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Alfa, Delta, Gama e Beta: conheça as variantes que ameaçam o país

Alfa, Delta, Gama e Beta: conheça as variantes que ameaçam o país

Para facilitar o entendimento sobre as variantes e não estigmatizar os locais de origem, a Organização Mundial de Saúde (OMS) mudou a nomenclatura das mutações

Publicado em 8 de julho de 2021 às 20:41

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Célula infectada com a variante do Reino Unido do Sars-CoV-2
Célula infectada com a variante do Reino Unido do Sars-CoV-2 . (NIAID)
Autor - Isaac Ribeiro
Isaac Ribeiro
Repórter de Cotidiano / [email protected]

Variantes são resultados de modificações genéticas que um vírus sofre durante seu processo de replicação. No caso do novo coronavírus, quanto mais o Sars-CoV-2 circula,  infectando as pessoas, maior a possibilidade de ele promover tais alterações.

"O que é uma variante? Uma variante é uma cepa do vírus que tem algum tipo de mutação e que normalmente dá a ela maior chance de ser transmissível. São as variantes de preocupação". A explicação é do médico infectologista, Lauro Ferreira Pinto.

Conforme classificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o novo coronavírus apresenta ao menos quatro "variantes de preocupação" e seis "variantes de interesse".  De acordo com a Associação Médica Brasileira (AMB), cada uma apresenta as seguintes características:

  • Variante de interesse
  • Detém marcadores genéticos específicos que tenham sido associados a alterações na capacidade de ligação do receptor, redução da neutralização dos anticorpos gerados após infecção prévia ou vacinação, redução da eficácia de tratamentos, impacto potencial na performance dos testes diagnósticos ou expectativa de aumento na transmissibilidade ou na gravidade da doença. No entanto, as evidências são preliminares ou ainda estão associadas a incertezas, impossibilitando uma consistência na interpretação dos dados. 

  • Variante de preocupação
  • Uma variante para a qual já há evidências indicando aumento da transmissibilidade, doença mais grave (por exemplo, aumento de internações ou óbitos), redução significativa da capacidade de neutralização por anticorpos gerados durante infecção anterior ou vacinação, redução da eficácia de tratamentos ou vacinas, ou falhas de detecção de diagnóstico.

No dia 31 de maio, a OMS anunciou que as cepas monitoradas pela organização seriam batizadas com as letras do alfabeto grego. Além de facilitar o entendimento acerca do assunto, a medida evitar o estigma contra os países onde elas foram descobertas.

Dessa forma, a variante do Reino Unido (B.1.1.7) passou a ser chamada de Alfa. A da África do Sul (B.1.351) virou Beta. A de Manaus (P1) ficou conhecida como Gama. A variante descoberta na Índia (B.1.617.2) foi denominada Delta.

Segundo o pesquisador, imunologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Daniel de Oliveira Gomes, todas elas apresentam mutações que podem estar relacionadas a três características: resistência, transmissibilidade e capacidade de causar uma infeção mais severa.  De acordo com Daniel, a Delta é a variante que mais tem chamado a atenção.

"De todas, a que tem preocupado mais é a Delta. É a que se acredita ser muito mais transmissível. Por ser mais transmissível, tem uma chance de provocar quadros um poucos mais graves, acomete mais gente. Assim, você pode ter mais gente hospitalizada, mais gente internada. Em termos de sintomas, não há diferença de sintomatologia", disse.

Daniel ressalta que a Beta e a Gama apresentam duas mutações, sendo uma ligada ao aumento da transmissibilidade e outra relacionada à capacidade de resistir aos anticorpos produzidos pelo organismo humano.

SINTOMAS

Já em relação aos sintomas provocados pela infecção das variantes, Daniel de Oliveira Gomes destaca que o diagnóstico pode mudar a depender do indivíduo infectado. "Os sintomas continuam sendo os mesmos sintomas respiratórios. De um modo geral, são tosse, uma febre persistente e perda de olfato e paladar. Há casos de diarreia, náusea, vômito, dor muscular e fadiga", elencou.

Especificamente sobre a Delta, Daniel explicou que a maioria dos pacientes relatam dor de cabeça e problemas relacionados às vias respiratórias como dor de garganta e coriza, reações semelhantes às queixas de quem está gripado.

Quais são as variantes de interesse

  • Capa (B.1.617.1), identificada pela primeira vez na Índia
  • Eta (B.1.525), identificada em vários países
  • Iota (B.1.526), identificada pela primeira vez nos EUA
  • Teta (P.3), identificada pela primeira vez nas Filipinas
  • Épsilon (B.1.427/B.1.429), identificada pela primeira vez nos EUA
  • Zeta (P.2), identificada pela primeira vez no Brasil

A tosse é um dos sintomas da Covid-19
A tosse é um dos sintomas mais comuns provocados pelas variantes da Covid-19. (Divulgação/Shutterstock)

CARACTERÍSTICAS DAS VARIANTES

  • 01

    ALFA (B.1.1.7)

    Identificada no Reino Unido em setembro de 2020, já foi detectada em 140 países. Tem uma taxa de transmissão 30% a 50% maior do que variantes anteriores. Estudos publicados indicam que o vírus Alfa pode causar um quadro de sintomas mais grave e aumentar o risco de morte.

  • 02

    BETA (B.1.351)

    Foi descoberta na África do Sul em dezembro de 2020. Especialistas em saúde daquele país dizem que a cepa é 50% mais contagiosa do que a linhagem original do vírus. A mutação chegou a 93 países. Estudos não indicam a presença de sintomas mais graves nos indivíduos infectados. Pode ser mais resistente à resposta imunológica do organismo.

  • 03

    GAMA (P1)

    Descoberta em Manaus (AM), foi anunciada no Brasil em janeiro deste ano. A cepa foi uma das responsáveis pelo colapso da saúde em Manaus e é uma das responsáveis pela maioria dos casos de Covid-19 no Brasil. Já foi detectada em 56 países. Ainda não há consenso sobre essa variante ser mais letal que as demais. Tem mutações semelhantes à variante Beta.

  • 04

    DELTA (B.1.617.2)

    Detectada em outubro de 2020 na Índia, tem características que indicam ser a cepa mais transmissível até agora - pelo menos 40% a mais que a Alfa. Já foi encontrada em 74 países. Na Índia, os pesquisadores investigam se ela é responsável pela perda de audição e gangrena dos pacientes diagnosticados com a Covid-19. 

Com o avanço da vacinação, pessoas de faixa etária mais avançada ficaram mais protegidas da Covid
Vacinação ainda é a principal arma no combate ao novo coronavírus. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

IMPACTO DAS VACINAS 

Um estudo recente desenvolvido por pesquisadores do Canadá atesta a efetividade das vacinas Moderna, Pfizer e Astrazeneca, essas duas últimas aplicadas no Brasil, em relação às variantes Alfa, Beta, Gama e Delta. Foram considerados no experimento indivíduos vacinados entre 14 de dezembro de 2020 e 30 de maio de 2021 em Ontário, no Canadá

Segundo a pós-doutora em Epidemiologia, pesquisadora e professora da Ufes Ethel Maciel, após aplicar a primeira dose da Astrazeneca, o governo canadense passou a orientar a aplicação da segunda dose com imunizantes de outras marcas, como a Moderna ou Pfizer. O objetivo era aumentar a capacidade de produção de anticorpos no organismo.

"Esse estudo é interessante porque ele mostra o impacto das vacinas em cada uma das variantes. Eles colocaram a Beta com a Gama porque elas são bem parecidas nas respostas. Então, eles agruparam. Em algumas variantes de preocupação, como a Delta, quando a pessoa tem uma dose só, as vacinas sofrem maior impacto", destacou Ethel.

No entanto, na segunda dose a efetividade da proteção da vacinação continua alta. "O estudo mostra que é super importante a gente encurtar o intervalo entre as doses, ter mais pessoas vacinadas completamente, estar com o esquema completo para que a gente possa diminuir a infecção e possibilidade de adoecimento", finalizou.

VARIANTES ENCONTRADAS NO ES

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que não há casos confirmados ou em investigação de infecção pelas variantes  Beta e Delta no Espírito Santo.

Por meio do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES) já foram detectadas em solo capixaba as seguintes linhagens do SARS-COV-2:

  1. B.1.1.143
  2.  B.1.1.28
  3.  B.1.1.33
  4.  B.1.1.7
  5.  B.40
  6.  P.1
  7.  P.2

De acordo com o órgão estadual, a responsabilidade sobre o monitoramento de portos, aeroportos e fronteiras é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, ressaltou que vem "adotando estratégias internas e complementares para prevenir a disseminação da doença no Estado dentro do planejamento de ações de enfrentamento a Covid-19".

A secretaria destaca que está desenvolvendo barreiras sanitárias tecnológicas para criar um monitoramento inteligente de pacientes positivos para a Covid-19 e seus possíveis contatos por meio de rastreamento e cruzamento de informações. Além disso, o Governo do Estado também ressalta a oferta de testes no aeroporto de Vitória e terminais de ônibus.

"É importante entender que o Brasil vive transmissão comunitária de diversas variantes da Covid e, por isso, todas as medidas conhecidas para conter a transmissão da doença devem continuar sendo adotadas (distanciamento, higienização das mãos, uso de máscaras), independentemente da variante do vírus", finalizou, por nota.

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