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Comissões mais importantes da Assembleia vão ficar com aliados de Casagrande

Comissões mais importantes da Assembleia vão ficar com aliados de Casagrande

Responsáveis pela análise de quase todos os projetos que passam pelo Legislativo, as comissões de Finanças e de Justiça serão comandadas por Freitas (PSB) e Fabrício Gandini (Cidadania), respectivamente

Publicado em 2 de fevereiro de 2021 às 11:15- Atualizado há 3 anos

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Fabrício Gandini (Cidadania) e Freitas (PSB) são os cotados para as comissões de Justiça e de Finanças, respectivamente
Fabrício Gandini (Cidadania) e Freitas (PSB), deputados casagrandistas que estarão a frente das duas principais comissões. (Tati Beling/Assembleia Legislativa)

A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, encabeçada por Erick Musso (Republicanos), está eleita e vai comandar a Casa até 31 de janeiro de 2023. Mas há outros espaços estratégicos, alguns já informalmente definidos. Aliados do governador Renato Casagrande (PSB) vão presidir a comissão de Constituição e Justiça e a de Finanças, por exemplo.

Mais que instâncias burocráticas, as comissões temáticas do Legislativo estadual são espaços de poder e visibilidade para os parlamentares e podem ser decisivas na votação de projetos de interesse do Executivo. 

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em que se define se um projeto de lei é constitucional ou não, e a Comissão de Finanças, que dá o primeiro parecer sobre o orçamento e as contas do governador, vão ficar, respectivamente, com os casagrandistas Fabrício Gandini (Cidadania) e Freitas (PSB). 

Gandini já presidia a CCJ. Já a de Finanças estava nas mãos de outro aliado de primeira hora de Casagrande, o então deputado Euclério Sampaio (DEM), que foi eleito prefeito de Cariacica.

A reportagem apurou que também estão definidos os deputados que vão presidir os colegiados de Cultura, que deve ficar com Iriny Lopes (PT); de Segurança Pública, com Luiz Durão (PDT);  de Cidadania, com Luciano Machado (PV); e de Educação, que era presidida por Vandinho Leite (PSDB) e deve passar para um aliado do Palácio Anchieta, Bruno Lamas (PSB).

O martelo deve ser batido nesta terça-feira (2). O líder do blocão de deputados que vai selar as definições é Dary Pagung (PSB), também líder do governo na Casa. 

A Assembleia possui 16 comissões permanentes. Elas são importantes, para além de interesses políticos dos deputados que as integram, para o debate de propostas que impactam a sociedade. Quando um projeto é votado em plenário, já passou, ao menos em tese, pelo escrutínio de grupos de deputados e servidores dedicados aos colegiados temáticos.

Um projeto que não seja financeiramente viável, por exemplo, pode ser barrado pela Comissão de Finanças, evitando que a proposta chegue ao plenário e, caso seja aprovada, tenha que ser rejeitada pelo governador.

QUEM GANHA E QUEM PERDE

O cientista político Fernando Pignaton ressalta que a situação do governador Casagrande em relação às comissões da Assembleia já era favorável no biênio anterior, quando Gandini e Euclério ocupavam a presidência das duas comissões de maior peso para os projetos do Executivo. Todas as matérias encaminhadas pelo Executivo foram aprovadas pela Casa em 2019 e 2020, como mostrou levantamento de A Gazeta.

Pignaton aponta que a articulação também faz parte do acordo entre governo e Erick Musso para formação da chapa da Mesa Diretora. Mas enquanto o cenário parece apontar para uma "hegemonia governista" e uma forma de "emparedar" Erick entre aliados, o especialista ressalta que o republicano teve apoio suficiente dos parlamentares para insistir na candidatura, mesmo diante das negociações e articulações vindas do Executivo.

Ou seja, a manutenção de palacianos em espaços de poder nas comissões é uma vitória do governo, mas não um avanço.

INFLUÊNCIA NA TRAMITAÇÃO E VITRINE POLÍTICA

Pelo poder de analisar uma proposta antes de levá-la ao plenário para votação, o advogado constitucionalista Caleb Salomão ressalta que, geralmente, as comissões são formadas tanto por parlamentares que tenham formação ou base eleitoral ligada aos temas quanto por assessores de perfil técnico. 

"Espera-se que sejam alocados parlamentares que têm vocação para aquele tema e, do ponto de vista administrativo, vai funcionar como uma forma de dividir tarefas, uma vez que são muitos projetos e demandas que chegam à Casa. Uma divisão de forma temática e pragmática", explica.

O tempo que os projetos passam em cada comissão, no entanto, nem sempre estão ligados a questões técnicas. Antes, muitas vezes estão relacionadas a questões "extremamente políticas", pontua o cientista político Fernando Pignaton. "Demorar a analisar um projeto pode significar a reprovação dele sem ter levado ao plenário. Assim como fazê-lo de forma célere é uma forma de aprová-lo no tempo desejado", assinala.

Além disso, as comissões são vistas como uma porta de entrada para demandas da sociedade, o que pode dar visibilidade aos parlamentares e "projetá-los politicamente". O diálogo com a sociedade para analisar projetos, aponta Salomão, é uma "expectativa da democracia" e, embora nem sempre isso aconteça, a cadeira de presidente de uma comissão pode colocar os deputados no radar de grandes bases eleitorais, como as ligadas às áreas de educação e saúde, por exemplo.

"Os deputados vivem de votos e a Assembleia vive de aprovar ou não projetos, além de fiscalizar o Executivo. Então, quem está à frente da comissão tem uma oportunidade de vitrine política", assinala Pignaton.

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