Publicado em 29 de junho de 2021 às 02:00
Detectada originalmente na índia, a variante Delta, antes chamada de B.1.617.2, foi identificada pela primeira vez em outubro de 2020. Agora, com registros em mais de 90 países, a cepa é motivo de preocupação para pesquisadores e especialistas ao redor do mundo, inclusive no Brasil, que tem apenas pouco mais de 12% de sua população totalmente vacinada. >
Assim como as variantes descobertas no Brasil (P.1), Reino Unido (B.1.1.7) e África do Sul (B.1351), a variante indiana apresenta uma modificação na proteína que fica na superfície do vírus, responsável por se conectar aos receptores das células humanas e dar início à infecção.>
Uma variante é resultado de modificações genéticas que o vírus sofre durante seu processo de replicação. Um único vírus pode ter inúmeras variantes. Quanto mais o vírus circula – é transmitido de uma pessoa para outra –, mais ele faz replicações, e maior é a probabilidade de modificações no seu material genético.>
Segundo a professora doutora em Epidemiologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, no caso da Delta, além da maior transmissibilidade, tem outra fator que preocupa os especialistas. >
>
Ethel Maciel
EpidemiologistaEthel acrescenta ainda que, por ser mais transmissível que as demais variantes e escapar do sistema imunológico, isso impacta diretamente no cálculo da cobertura vacinal necessária para o controle da pandemia no Brasil.>
“Quando temos um vírus que é mais transmissível, temos que vacinar mais pessoas. Então, aquele cálculo inicial que foi feito Ministério da Saúde de que era necessário vacinar 70% da população para ter a pandemia controlada, precisa ser refeito. Agora, por causa da variante, vamos precisar vacinar 80 a 90% da população. Isso é uma complexidade a mais na campanha de imunização do país”, explicou. >
Apesar de ter sido identificada no ano passado, foi somente no dia 10 de maio de 2021 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a variante Delta como “preocupação global”. >
"Existe alguma informação disponível que indica uma transmissibilidade acentuada", disse a líder técnica da OMS, Maria van Kerkovh, durante anúncio. >
Aqui no Brasil, o Ministério da Saúde confirmou, neste domingo (27), duas mortes causadas pela variante delta no país. Segundo a pasta, o primeiro caso foi registrado no Paraná, em abril. Trata-se de uma gestante de 42 anos, residente do Japão que veio para o Brasil.>
A outra morte foi a de um homem de 54 anos que era tripulante do navio chinês MVS Shandong. Ele estava internado há 43 dias na rede privada de saúde em São Luís, no Maranhão. O paciente, segundo o Ministério da Saúde, passou a apresentar sintomas no dia 13 de maio e testou positivo para a covid-19 no dia 17. >
Para Ethel, o Brasil já vive uma terceira onda da doença com influência da variante Delta no Brasil. Prova disso foi a explosão de casos de covid-19 registrados em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná nos meses de abril e maio deste ano. >
Ethel Maciel
EpidemiologistaSegundo o infectologista Lauro Ferreira Pinto, outra preocupação é que ainda não existem estudos que comprovem a eficácia das vacinas diante das novas variantes, sendo fundamental a manutenção dos protocolos de higienização e segurança, como o uso da máscara e o distanciamento social por todos, inclusive pelas pessoas já imunizadas. >
“Essas são medidas que se mostraram eficazes em qualquer lugar do mundo. A melhor prevenção é impedir a contaminação, e por isso, a máscara usada de forma correta e o distanciamento social se mostram tão eficazes”, acrescenta. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta