Repórter de Economia / [email protected]
Publicado em 29 de agosto de 2021 às 09:02
A busca por um bom ambiente de negócios e até por mais qualidade de vida tem atraído cada vez mais pessoas para o Espírito Santo. Neste contexto, muitos empresários estão aproveitando o mercado aquecido e a situação mais controlada da pandemia para abrir novos empreendimentos, como lojas, galerias e escritórios. >
A empresária Zuleika Chaves, por exemplo, chegou ao Estado há um ano, vinda de São Paulo, e, em julho, inaugurou uma unidade da franquia imobiliária RE/MAX Action Group em Vila Velha, onde está estabelecida.>
“Passei por uma transição de carreira e pessoal, e cheguei até aqui. Mas quando cheguei ao município, vi que havia espaço para empreender e oportunidade para explorar o mercado imobiliário. Comecei a pensar o que poderia trazer de diferente, foi quando cheguei a essa franquia.”>
Ela explica que características particulares do território capixaba, como a existência de preços mais atrativos do que em outros Estados vizinhos, favoreceram o negócio.>
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“No final das contas, aqui o mercado imobiliário tem uma viabilidade interessante para quem quer morar próximo ao mar, por exemplo, diferente do que ocorre no Rio de Janeiro.”>
Capixaba por nascimento, o publicitário Gian Zucoloto sempre morou em São Paulo. Ao decidir empreender, entretanto, escolheu Vitória para instalar uma unidade da galeria Moldura Minuto. O negócio, que surgiu ainda no ano passado, durante a primeira onda da crise sanitária, fornece consultoria especializada em decoração com quadros.>
“Vi uma oportunidade de empreender e, mesmo na pandemia, decidi fazer o investimento em uma área que ainda não estava tão firmada no Espírito Santo, uma marca nova, que trabalha com produtos exclusivos. São principalmente artistas nacionais, inclusive capixabas, cujas obras compramos e produzimos em alguma escala.”>
Ele explica que a empresa trabalha não somente com a comercialização de quadros, mas conta com consultores treinados tecnicamente, para atender situações variadas.>
“O ambiente de negócios do Estado contribuiu fortemente para a decisão de empreender, mas, eu ainda avaliava outras possibilidades, apesar do interesse por essa área. Então, no ano pré-pandemia, quando estava elaborando o planejamento, o Espírito Santo teve um ‘boom’ imobiliário muito grande e vi que havia uma lacuna a ser preenchida, uma oportunidade para o mercado de decoração.”>
O empreendimento foi oficialmente inaugurado em julho de 2020, entretanto, desde março do ano passado, a empresa já atendia por meio das redes sociais, o que, segundo Zucoloto, contribuiu para o fortalecimento da marca, em um momento em que os capixabas passaram a comprar mais pela internet.>
A migração do e-commerce para o físico também foi um ponto de virada para o empresário Rodrigo Miguel dos Santos, que veio do interior de Maceió e se estabeleceu em Vila Velha, onde, junto com o sócio Misac Trindade, inaugurou a Baummer, uma loja de semijoias, no Shopping Vila Velha.>
“Eu tinha uma loja on-line, mas em uma viagem a São Paulo, conhecemos uma franquia e surgiu o interesse de abrir o negócio. Arriscamos, por causa da pandemia, mas nos planejamos e decidimos abrir mesmo assim. Escolhemos o local por conta da estrutura, mas também por morarmos aqui e gostarmos do município”, explicou Rodrigo.>
Ele explica que cerca de 80% das peças comercializadas são de produção própria e que isso se tornou um diferencial do negócio, que tem prosperado ao ponto de os sócios já planejarem uma expansão. A ideia agora é abrir uma nova loja no Estado, no mês de dezembro.>
“O cenário capixaba é muito bom para o empreendedorismo. Estudamos o mercado, as possibilidades, e decidimos que a instalação da loja tinha que ser aqui porque nos daria o retorno desejado. E tem dado.”>
Quem também se estabeleceu no Shopping Vila Velha foi o carioca Rafael Oliveira, que inaugurou, no final de julho, sua segunda loja no Estado. O negócio é uma expansão de um trabalho iniciado há três meses, quando abriu a primeira unidade da Body Laser na Praia do Canto, na Capital.>
As lojas no Estado, ele explica, são um teste, e que já tem dados bons resultados. Agora o empresário já pensa em abrir uma unidade no Rio de Janeiro também.>
“A cultura daqui é parecida com a do Rio, tem uma logística interessante. O consumo também é semelhante", conta.>
Rafael Oliveira
Empresário carioca abriu lojas no ESO paulista Danilo Urbano também está expandindo. Em 2015, ele abriu a primeira unidade da Workline Soluções Corporativas em Vila Velha, e agora inaugurará um segundo empreendimento em Vitória.>
“Com a pandemia, muitos profissionais passaram a atuar em home office e o fluxo de negócios do meu segmento aumentou porque as pessoas não estavam preparadas para isso, precisaram se adequar, criar um espaço para trabalho em casa. E o centro dos negócios ainda é a Capital, então acabou sendo um caminho lógico abrir mais uma loja.”>
Também há quem tenha decidido vir prestar serviços em território capixaba. É o caso da dermatologista Renata Quindeler, que se mudou com a família de São Paulo para Colatina, na Região Norte do Estado.>
Ela conta que resolveu dar uma guinada em sua vida e a pandemia acelerou esse processo. “Escolhi Colatina em busca da qualidade de vida e pela questão da saúde também”, reforça ela, que trocou o apartamento na grande cidade por uma casa no interior.>
“Temos um filho de quatro anos e queríamos estar mais presentes. Eu tenho parentes morando em Colatina e acho que a pandemia acelerou tudo, mas o ambiente econômico também teve um peso na decisão. Enquanto estávamos escolhendo onde morar, olhamos para essa questão também. Vimos uma oportunidade de crescer, e isso foi um dos fatores que contribuíram para a decisão.”>
Renata explica que iniciou os atendimentos no grupo São Bernardo, onde foi escalada para fazer parte da equipe de oncologia como dermatologista. O marido, que é ortopedista, também passou a trabalhar no local.>
A boa condução da economia capixaba, assim como os diversos incentivos destinados ao empreendedorismo, é o que tem atraído tantos empresários para o Estado, na visão dos gestores de desenvolvimento do Estado e dos municípios. >
Para o subsecretário estadual de Atração de Investimentos e Negócios Internacionais, Gabriel Feitosa, alguns aspectos são diferenciais competitivos para o Espírito Santo: a qualidade de vida; as contas organizadas do Estado, que, desde 2012, tem nota A nos rankings do Tesouro Nacional; liberdade econômica; incentivos fiscais diversos; e a inserção de diversos municípios capixabas na área de abrangência da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).>
Gabriel Feitosa
Subsecretário de Atração de Investimentos e Negócios Internacionais do ESSegundo Feitosa, o Estado se destaca pela mão de obra com capacitação técnica, além da vocação logística natural, o que, combinado aos esforços para simplificação e desburocratização, têm facilitado a vida dos empresários.>
A diretora-presidente da Companhia de Desenvolvimento, Turismo e Inovação de Vitória (CDTIV), Camila Dalla Brandão, observa que cada município tende a se sobressair de alguma forma. Na Capital, por exemplo, os esforços têm sido sido para a atração de negócios de base tecnológica, uma vez que a área da cidade é relativamente pequena, em comparação a vizinhas como a Serra, que tende a receber indústrias e estabelecimentos de grande porte. >
“É um município mais enxuto, então há algumas limitações nesse sentido. Mas, pensando nisso, estamos trabalhando nossas potencialidades e estamos desenvolvendo o Parque Tecnológico de Vitória, que é um conjunto de leis que busca incentivar a instalação desses negócios, startups, empreendimentos de economia criativa, entre outros.”>
Ela explica que, já neste semestre, serão colhidas sugestões dos munícipes acerca do projeto, mas, já nos próximos meses, serão apresentadas uma lei de inovação, do Fundo de Ciência e Tecnologia, e também do parque tecnológico, que criará uma série de incentivos para desenvolvimento de negócios.>
“Entendemos que a inovação tem que atuar como um ganha-força, para que a gente consiga inovar na saúde, na inovação, no transporte, entre outras áreas.”>
Em Vila Velha, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Everaldo Colodetti, reforçou que a nova gestão tem dialogado com as entidades empresariais a fim de entender as demandas e unir esforços para criar um ambiente de negócios mais atrativo.>
“O Estado já tem uma posição privilegiada. Mas Vila Velha não estava na mira dos investidores e hoje consta nesse radar, pois temos tido como posição proporcionar o melhor ambiente de negócios do Estado. Vila Velha já é conhecida por ser o melhor lugar para se morar, mas estamos buscando proporcionar as condições para ser o melhor lugar para empreender. Estamos trabalhando na desburocratização.”>
O secretário de Desenvolvimento Econômico da Serra, Francisco de Assis Soares, observa que, mesmo em um momento de pandemia, o município tem visto o surgimento constante de novos negócios, sejam de grande ou de pequeno porte, e pondera que os resultados são fruto de um trabalho constante para melhoria do ambiente econômico.>
“A Serra é um município em franco desenvolvimento. Temos condições, infraestrutura, legislação para dar incentivos a grandes negócios, estamos trabalhando em desburocratizar toda informação para facilitar a rotina do empresariado. Só se consegue reduzir a desigualdade melhorando a economia, e essa combinação de fatores tem contribuído para atração de mais empresas e investimentos no município.”>
A Prefeitura de Cariacica, por sua vez, destacou que vem apostando em várias iniciativas para se tornar uma cidade reconhecidamente empreendedora e que está de portas abertas para as empresas. Pontuou ainda que, desde o início do ano, 36 novas empresas já se instalaram na cidade.>
"Lei de Incentivo Fiscal, Simplifica Cariacica, Aprova Legal, Van do Empreendedor e Agência do Trabalhador Itinerante são apenas alguns dos projetos que já estão funcionando e que têm como objetivo atrair empresas e fortalecer o empreendedorismo na cidade", destacou, por meio de nota.>
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