Publicado em 4 de julho de 2019 às 01:50
O Espírito Santo pode destravar em menos de cinco anos cerca de US$ 10 bilhões em investimentos, aproximadamente R$ 38 bilhões, com a redução de até 40% no preço do gás. A quebra do monopólio do transporte e da distribuição vai contribuir para deixar o Estado mais competitivo e atrair novos empreendimentos que usam o gás como insumo.>
Haverá espaço para novas plantas siderúrgicas, para a indústria química, para negócios vinculados à celulose e também ao setor de geração de energia.>
As estimativas de negócios, feitas pelo secretário de Estado de Desenvolvimento, Heber Resende, têm relação com o plano do governo federal de abrir o setor de gás à concorrência no Brasil. Hoje, o segmento é concentrado na Petrobras e em suas subsidiárias.>
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Segundo o secretário, as modificações propostas pelo novo mercado de gás colocam o Espírito Santo na rota da expansão da produção do combustível e também na ampliação da infraestrutura, com a instalação, por exemplo, de novos gasodutos e de unidades de tratamento.>
Conforme o Gazeta Online antecipou, só nessas essas obras podem ser aplicados R$ 6,1 bilhões, de acordo com estudos do governo federal. Um primeiro investimento pode ser a construção de uma rota de gás offshore, vindo da Bacia de Campos para escoar o gás produzido no mar. Esse gasoduto poderá feito pela empresa produtora ou mesmo por outros investidores, como fundos de pensão e agências de investimento, explica Resende.>
Outra obra possível é a construção de novas unidades de processamento. O gás sai dos reservatórios carregado de gotículas de petróleo. Precisa passar por uma unidade de tratamento para ser secado. Está aí uma possibilidade de investimento, diz ao acrescentar: Além desses novos empreendimentos, muitas empresas atuais vão poder expandir. Hoje, elas não aumentam suas produções porque não contam com gás suficiente, já operam dentro da capacidade.>
Um segmento com potencial para diversificar sua atuação é o de celulose. É uma área que necessita de muita energia. Com maior oferta e menor preço do gás, as empresas desse setor poderão apostar em uma fábrica de papel.>
TERMELÉTRICAS>
A principal alteração no setor de gás será a permissão de outras petroleiras ou mesmo de importadoras usarem os dutos de transporte, hoje em mãos da Petrobras. As produtoras terão direito agora de vender o combustível diretamente para grandes indústrias.>
Hoje, as offshore são obrigadas a vender o que produzem para a Petrobras. Com a criação da figura do consumidor livre, poderão fazer contratos diretamente com as indústrias, pagando tarifas para ter acesso à rede.>
Entre os setores que serão beneficiados pelo choque de energia barata - como o Ministério da Economia tem chamado a reestruturação - é o de termelétricas.>
No Estado, há propostas de construção de ao menos seis térmicas, algo que até agora não poderia ser viabilizado. Para ter direito de vencer os leilões para a geração de energia, as companhias precisam ter garantia de que vão receber gás, algo que não ocorre hoje.>
Outra novidade é a abertura do mercado para a importação de gás, o que vai gerar oportunidade para a instalação de terminais de regaseificação. Existem propostas para o Porto Central, em Presidente Kennedy, receber o empreendimento.>
SIDERURGIA>
A confirmação das mudanças no setor de gás deve contribuir para que os empreendedores toquem os investimentos de forma paralela à abertura do mercado de transporte e distribuição. O que vai favorecer o Espírito Santo é o início da operação de novos poços a partir de 2022, que poderão contar com um navio-plataforma (FPSO) de gás.>
O diretor de Infraestrutura da ONG Espírito Santo em Ação, Fábio Brasileiro, explica que a energia é uma variável importante na matriz de custo da indústria de transformação. Ele diz que se o preço do gás cair ao mesmo nível dos custos internacionais, o país e o Espírito Santo passam a ser interessantes para os investidores.>
O aço, a pelota de minério e até produtos agrícolas passam a ficar mais competitivos. A situação para o Estado será ainda mais favorável se a construção do ramal ferroviário até Anchieta se concretizar, assim como os empreendimentos portuários planejados, destaca.>
De acordo com Brasileiro, no setor siderúrgico, por exemplo, o Estado poderá receber alguma planta de HBI, uma commodity produzida com minério de ferro, porém com maior valor agregado.>
O coordenador do Fórum de Petróleo e Gás, da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Durval Vieira, também concorda que haverá espaço para uma indústria com foco na produção de um ferro mais puro.>
OUTRAS INDÚSTRIAS >
Para Vieira, com o gás mais barato o governo federal estima que a tarifa caia em dois anos , a construção de um polo gás-químico, que já foi cogitada porém não vingou, poderá voltar às pautas de discussão.>
Outra chance para o Estado é ganhar uma indústria de esmagamento de soja. Em vez de exportar o grão in natura, o Espírito Santo poderá beneficiá-lo e gerar ICMS.>
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