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Por sobrevivência, Neucimar troca o PSD, que ele mesmo presidia, pelo PP

Mudança mexe no tabuleiro também da disputa pelo governo do ES. Entenda

Vitória
Publicado em 24/03/2022 às 02h10
Deputado federal Neucimar Fraga
Deputado federal Neucimar Fraga. Crédito: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Por questão de  "sobrevivência", o deputado federal Neucimar Fraga deixa nesta quinta-feira (24) o PSD, que era presidido por ele no Espírito Santo, e vai para o PP. A palavra entre aspas foi dita pelo próprio Neucimar para explicar o motivo da troca de legenda. A questão é matemática e pragmática.

Neucimar quer ser reeleito e avalia que, no PSD, não teria chances. Já no PP a chapa para a disputa por vagas na Câmara Federal soa competitiva. A corrida pelo Palácio Anchieta também influencia. 

O PSD flerta, ou flertava, com o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Eugênio Ricas, pré-candidato ao governo do estado. Neucimar não era um entusiasta da ideia. A possível filiação do ex-governador Paulo Hartung ao PSD também mexe com a formação de chapa de candidatos a deputado federal.

"Tinha várias lideranças conversando (para disputar a Câmara Federal pelo PSD), mas com o anúncio de filiação do Paulo as pessoas próximas ao Renato (Casagrande) não queriam entrar; Com a possível filiação do Ricas, quem está com Renato também se sentiu desconfortável", contou Neucimar.

O governador Renato Casagrande (PSB) deve tentar a reeleição e tem um amplo leque de aliados.

Para aumentar a complicação, ainda de acordo com Neucimar, o ex-deputado federal Lelo Coimbra (MDB), que deve ser candidato a deputado federal, somente ingressaria no PSD se a entrada de Paulo Hartung estivesse assegurada. 

E para a entrada da deputada federal Norma Ayub (União Brasil) a condição era a filiação também no PSD do deputado estadual Theodorico Ferraço (União Brasil), marido dela, mas a chapa de candidatos a deputado estadual já está formada no PSD, não haveria espaço para ele. 

Com tantas arestas a aparar, impossível agradar a todos, ou ao mínimo possível para garantir a eleição de Neucimar. Mas por que ele precisava que outros nomes que disputam a Câmara, em tese concorrentes, se juntassem à chapa?

É que uma andorinha só não faz verão. Para atingir o número de votos necessário para eleger um ou dois deputados federais, os partidos precisam de bons puxadores de votos ou de pessoas com médias razoáveis que, somadas, garantam uma ou algumas cadeiras.

E isso sem contar com candidatos de outros partidos, já que as coligações estão proibidas para eleição de deputados.

No PP, a ideia é congregar esse cenário. Além de Neucimar, lá tem os deputados federais Evair de Melo e Da Vitória – este pode disputar o Senado, mas por enquanto é pré-candidato à reeleição –, e ainda há a possibilidade de filiação de Norma. Além disso, Fayda Belo e Renata Fiório, que disputaram a Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim em 2020, estão migrando para o partido.

Neucimar se filia às 12h desta quinta ao PP, em evento em Brasília ao lado do ministro das Comunicações, Fabio Faria, que também deixa o PSD para ingressar no partido.

PH ÁCIDO

Sobre o destino de Paulo Hartung, Neucimar diz que não fala mais. 

"Quem falou por ele (Paulo Hartung) até agora falou para o vento"

"Temos uma boa relação, mas ele pediu para não tocar nesse assunto porque quem está fazendo tratativa nacional para disputar a Presidência da República ou a vice-presidência é ele", emendou o deputado federal.

Um fator que pesou para o ingresso no PP é que o partido, nacionalmente, apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL), para quem o deputado vai pedir votos. No estado, o PP é também bolsonarista, mas de mãos dadas com o governador Renato Casagrande. 

Neucimar diz que não tem problema em ficar ao lado do socialista, como fez em 2018.

É um jogo, como mencionado no início, de matemática e pragmatismo.

PL

Como a coluna mostrou nesta quarta-feira (23), deputados bolsonaristas até gostariam de integrar o PL, partido de Bolsonaro, mas no Espírito Santo encontraram a porta fechada pelo ex-senador Magno Malta, que preside a legenda.

"Se pudesse estar num partido com (candidato a) presidente e a governador ... mas o PL não abriu a porta para os deputados da base de Bolsonaro. Gostaríamos de estar no PL, eu, o Evair, a Soraya (Manato), a Norma ...", comentou Neucimar. O pré-candidato a governador do PL é o ex-deputado Carlos Manato.

DA VITÓRIA E RICARDO FERRAÇO

A ida da família Ferraço, que anunciou a debandada do União Brasil após o deputado federal Felipe Rigoni assumir o partido no Espírito Santo, para o PP está sendo orquestrada.

Nesta quinta, o deputado federal Da Vitória, recém-filiado ao PP, reúne-se com o ex-senador Ricardo Ferraço. O ex-senador é quem presidiria o União Brasil no estado, antes de Rigoni ganhar carta-branca da direção nacional do partido.

Em tese, Ferraço não é pré-candidato, ao menos não se anunciou dessa forma, mas isso pode mudar. Da Vitória pretende convencê-lo a migrar para o PP, junto com Theodorico e Norma.

Pelas contas de Da Vitória (tudo isso projetando quantos votos cada pré-candidato teria), o PP pode eleger de três a quatro deputados federais, e ainda eleger um número considerável de estaduais, tornando-se o maior partido do estado.

Da Vitória, no entanto, pode disputar uma vaga ao Senado. "Se faríamos quatro federais, com a saída de um (candidato), faríamos três, o que também é um bom número. Mas nunca falei que vou disputar o Senado, sou candidato à reeleição", pontuou.

E RICAS?

A coluna não conseguiu contato com o superintendente da Polícia Federal, Eugênio Ricas, nesta quarta-feira e tampouco com o vice-presidente estadual do PSD, José Carlos da Fonseca Júnior, o Zé Carlinhos. É com ele, e com Hartung, que Ricas trata da possível filiação ao PSD. 

Mas sem as arestas para a formação de chapa para a disputa pela Câmara Federal, com a saída de Neucimar, o campo fica livre para o superintendente. Resta apenas a questão da filiação do prefeito de Linhares, Guerino Zanon, outro hartunguista, ao partido. Guerino, como a coluna mostrou, está numa encruzilhada, quer disputar o governo do estado, mas não encontra amparo na própria sigla, o MDB. O PSD, no entanto, teria que optar: ou Ricas ou Guerino. 

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