Publicado em 2 de agosto de 2020 às 11:19
Quem precisou paralisar o pagamento das prestações do financiamento imobiliário durante a pandemia do coronavírus, ou está pensando em fazê-lo, precisa ficar a tento às condições dos bancos. Esse tempo de pausa acarreta em parcelas com valores maiores e também aumentará a dívida com a instituição financeira. Isso porque essa carência de até 180 dias não significa que a dívida deixou de existir ou que não haverá cobrança de juros, mas que ela está sendo renegociada.>
Muitos bancos possibilitam que você paralise as prestações por até seis meses. No caso do Banestes, da Caixa, do Banco do Brasil, do Bradesco e do Itaú, o prazo final do contrato permanece inalterado e as parcelas são incorporadas ao saldo devedor. Além disso, haverá a cobrança proporcional dos juros para o período restante da operação. >
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entre os dias 16 de março e 03 de julho, o setor já renegociou 12,8 milhões de contratos de empresas e consumidores com operações em dia, que têm um saldo devedor total de R$ 744,5 bilhões. A soma das parcelas suspensas dessas operações repactuadas totaliza R$ 93,7 bilhões.>
Não é só o número de renegociações que é elevado, o total de reclamações contra os bancos também é alto. Mais de 8,3 mil queixas foram feitas apenas no site consumidor.gov.br, portal do governo federal. As queixas são, principalmente, pela falta de clareza das instituições financeiras ao oferecerem a pausa no contrato. >
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O Instituto de Defesa Coletiva (IDC) entrou com uma ação civil pública contra a Febraban, o Banco do Brasil, o Bradesco, o Itaú e o Santander. No pedido ela afirmava que os bancos não estavam cumprindo as regras. Por liminar, as instituições financeiras tiveram que reestruturar suas publicidades. Outra ação foi para que a Caixa emitisse uma nota pública explicando como os juros seriam aplicados nos contratos paralisados durante a pandemia.>
Segundo a Febraban, nas renegociações, os bancos têm garantido a manutenção da taxa contratual já pactuada, sem a incidência de encargos de atraso, dado que não houve mora por parte dos clientes, mas sim a opção de prorrogar suas parcelas. Regra geral, esse valor é diluído nas demais prestações que irão vencer ou serão realocadas no final do contrato, dependendo do produto e das políticas de cada instituição. >
O economista e coordenador geral da Pio XII, Marcelo Loyola Fraga, lembra que é importante ler todas as cláusulas do contrato antes de assinar. Além disso, ele orienta o mutuário a procurar ajuda de um especialista para acabar não caindo em uma cilada. Ele aconselha, a quem puder, pagar agora e não pausar as prestações.>
"A pausa no financiamento é um proposta tentadora nesse momento de crise. Mas é preciso ficar atento sobre quem deve usufruir dessa condição. Somente as pessoas que precisarem, que realmente tiverem perda de renda e emprego, devem renegociar essa dívida. Postergar o seu pagamento significa que ela vai ficar mais cara, porque incidirão os juros e a dívida vai aumentar", explica.>
A consultora empresarial e economista Isabel Berlinck lembra que o consumidor precisa ficar muito atento se essa nova parcela vai caber no seu orçamento familiar. "O mutuário tem que analisar o recurso que tem e se a diluição das parcelas que ficaram pausadas vai caber no seu orçamento. Senão, ele vai estar adiamento uma dívida e a conta ainda não vai fechar", comenta.>
De acordo com os especialistas, o ideal seria que os bancos suspendessem as parcelas e prorrogassem o contrato sem a cobrança de multas. Caso o mutuário precise pausar o pagamento das parcelas, ele deve tentar renegociar com o banco com o menor juros possível ou tentar amortizar semestralmente o valor para diminuir o saldo da dívida.>
Em nota, a Febraban disse que ela e os bancos associados são sensíveis às dificuldades trazidas pela pandemia do novo coronavírus. "Nossa orientação é que os clientes que estejam em situação financeira difícil procurem os bancos com os quais têm contratos de crédito vigente em busca de renegociação dessas dívidas", afirmou. >
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