoiador do presidente da República.

A ida de Neucimar para o PP, aliás, foi um dos marcos do período de filiações, já que ele abandonou o partido que presidia, o PSD, para ir para lá. Foi onde viu mais chances de se reeleger, percebendo que, no PSD, a coisa não ia bem para quem queria um lugar na Câmara dos Deputados.

O PSD não colocou um cropped, mas reagiu. Atraiu o ex-vice-governador César Colnago (ex-PSDB) e o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (ex-MDB), pré-candidato ao governo do estado, e tem planos de bater de frente com Casagrande. A disputa para eleger deputados estaduais e federais, no entanto, são outros quinhentos.

Por outro lado, o União Brasil (fruto da fusão entre DEM e PSL) sofreu uma debandada após o deputado federal Felipe Rigoni assumir o controle do partido no estado para garantir sua candidatura ao Palácio Anchieta.

O União perdeu todos os deputados estaduais e uma federal. Tem o desafio de tentar contornar isso com as chapas montadas para eleger parlamentares.

Mas quem mais perdeu mesmo foi o MDB. O partido já vinha definhando, após uma série de brigas internas e, sob o comando da senadora Rose de Freitas, ficou sem o pouco que tinha. Quadros históricos, como Guerino Zanon e a ex-deputada estadual Luzia Toledo, foram para outras legendas.

O único deputado estadual que sobrou, Doutor Hércules, também partiu, desfiliou-se nesta sexta (1) e passou a vagar à procura de abrigo.

O troca-troca partidário foi marcado pelo clima de barata-voa devido ao fim das coligações para eleger deputados.

Cada partido teve que se virar para arrumar candidatos suficientes para montar uma chapa sozinho e fazer contas, projetando a quantidade de supostos votos de cada um para prever as chances de eleição.

"A indecisão no meio político... eu nunca vi nos meus 60 anos de vida pública", resumiu o deputado estadual Theodorico Ferraço.

PP

Em número de integrantes com mandato, o Progressistas (PP) fez barba, cabelo e bigode na formação de chapas para as eleições deste ano. Se isso vai se refletir em votos, somente as urnas podem dizer.

O PP ganhou três deputados federais, pré-candidatos à reeleição: Norma Ayub (ex-União Brasil), Da Vitória (ex-Cidadania) e Neucimar Fraga (ex-PSD).

Lá já estava, e segue mantido, outro deputado federal, Evair de Melo, também pré-candidato à reeleição. O partido, portanto, saiu de um deputado federal para quatro, isso, claro, antes das eleições de outubro.

E ainda tem Marcus Vicente, ex-secretário estadual de Saneamento e Habitação, que disputa uma vaga na Câmara dos Deputados. Em 2018, ele, que é o presidente estadual do PP, ficou como suplente.

A projeção de integrantes do partido é eleger quatro deputados federais, algo ambicioso, considerando que isso representa 40% das 10 cadeiras disponíveis para o Espírito Santo. Há quem duvide da façanha.

Entre os deputados estaduais, Theodorico Ferraço debandou do União Brasil e foi para o PP. Raquel Lessa saiu do PROS e foi para lá também. Mesmo caminho tomado por Marcos Madureira, egresso do Patriota, e por Marcos Garcia, que saiu do PV.

O partido não tinha nenhuma cadeira na Assembleia Legislativa, agora tem quatro. Sempre lembrando que isso pode mudar após o pleito.

Integrante da base aliada ao governador Renato Casagrande (PSB), o PP tem demonstrado um grande apetite.

Está na corrida também para emplacar o candidato ao Senado na chapa do socialista, que seria Da Vitória, mas esse é um espaço disputado mais à frente.

O secretário-geral do PP no Espírito Santo, Marcos Delmaestro, afirmou, no Congresso estadual do PSB, no último dia 27, que o partido vai ser "o motor que vai tocar o projeto" de Casagrande nos próximos quatro anos.

No Congresso Nacional, o PP integra o Centrão e a base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

PSB

O partido do governador Casagrande viveu tempos menos turbulentos que alguns dos demais partidos que aqui vão ser mencionados, montou as chapas para eleger deputados estaduais e federais sem muitos traumas.

Atraiu dois novos estaduais, Luciano Machado (ex-PV) e Janete de Sá (ex-PMN), que se somam a Bruno Lamas e Dary Pagung, todos candidatos à reeleição, e a Freitas, que concorre a uma vaga na Câmara dos Deputados.

Sergio Majeski, que integrava a bancada do partido na Assembleia, migrou para o PSDB.

Entre os pré-candidatos a deputado federal do PSB estão ainda o ex-diretor-geral do Detran, Givaldo Vieira, o pré-candidato à reeleição Paulo Foletto, o ex-deputado federal Ted Conti (que era suplente de Foletto) e a vice-governadora Jacqueline Moraes.

A prioridade do PSB é reeleger o governador Renato Casagrande e a prioridade de Casagrande, via de regra, é o PSB, mas ele se equilibrou para abarcar as necessidades da ampla aliança que pretende manter.

O governador ajudou a montar as chapas de candidatos ao Legislativo dos partidos aliados.

PSDB e Cidadania

Os dois partidos formaram uma federação. Assim, as chapas para eleger deputados estaduais e federais são compostas por integrantes das duas legendas.

O PSDB ganhou o reforço do deputado estadual Sergio Majeski, que é pré-candidato à Câmara dos Deputados, assim como o vereador da Serra Rodrigo Caldeira, outro recém-chegado ao ninho tucano, e o ex-prefeito de Vila Velha Max Filho.

Na disputa por vagas na Assembleia Legislativa, quatro deputados estaduais que já integravam as duas legendas estão no páreo: Fabrício Gandini (Cidadania), Emílio Mameri (PSDB), Marcus Mansur (PSDB) e Vandinho Leite (PSDB).

Além do vereador de Vitória Luiz Emanuel e da ex-secretária estadual de Turismo, Lenise Loureiro, ambos do Cidadania. O ex-vereador de Vitória Mazinho dos Anjos, que saiu do PSD, foi para o ninho tucano e também é pré-candidato a deputado estadual.

O PSDB, de acordo com Vandinho, que é o presidente estadual do partido, muito provavelmente vai apoiar a reeleição de Casagrande. O Cidadania já integra a base.

Devido à proximidade dos tucanos com o Palácio Anchieta, o ex-vice-governador César Colnago abandonou o ninho e migrou para o PSD. Ele pretende disputar o governo do estado.

PODEMOS

Um dos principais aliados do governador Renato Casagrande, o Podemos filiou o ex-secretário estadual de Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho. Inicialmente, ele figurava como pré-candidato a deputado federal, mas obteve a garantia que vai ter espaço para disputar o Senado.

O Podemos passou por turbulências para montar a chapa de pré-candidatos a deputado federal. O principal nome da sigla para a Câmara é justamente o presidente estadual, Gilson Daniel.

E neste sábado (2) o Podemos sofreu uma baixa. O médico Gustavo Peixoto, que se filiou à sigla no mesmo dia que o ex-juiz Sergio Moro visitou o estado, migrou para o União Brasil, repetindo o caminho de Moro.

REPUBLICANOS

O carro-chefe do Republicanos para a eleição de deputados federais é Amaro Neto, pré-candidato à reeleição. A expectativa da legenda é que ele supere a marca de votos alcançada em 2018, que foi de 181.813.

O presidente nacional do partido, Marcos Pereira, está certo de que ele consegue. Os concorrentes duvidam. O quociente eleitoral, a quantidade de votos necessários para se eleger um deputado federal no Espírito Santo, é de cerca de 200 mil.

O ex-deputado federal Jorge Silva também se filiou ao Republicanos e espera que o companheiro de chapa tenha muitos votos mesmo para que seja possível eleger dois nomes para a Câmara. Entre os candidatos a deputado federal da legenda está ainda o vereador de Vila Velha Devanir Ferreira.

Entre os candidatos a deputado estadual, Hudson Leal tenta a reeleição. E a ex-deputada estadual Luzia Toledo tenta voltar à Assembleia. Ela saiu do MDB e escolheu o Republicanos.

O partido também recebeu, nesta sexta, a delegada aposentada da Polícia Civil Gracimeri Gaviorno, pré-candidata a deputada estadual.

O presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso, é pré-candidato ao governo do estado.

As costuras que o partido faz agora, portanto, são um voo solo, distantes do Palácio Anchieta. O Republicanos tem como aliados o PSC e o Agir36, siglas pequenas e conservadoras.

UNIÃO BRASIL

Após passar a ser comandado no estado pelo deputado federal Felipe Rigoni, o União Brasil sofreu uma debandada. Rigoni é pré-candidato ao governo do estado e assumiu o controle justamente para garantir espaço a ele mesmo na disputa.

Saíram, além da deputada federal Norma Ayub (para o PP) e do deputado estadual Theodorico Ferraço (para o PP), os também deputados estaduais coronel Alexandre Quintino (para o PDT), José Esmeraldo (para o PDT) e Torino Marques (para o PTB).

A estratégia de Rigoni foi procurar pessoas sem mandato de deputado para disputar, meio improvisadamente.

Entre os novos filiados ao União Brasil estão o vice-prefeito da Serra, Thiago Carreiro (ex-Cidadania), que vai concorrer a uma vaga de deputado federal, e o vereador de Vitória Denninho (ex-Cidadania), o mais votado na Capital em 2020. Ele agora quer uma cadeira na Assembleia Legislativa.

Para a chapa de deputado federal, o União atraiu ainda o médico Gustavo Peixoto, que saiu do Podemos.

Ou seja, o União Brasil saiu de cinco deputados estaduais e dois federais para nenhum representante na Assembleia e apenas um, pelo Espírito Santo, na Câmara, o próprio Rigoni.

DC

O DC, que não tinha nenhum deputado estadual, agora tem: Carlos Von (ex-Avante), que é pré-candidato à reeleição.

PDT

O PDT ganhou o reforço do deputado estadual coronel Alexandre Quintino, egresso do União Brasil. O parlamentar tem perfil de centro-direita, mas acabou numa sigla de centro-esquerda por circunstâncias eleitorais e políticas.

Quintino é aliado de Casagrande, logo, era imperioso que se afastasse de Rigoni. O PDT apoia o socialista. E também foi lá que, às pressas e após muitas conversas, ele encontrou uma chapa que considerou viável.

Outro deputado estadual, Adilson Espíndula, migrou para o PDT. A permanência dele no PTB ficou insustentável após uma briga interna e quem levou a melhor foi a ala que apoia Carlos Manato, o pré-candidato do PL ao governo do estado. Casagrandista, Espíndula foi para uma sigla que compõe a base do governo.

Além deles, o PDT tem os deputados estaduais Luiz Durão e José Esmeraldo, que se filiou recentemente à sigla, após sair do União Brasil.

E no limite do prazo para filiações dos que pretendem disputar o pleito de 2022, o PDT filiou o jornalista Philipe Lemos.

PT

O PT não foi muito afetado pela janela partidária e pelo fim do prazo de filiações porque já havia feito movimentos para atrair novos membros e não sofreu defecções.

O partido está federado com PV e PCdoB. Entre os quadros petistas que vão ser lançados estão o ex-prefeito João Coser, a deputado estadual, e a presidente estadual da sigla, Jackeline Rocha, à Câmara dos Deputados.

O ex-deputado estadual Roberto Carlos, que passou um tempo na Rede, voltou ao PT e vai tentar uma vaga na Assembleia. Lá, Iriny Lopes vai disputar a reeleição.

O PT tem a pré-candidatura do senador Fabiano Contarato ao governo do estado.

PSC

O partido conseguiu manter a deputada federal Lauriete em seus quadros. Ela foi disputada por outras siglas para tentar a reeleição. O deputado estadual Renzo Vasconcelos migrou para lá e é pré-candidato à Câmara Federal. Outro deputado estadual que aportou no PSC foi Xambinho (ex-PL). Assim, o PSC, que não tinha nenhum membro na Assembleia, agora tem dois. 

O ex-secretário de Segurança Urbana de Vitória, o delegado da Polícia Civil Ícaro Ruginski, filiou-se ao PSC para tentar ser deputado federal. 

O PSC é parceiro do Republicanos, do prefeito Lorenzo Pazolini.

MDB

O MDB viveu brigas fatricidas desde a saída do então governador Paulo Hartung do partido, em 2018. Grupos ligados ao ex-deputado federal Lelo Coimbra e ao também ex-deputado Marcelino Fraga levaram a disputa à Justiça. No fim das contas, o controle foi entregue à senadora Rose de Freitas pela Executiva nacional.

O ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon deixou o partido porque Rose se aproximou do governador Renato Casagrande, que vai tentar a reeleição. Guerino é pré-candidato ao Palácio Anchieta.

Emedebistas como a ex-deputada estadual Luzia Toledo também deixaram de integrar o partido. "Não tem chapa", resumiu Luzia. Ou seja. o MDB não reuniu pré-candidatos a deputado o suficiente para se tornar competitivo no pleito, o que fez com que quem tem interesse em disputar saísse.

O deputado estadual Doutor Hércules também passou pela porta de saída.

Rose esteve com o governador Casagrande nesta sexta em busca de ajuda.

PSOL

O partido aprovou, nacionalmente, a federação com a Rede, mas as conversas no Espírito Santo entre os dois partidos ainda não engrenaram.

Tradicionalmente, o PSOL não coligava com ninguém, logo, o fim das coligações não o afetou muito.

Também não recebeu novas filiações de destaque. O partido aposta na vereadora de Vitória Camila Valadão para chegar à Assembleia Legislativa.

PTB

As principais pré-candidaturas do PTB sãos as que já estavam postas: a do Tenente Assis, à Câmara dos Deputados, e a da deputada federal Soraya Manato que, durante a janela partidária, mas não no limite do prazo, saiu do PSL.

O PTB está junto com o PL de Magno Malta, em apoio à pré-candidatura do ex-deputado Carlos Manato ao governo do estado.

O partido também passou por disputas internas e deve perder o deputado estadual Adilson Espíndula.

PSD

O PSD correu para atrair quadros que formassem chapas de pré-candidatos a deputado federal e estadual, após a saída do então presidente estadual da sigla, Neucimar Fraga. O presidente do partido em Vitória, Mazinho dos Anjos, também partiu. Neucimar foi para o PSD e Mazinho, para o PSDB.

Para a Câmara, o "puxador de votos", como definiu o presidente em exercício do partido, José Carlos da Fonseca Júnior, seria o ex-deputado federal Lelo Coimbra. A coluna não conseguiu contato com ele.

Para deputado estadual, o nome de maior destaque é o do vereador de Vitória Davi Esmael, que já integrava os quadros do partido. OPSD tem como pré-candidato ao governo do estado o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon. O ex-vice-governador César Colnago também tenta se viabilizar.

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