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Casagrande não endossa apoio exclusivo a Lula e defende "ampla aliança"

No Congresso estadual do PSB, o governador foi incensado e aclamado a disputar a reeleição, mas não cravou que vai concorrer. Uma ausência no evento chamou a atenção

Vitória
Publicado em 28/03/2022 às 04h29
Renato Casagrande discursa durante congresso estadual do PSB
Renato Casagrande discursa durante congresso estadual do PSB. Crédito: Helio Filho/Divulgação

Ao lado de aliados de diversos partidos, numa curiosa salada ideológica, o governador Renato Casagrande foi incensado e aclamado no congresso estadual do PSB, neste domingo (27), mas manteve o discurso de que somente vai decidir se vai ou não disputar a reeleição "em maio ou junho". É apenas um detalhe, ninguém acredita que ele não vai concorrer.

No congresso, que reelegeu Alberto Gavini como presidente estadual do PSB, estavam representantes de um partido que compõe a base do presidente Jair Bolsonaro (PL), o PP, até os comunistas, com o PCdoB. Estiveram por lá ainda PV, PSDB, PV, Cidadania e PDT.

A ausência que mais chamou a atenção foi a do PT. A presidente estadual do partido, Jackeline Rocha, chegou a dizer que iria comparecer, mas justificou que a Executiva da legenda preferiu se manifestar por nota. A nota apenas cumprimenta o PSB, burocraticamente.

O motivo pode estar no discurso de Casagrande no evento. O governador – frise-se: cercado por aliados dos mais diversos matizes – classificou como "natural" que o partido caminhe, nacionalmente, para apoiar o ex-presidente Lula (PT) na corrida pela presidência da República, mas "outro caminho é o Ciro, o PDT". 

O governador pediu votos para Ciro Gomes em 2018. "Não se pode achar que se pode repetir verticalmente a aliança nacional", adiantou.

"O PSB no Espírito Santo nunca trabalhou para ter alianças estreitas e sim grandes alianças, uma aliança ampla", descreveu, justificando o palanque.

Faltou lá também o Podemos, outro aliado do governador, que tem a pré-candidatura ao Palácio do Planalto do ex-ministro Sergio Moro, algoz de Lula.

Na "nota de Saudação do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Estado do Espírito Santo ao Congresso do PSB- ES", o PT agradeceu ao convite para comparecer ao evento e ressaltou que "nosso grande desafio é derrotar Bolsonaro e eleger Lula presidente".

Para Casagrande, no entanto, não seria bom negócio abraçar diretamente a candidatura do petista. Não só porque isso fragilizaria a "ampla aliança" que ele quer manter, mas porque o antipetismo é forte, apesar de Lula liderar as pesquisas de intenção de voto.

"A relação com o PT é boa, sempre foi boa, nacionalmente e aqui. Já tivemos diversos momentos de aliança. Neste momento o PT tem uma pré-candidatura colocada (a do senador Fabiano Contarato ao Palácio Anchieta). O PSB e o PT discutirão essa possibilidade (de aliança) aqui no Espírito Santo a partir do mês de abril", afirmou o governador à coluna.

Secretário-geral do PP estadual, Marcos Delmaestro bradou que o partido vai ser "o motor que vai tocar o projeto" de Casagrande por mais quatro anos. O PP já integra a base de Casagrande, o presidente estadual da sigla, Marcus Vicente, é secretário de Saneamento e Habitação.

E agora o partido vem com bastante sede ao pote, monta chapa para eleger, segundo os próprios progressistas, três ou quatro deputados federais, de um total de dez vagas que cabem ao estado. É uma projeção ambiciosa, que desperta certo ceticismo de outras siglas e também chama a atenção de aliados de Casagrande.

Weverson Meireles, presidente estadual do PDT, até ironizou, em tom de brincadeira, que teria que chamar a OTAN para "o todo poderoso PP" não "invadir tudo".

Já o presidente estadual do PCdoB, Neto Barros, conclamou a união do grupo, "para derrotar Bolsonaro". "A luta é contra a extrema direita", disparou.

A COSTURA

Embora, no discurso, tente se manter equidistante das eleições, nos bastidores Casagrande trabalha para garantir a configuração das chapas dos diversos partidos aliados mirando a eleição de deputados estaduais e federais.

A montagem de chapas não está fácil. Com o fim das coligações, há um clima de barata-voa em diversas agremiações.

"Tenho conversado com muitos. É uma decisão que cabe ao deputado, mas tenho buscado o equilíbrio das forças políticas, dos partidos aliados ao nosso projeto. Não tenho tido muito tempo, mas tenho conversado dentro das minhas possibilidades", emendou Casagrande à coluna. 

Essas costuras, complicadas, podem acabar resvalando no próprio Casagrande.

REFORÇO NO PSB

A deputada estadual Janete de Sá deixou o PMN, que ela mesma presidia no estado, para ingressar no PSB. A filiação ocorreu na sexta-feira (25), mas a ficha dela no partido foi endossada durante o congresso estadual pelo próprio governador.

Outro deputado estadual, Luciano Machado saiu do PV e entrou também no PSB.

Já o prefeito de Sooretama, Alessandro Broedel, que saiu do Republicanos por discordar da pré-candidatura de Erick Musso ao governo, também ingressou no ninho socialista.

CLIMÃO

Durante o discurso no Congresso do PSB, Neto Barros se empolgou ao destacar a luta contra Bolsonaro, contra a extrema direita e "contra essa gente que invade hospitais".

Bem perto dele estava o presidente estadual do PSDB, Vandinho Leite, deputado estadual que, quando estava mais distante do governo Casagrande, coprotagonizou uma "visita surpresa" ao Hospital Dório Silva, na Serra, que a Secretaria de Saúde chamou de invasão.

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