> >
Moradores já relatavam ter medo de acidentes com aviões em Guarapari

Moradores já relatavam ter medo de acidentes com aviões em Guarapari

Teve quem registrasse reclamação junto a uma entidade aeronáutica em 2018, com medo da baixa altitude das aeronaves; acidente na quarta-feira (19) matou duas pessoas

Publicado em 21 de fevereiro de 2020 às 19:37

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Na queda, avião atingiu um estabelecimento comercial no bairro Aeroporto, em Guarapari. (Internauta)

Quem mora próximo ao Aeroporto de Guarapari já alertava sobre riscos envolvendo aviões, muito antes do acidente que aconteceu nesta quarta-feira (19) e tirou a vida de duas pessoas. Temeroso por causa da baixa altitude das aeronaves na região, um morador chegou a registrar uma reclamação junto ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), ainda em 2018.

A queixa foi feita à entidade em novembro daquele ano, pelo funcionário público Fábio Rodrigues Gomes. “Aeronaves passam em baixíssima altitude sobre a minha residência. Tal situação, que ocorre quase que diariamente, tem deixado eu e demais moradores bastante apreensivos e temerosos”, escreveu.

Aspas de citação

Desde que me mudei, há cerca de um ano, não tenho conseguido ficar tranquilo dentro da minha residência, pois temo que possa ocorrer um acidente de gravidade considerável

Fábio Rodrigues Gomes
Funcionário público e morador do bairro Santa Rosa, em Guarapari
Aspas de citação

Na casa onde ele vive, no bairro Santa Rosa, também moram o filho e a esposa Marta Mossa. De acordo com ela, desde a reclamação, nada foi feito. “Nós moramos aqui há pouco anos, mas temos vizinhos que estão aqui há décadas. É uma queixa antiga, mas nós nunca tivemos um retorno. Registramos e não surtiu efeito”, desabafou.

Aspas de citação

Sempre ficamos preocupados porque mesmo que o avião não caia, pode acabar batendo na nossa casa. Todo dia, eles voam muito baixo. Parece que as autoridades estavam esperando acontecer alguma coisa para tomar uma providência

Marta Mossa
Professora e moradora do bairro Santa Rosa, em Guarapari
Aspas de citação

Quem também vive receosa é a diarista Vanda Ramos, que mora há 11 anos perto do Aeroporto de Guarapari. “A minha casa fica rente à pista. A gente vê os aviões decolando e passando em cima da minha casa. Ontem mesmo o meu marido estava comentando que corríamos risco porque essa queda poderia ter sido na nossa casa”, comentou.

O QUE DIZ O DECEA

Em resposta à reclamação de Fábio, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo respondeu, ainda em novembro de 2018, que “as aeronaves em operações para pouso e decolagens voam em alturas mais baixas que as mínimas previstas pelas regras do ar, tendo em vista a necessidade dos aviões prosseguirem para descida até a pista de pouso, bem como em virtude das subidas iniciais.”

Ainda na mesma resposta, a entidade também garantiu que seria “solicitado aos órgãos de controle de tráfego aéreo, o monitoramento de possíveis aeronaves realizando voo local a baixa altura na área do bairro Santa Rosa” e que seriam “tomadas as devidas providências."

Procurado por A Gazeta durante dois dias para falar a respeito das ações que teriam sido tomadas e das ações de fiscalização realizadas na região próxima ao Aeroporto de Guarapari, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo não respondeu. As tentativas de contato foram feitas por telefone e e-mail.

O ACIDENTE

Área em que avião de pequeno porte caiu em Guarapari nesta quarta-feira (19)(Ascom | CBES)

Com destino a Vitória, o avião caiu logo após a decolagem em Guarapari, por volta das 15h40, e atingiu uma loja de material de construção do bairro Aeroporto. O copiloto Fabiano Luiz Gonçalves morreu na hora. Já o piloto Luciano Ferreira de Souza teve 80% do corpo queimado, chegou a ser socorrido com vida, mas não resistiu e faleceu nesta quinta-feira (20).

Os dois eram os únicos ocupantes das aeronaves e foram as únicas vítimas do acidente. Por sorte, ninguém do estabelecimento comercial atingido se feriu. Nesta manhã, equipes de perícia da Força Aérea Brasileira já trabalhavam no local. A ausência de caixa-preta no avião dificulta a investigação, que ainda não tem prazo para ser concluída.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais