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Os policiais e bombeiros militares que querem ser candidatos no ES

Projeto Político Militar faz votação interna para escolher nomes a serem apoiados por entidades de classe, que devem se atrelar a partidos de direita

Vitória
Publicado em 22/03/2022 às 02h10
Quartel da PM em Maruípe: aposentadoria está agitando os militares neste fim de ano
Quartel da Polícia Miliar em Maruípe, Vitória. Crédito: G1

Nas eleições de 2020 os candidatos militares não se saíram bem, ao menos não na Grande Vitória. O deputado estadual Capitão Assumção, então filiado ao Patriota, disputou a Prefeitura de Vitória e ficou em 4º lugar, com 12.365 votos (7,22%). Já Coronel Wagner, que disputou pelo PL, obteve 13.661 votos em Vila Velha, o que equivale a 6,73%. Também ficou em 4ª lugar.

Na ocasião, a análise mais corrente foi a de que a lógica das eleições municipais não repete a das eleições gerais. Logo, o capital político bolsonarista, muito ligado aos militares, pode ter se dissolvido na ocasião, ao contrário do que houve em 2018 em que o presidente da República ascendeu levando aliados a reboque em vários estados, como Assumção.

Agora, outra eleição se avizinha. E as organizações de classe militares – associações, pois eles não podem se sindicalizar – organizam mais um chamado plebiscito, em que policiais e bombeiros militares vão poder escolher os candidatos a serem apoiados por tais entidades. A votação começou nesta segunda-feira (21) e segue até o dia 31 de março.

A ideia é eleger, internamente, um nome em cada região e assim escolher quem vai disputar vagas na Assembleia Legislativa e uma para a Câmara dos Deputados.

PRÉ-CANDIDATOS A DEPUTADO FEDERAL

  • Coronel PM Laércio 
  • Tenente BM Assis

PRÉ-CANDIDATOS A DEPUTADO ESTADUAL

  • Coronel PM Weliton
  • Cabo PM Eugênio
  • Coronel BM Willian
  • Cabo PM Max
  • Cabo PM Fonseca
  • Soldado PM Olmir Castiglioni
  • Major BM Miranda

Quem está à frente do Projeto Político Militar, como presidente, é o cabo Goes. Ele diz que as inscrições foram livres e quem se inscreveu aparece como elegivel no plebiscito.

Já o capitão Souza, que foi candidato a vice-prefeito de Cachoeiro de Itapemirim em 2020, pela Rede, na chapa com Joana D' Arck, do PT, diz que os nomes dos inscritos surgiram sem critério aparente. "Não houve abertura de inscrições gerais, como foi da outra vez, em 2018. A tropa só ficou sabendo quando já estavam postos os nomes", avaliou.

Ele afirma que ainda não decidiu se vai disputar as eleições deste ano, conversa com partidos, mas não integra o projeto das associações.

Via de regra, como afirmou o presidente do projeto, os candidatos militares tendem a partidos de direita. Eles são proibidos de se filiar e se atrelam a legendas apenas no limiar das eleições, deixando as siglas depois, caso não sejam eleitos.

Em 2018, Assumção e Coronel Quintino (pelo PSL), que também foi eleito deputado estadual, foram apoiados pelo Projeto Político Militar, assim como o deputado federal Da Vitória, então filiado ao Cidadania – ele já era deputado e não passou pelo plebiscito, recebeu apoio tácito.

"Quem melhor para tratar de pautas de segurança do que operadores de segurança pública?", questiona o cabo Goes, destacando ser essa a principal bandeira dos militares apoiados pelo grupo.

Na prática, parlamentares oriundos da categoria têm atuação bastante corporativista, defendendo com mais ênfase questões salariais e benefícios para a categoria do que pautas da segurança pública que fujam ao senso comum.

Apelar ao senso comum e a soluções simples para problemas complexos, no entanto, às vezes funciona. Vide a eleição do próprio Jair Bolsonaro (PL). O presidente já esteve melhor avaliado, mas ainda pode virar o jogo e diminuir a distância do primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Lula (PT). Uma guinada do presidente da República daria mais força aos candidatos militares, os ligados à direita, como o são os do plebiscito.

O presidente do Projeto Político Militar diz que, ainda que o intento fosse corporativista, não haveria problema, uma vez que professores e médicos, por exemplo, também se fazem representar legitimamente no Legislativo.

O resultado da votação deve ser divulgado no próximo dia 31. As urnas, com cédulas em papel, foram instaladas perto de unidades policiais, mas não dentro dos quartéism e começou por Aracruz, Colatina e Linhares. Os candidatos escolhidos vão contar com integrantes das associações de militares como "cabos eleitorais", pessoas que vão pedir votos para eles. É um reforço.

O universo de militares nas urnas, no entanto, não se restringe aos a serem escolhidos na votação interna. O coronel Alexandre Ramalho, que comanda a Secretaria de Segurança Pública, vai deixar o cargo no fim do mês para para disputar o Senado ou a Câmara dos Deputados.

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