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Reeleito, Erick Musso diz que Casagrande terá parceria sólida na Assembleia

Reeleito, Erick Musso diz que Casagrande terá parceria sólida na Assembleia

Em discurso, republicano fez elogios e acenos ao chefe do Executivo estadual. Presidente da Assembleia foi reconduzido ao cargo com apoio do Palácio Anchieta

Publicado em 1 de fevereiro de 2021 às 18:45- Atualizado há 3 anos

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Erick Musso (Republicanos) discursa após ser reeleito como presidente da Assembleia Legislativa
Erick Musso (Republicanos) discursa após ser reeleito como presidente da Assembleia Legislativa. (Fernando Madeira)

Logo após ser reeleito, com apoio do Palácio Anchieta, para comandar a Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Erick Musso (Republicanos) reforçou, em discurso nesta segunda-feira (1º), o alinhamento com o governador Renato Casagrande (PSB). O republicano afirmou que o socialista terá, na Casa, "uma parceria sólida".

"O senhor (Casagrande) tem e terá na Assembleia Legislativa parceria sólida para continuar conduzindo o nosso estado para o rumo do desenvolvimento social e econômico", afirmou. 

Não foi a única menção ao socialista. Erick lembrou do combate à pandemia de Covid-19, quando também citou o governador.

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Queria agradecer ao governador Renato Casagrande. Pela confiança e pela parceria e por nos conduzir ao caminho do desenvolvimento e da cura

Erick Musso (Republicanos)
Presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo
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"O senhor, governador, tem o meu respeito. O senhor tem sido um líder incansável nessa crise que estamos enfrentando", complementou.

Casagrande não estava na Casa, nem ninguém do primeiro escalão do governo estadual. Mas a presença do Palácio se fez notar no placar da votação, com chapa única: 28 votos a favor e dois contrários, com ampla adesão da base governista.

Erick foi reeleito para seu terceiro biênio consecutivo como presidente. Em uma eleição tranquila e de chapa única, o parlamentar vai ter ao seu lado deputados casagrandistas como Dary Pagung (PSB) e Alexandre Quintino (PSL), eleitos 1º e 2º secretários, respectivamente.

A importância da "união" entre parlamentares e governo foi reforçada em diferentes momentos do discurso de Erick. Aos colegas parlamentares, pediu: "Faço um apelo para que a gente pratique a união. Não estou pedindo para deixarem de acreditar nas suas convicções, mas que o nosso olhar esteja voltado para o desejo da maioria".

No final do discurso, que durou cerca de 40 minutos, declarou que "só a união salvará nosso país".

A fala de Erick Musso teve um tom de despedida. O parlamentar, de 33 anos, chorou e pediu desculpas aos colegas e à sociedade capixaba por "eventuais erros que tenha cometido". Sem dizer de forma clara ao que se referia, citou "446 dias de desconfiança".

Erick chegou a ser reeleito antecipadamente, em novembro de 2019, cerca de 400 dias atrás, em uma eleição relâmpago e contestada juridicamente, e depois cancelou o resultado.

Em coletiva de imprensa, após a cerimônia de posse, o republicano cravou que não vai mais disputar o cargo de deputado estadual. 

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Eu não sou e nem serei mais candidato a deputado estadual. Posso ser a tudo e a nada, mas ainda é cedo para falar disso

Erick Musso (Republicanos)
Presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo
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SEM A PRESENÇA DO GOVERNO

Prefeitos e vereadores eleitos em 2020 também ganharam um aceno no discurso do presidente. O parlamentar colocou o Legislativo à disposição dos mandatos. O prefeito de Vitória e ex-deputado estadual, Lorenzo Pazolini (Republicanos), esteve presente na cerimônia. Pazolini é amigo e colega de partido de Erick. Além dele, alguns vereadores da Capital compareceram à sessão.

Já o governo estadual, embora tenha a mão na Mesa composta e eleita, não esteve presente fisicamente. Nem mesmo o secretário-chefe da Casa Civil, Davi Diniz, responsável por fazer a articulação entre os Poderes, apareceu na Assembleia.

A votação, no entanto, foi marcada por acenos ao Palácio Anchieta e sua atuação na formação da Mesa. Marcelo Santos (Podemos), vice-presidente e aliado de Casagrande, falou sobre manter "harmonia entre os Poderes", enquanto Torino Marques (PSL) e Sergio Majeski (PSB) citaram a mão do governo no processo adotando outro tom.

Erick Musso (Republicanos) é reeleito presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo(Fernando Madeira)

Torino, que era 2º vice-presidente na Mesa anterior, fez questão de dizer, ao votar, que "por uma composição com o governo do Estado" tinha ficado de fora desta vez. No plenário, foi visto conversando com Erick Musso no momento do registro da chapa e depois, inquieto e gesticulando, cochichou com outros parlamentares. Apesar da visível insatisfação, votou na chapa única.

Já Majeski, membro do partido de Casagrande, votou contra a chapa e criticou a atuação do governo, citando Davi Diniz, nas negociações para formação da Mesa. "Eu fico sabendo da composição da chapa no dia, sendo que se propaga que é uma chapa de consenso. Consenso de quem? Essas questões são discutidas muito mais no Palácio Anchieta e na Casa Civil do que na Assembleia", o socialista ainda citou que foi convidado por Diniz para uma conversa em que foi questionado sobre interesse em comissões. "Mas a discussão de comissões não é feita entre os parlamentares, na Assembleia?", questionou.

Após a coletiva, os parlamentares eleitos foram para o Palácio Anchieta para uma conversa com o governador.

A RELAÇÃO DE ERICK E CASAGRANDE

O governador do Estado e o presidente da Assembleia Legislativa, não por acaso, integram os dois partidos mais influentes na política capixaba. Em ascensão desde 2018, o Republicanos, de Erick Musso, terminou a última eleição com 10 prefeitos eleitos – incluindo o prefeito da Capital, Lorenzo Pazolini – além de 89 cadeiras de vereador conquistadas no Espírito Santo. Só está atrás do PSB, de Casagrande, que conta com 13 prefeitos e 112 vereadores.

Vice-líder do governo no mandato de Paulo Hartung (sem partido), Erick Musso recebeu um empurrãozinho do ex-governador, que o apoiou em sua primeira eleição para a presidência. Quando Casagrande assumiu o Executivo, em 2019, os dois mantiveram boa relação no início do mandato.

O primeiro desgaste na relação se deu com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permitia o adiantamento da eleição. Casagrande foi contrário à PEC. Erick a colocou em votação junto à análise da Reforma da Previdência estadual, ambas aprovadas.

Surpreendendo o governo do Estado, Erick antecipou a eleição para o biênio 2021-2023, que deveria, como foi, ser realizada em 1º de fevereiro, para 27 de novembro de 2019, 14 meses antes.

O ato gerou a destituição do então líder de governo, Enivaldo dos Anjos (PSD), do cargo, após a insatisfação do governo. Casagrande criticou publicamente a medida e disse que o ato de Erick "fragilizava" a Assembleia. Governista, o deputado Fabrício Gandini (Cidadania) acionou a Justiça para que o pleito fosse anulado. Pressionado por entidades civis e pela repercussão ruim que a antecipação da eleição teve, o próprio Erick decidiu cancelar o pleito.

Passado o "novembro sangrento", Erick e Casagrande se reaproximaram. O presidente pautou, na rapidez que o governo queria, todos os projetos do Executivo na Casa. Ainda assim, a base governista ensaiou uma candidatura própria. O primeiro cotado foi o deputado Coronel Quintino (PSL), ainda em 2020. Com bom trânsito na base governista e entre os outros parlamentares, Marcelo Santos (Podemos) foi outra aposta, mas descartou a possibilidade.

Por fim, o líder do governo, Dary Pagung (PSB), chegou a recolher assinaturas para montar chapa. Em janeiro, Casagrande recebeu deputados, incluindo o próprio Erick, e passou a defender uma chapa de consenso, para que não houvesse disputa.

Em meio ao recolhimento de assinaturas, Erick sinalizou que dividiria o poder que tem na Casa. Ele se comprometeu a colocar em pauta a revogação da resolução que dá "superpoderes" ao presidente, o que hoje o autoriza a assinar atos sem o aval de outros integrantes da Mesa Diretora. Caso a norma seja revogada, o 1º ou o 2º secretário também deverão assinar os atos para que as normas tenham valor legal. Casagrande terá nestes dois cargos dois aliados de primeira hora, Dary e Quintino.

Na última semana, Erick e Casagrande estiveram juntos em uma agenda do governo em Aracruz, reduto eleitoral do deputado. Lá, o presidente da Assembleia fez elogios a Casagrande e disse que o governador poderia contar com ele para "carregar o piano" e que a "pseudo-briga" entre eles nunca existiu.

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