Quem mora próximo ao Aeroporto de Guarapari já alertava sobre riscos envolvendo aviões, muito antes do acidente que aconteceu nesta quarta-feira (19) e tirou a vida de duas pessoas. Temeroso por causa da baixa altitude das aeronaves na região, um morador chegou a registrar uma reclamação junto ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), ainda em 2018.
A queixa foi feita à entidade em novembro daquele ano, pelo funcionário público Fábio Rodrigues Gomes. Aeronaves passam em baixíssima altitude sobre a minha residência. Tal situação, que ocorre quase que diariamente, tem deixado eu e demais moradores bastante apreensivos e temerosos, escreveu.
Na casa onde ele vive, no bairro Santa Rosa, também moram o filho e a esposa Marta Mossa. De acordo com ela, desde a reclamação, nada foi feito. Nós moramos aqui há pouco anos, mas temos vizinhos que estão aqui há décadas. É uma queixa antiga, mas nós nunca tivemos um retorno. Registramos e não surtiu efeito, desabafou.
Quem também vive receosa é a diarista Vanda Ramos, que mora há 11 anos perto do Aeroporto de Guarapari. A minha casa fica rente à pista. A gente vê os aviões decolando e passando em cima da minha casa. Ontem mesmo o meu marido estava comentando que corríamos risco porque essa queda poderia ter sido na nossa casa, comentou.
Em resposta à reclamação de Fábio, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo respondeu, ainda em novembro de 2018, que as aeronaves em operações para pouso e decolagens voam em alturas mais baixas que as mínimas previstas pelas regras do ar, tendo em vista a necessidade dos aviões prosseguirem para descida até a pista de pouso, bem como em virtude das subidas iniciais.
Ainda na mesma resposta, a entidade também garantiu que seria solicitado aos órgãos de controle de tráfego aéreo, o monitoramento de possíveis aeronaves realizando voo local a baixa altura na área do bairro Santa Rosa e que seriam tomadas as devidas providências."
Procurado por A Gazeta durante dois dias para falar a respeito das ações que teriam sido tomadas e das ações de fiscalização realizadas na região próxima ao Aeroporto de Guarapari, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo não respondeu. As tentativas de contato foram feitas por telefone e e-mail.
Com destino a Vitória, o avião caiu logo após a decolagem em Guarapari, por volta das 15h40, e atingiu uma loja de material de construção do bairro Aeroporto. O copiloto Fabiano Luiz Gonçalves morreu na hora. Já o piloto Luciano Ferreira de Souza teve 80% do corpo queimado, chegou a ser socorrido com vida, mas não resistiu e faleceu nesta quinta-feira (20).
Os dois eram os únicos ocupantes das aeronaves e foram as únicas vítimas do acidente. Por sorte, ninguém do estabelecimento comercial atingido se feriu. Nesta manhã, equipes de perícia da Força Aérea Brasileira já trabalhavam no local. A ausência de caixa-preta no avião dificulta a investigação, que ainda não tem prazo para ser concluída.
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