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Nova regra do gás vai destravar R$ 50 bi em obras e abrir 30 mil vagas no ES

Nova regra do gás vai destravar R$ 50 bi em obras e abrir 30 mil vagas no ES

Grandes projetos de indústrias e em portos devem ser viabilizados com a redução do preço do insumo que será possível com os novos instrumentos para promover a concorrência no setor

Publicado em 22 de julho de 2020 às 15:31

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Perspectiva do Porto Central, em Presidente Kennedy, Sul do Espírito Santo
Perspectiva do Porto Central, em Presidente Kennedy: empreendimento deve receber plantas industriais movidas a gás. (Porto Central/Divulgação)

A série de mudanças que o Espírito Santo está fazendo no setor de gás natural, com a criação da ES Gás e a assinatura do contrato de concessão nesta quarta-feira (22), deve 'injetar um novo gás' na economia capixaba, colocando o Estado em vantagem competitiva com outras Federações. A expectativa do setor produtivo é que o Espírito Santo pode destravar US$ 10 bilhões em investimentos, aproximadamente R$ 50 bilhões, e gerar 30 mil novos empregos nos próximos 10 anos.

Isso seria possível com a redução do valor da molécula de gás, estimada em aproximadamente 40%, graças ao estímulo a concorrência no setor. Uma queda no preço viabilizaria projetos privados estratégicos que dependem do insumo, como uma fábrica de HBI da Vale em Anchieta, novas plantas siderúrgicas e do setor de cerâmica, além de termelétricas e projetos em portos.

A criação da ES Gás no momento em que um novo marco regulatório é constituído é uma grande vantagem para a companhia, que já pode prever, em seu contrato de concessão, os novos dispositivos para promover a competição, como disse o presidente do Conselho de Administração da ES Gás, Márcio Felix. “Empresas que utilizam o gás como insumo para crescer encontram agora um ativo importante no Estado. O Espírito Santo pode se beneficiar com a atração de investimentos”.

No contrato de concessão da ES Gás já são contempladas as figuras previstas no novo marco regulatório do consumidor livre, do autoprodutor e do autoimportador, com tratamento tarifário específico. São regras mais modernas e transparentes que estimulam a concorrência com o fim de monopólios. 

Hoje, as petroleiras são obrigadas a vender o gás que produzem para a Petrobras, que o distribui via BR Distribuidora. Com a criação da figura do consumidor livre, as produtoras poderão fazer contratos diretamente com as indústrias, pagando apenas tarifas para ter acesso à rede da ES Gás, e competindo com Petrobras. 

Haverá uma efetiva separação entre as atividades de comercialização e de prestação de serviços de rede de distribuição, com a ausência de exclusividade da distribuidora na comercialização do gás canalizado aos consumidores livres. Esses poderão, inclusive, participar das chamadas públicas da concessionária a fim de obter melhores acordos.

Assim, no Espírito Santo poderão conviver o consumidor cativo, atendido com exclusividade pela concessionária, e o consumidor livre, que pode adquirir a molécula diretamente do supridor (produtor, importador ou agente autorizado), caso atenda as condições fixadas.

Da mesma forma, estão previstos no contrato a figura do agente livre de mercado, que além do consumidor livre, pode ser um autoimportador (usuário do serviço de gás autorizado a importar o gás usado em parte ou totalidade como matéria-prima ou combustível em instalações industriais) e o autoprodutor (usuário autorizado a produzir a molécula de gás).

A abertura do mercado para a importação de gás vai gerar oportunidade para a instalação de terminais de regaseificação. Existem propostas para o Porto Central, em Presidente Kennedy, receber o empreendimento. Esse ponto, apesar de previsto, depende da aprovação da nova Lei do Gás no Congresso Nacional.

Outra novidade do contrato é que ele permite que a ES Gás tenha liberdade de comprar gás com qualquer produtor, não se restringindo à Petrobras. Isso permitirá que a empresa busque os menores custos e as melhores condições no mercado, podendo usar as chamadas públicas para aquisição de gás.

O diretor-presidente da ES Gás, Heber Resende, explicou que o contrato de concessão no Espírito Santo já abrange as novidades do marco regulatório de 2009 considerando as necessidades de cada consumidor.

Aspas de citação

O contrato abrange as novidades do marco regulatório, como o agente livre de mercado: o autoimportador, o autoprodutor, o consumidor livre, além da possibilidade de chamadas públicas. Enfim, inúmeras oportunidades que o mercado de gás oferece hoje e que não existiam há 25 anos. No contrato anterior, havia apenas a figura do usuário, fosse ele uma indústria, uma residência, um comércio. As especificidades e necessidades de cada um não eram consideradas, porque àquela época o mercado não havia se desenvolvido tanto e nem havia uma legislação tão moderna

Heber Resende
Presidente da ES Gás
Aspas de citação

"Há, de fato, oportunidades em uma série de projetos que têm o gás como fonte principal de matéria-prima, como nos segmentos de siderurgia, pelotização, vidro, cimento, petroquímico, energia e cerâmica. Algumas empresas inclusive já procuraram a Secretaria de Desenvolvimento e a própria ES Gás para entenderem melhor, mostrando interesse", acrescentou.

A viabilização de muitos dos investimentos privados que dependem do gás, porém, também necessita em muitos casos de investimentos da própria distribuidora na ampliação da malha e de localidades atendidas. Hoje, apenas 13 dos 79 municípios do Estado possuem gás encanado.

O contrato traz uma expectativa de ampliação do atendimento para 96 mil novos consumidores nos próximos anos e ampliação da rede de gasodutos em 292 mil metros. O primeiro investimento será feito em Linhares, com a construção de duto ligando o litoral à sede do município.

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