Publicado em 4 de agosto de 2020 às 05:00
A decisão da Petrobras de voltar a comprar plataformas próprias para produção de petróleo e gás trouxe uma nova onda de otimismo no setor e na cadeia de fornecedores no Espírito Santo. Após oito anos sem comprar unidades, a empresa anunciou na semana passada que vai contratar duas plataformas próprias para o campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos.>
A empresa vinha optando por contratos de afretamento, a maioria deles com empresas estrangeiras. Com isso, segundo especialistas, as oportunidades geradas no país eram limitadas. Porém, com a volta das encomendas próprias, empresas nacionais esperam conseguir ao menos parte dos contratos de construção ou de fornecimento de equipamentos e serviços.>
Essa também é expectativa no Espírito Santo, que vê boas chances de consolidação e crescimento da sua indústria naval. O Estado abriga o Estaleiro Jurong Aracruz, que já ganhou dois contratos da Petrobras para finalização de navios-plataforma com a integração dos módulos ao casco um já concluído e outro em fase inicial.>
Na avaliação do coordenador do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás da Findes (FCP&G), Durval Vieira Freitas, a situação global atual tende a favorecer os estaleiros no Brasil, inclusive o instalado no Estado, até porque há uma dezena de plataformas a serem contratadas para o futuro próximo.>
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Durval Vieira Freitas
Coordenador do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás da Findes (FCP&G)Segundo Durval, a cada nova plataforma conquistada pelo estaleiro de Aracruz são gerados ou mantidos aproximadamente 6 mil empregos diretos, com um impacto em mais de 20 mil empregos indiretos ao longo da cadeia de empresas fornecedoras.>
As estruturas que vêm sendo contratadas pela Petrobras são do tipo FPSO (navios-plataformas que produzem, armazenam e transferem óleo). Só a construção do casco de um navio desses é estimada em US$ 2 bilhões. Depois, ainda são necessários os trabalhos para instalar os módulos e equipamentos que farão a plataforma funcionar.>
"Isso é um tipo de atividade que gera muito emprego, e emprego qualificado. Por mais que a Jurong não tenha condições de construir o casco da plataforma, temos todas as condições lá na planta de Aracruz para fazer a integração dos módulos e o comissionamento", afirmou Durval.>
Além do Estaleiro Jurong, outras empresas da cadeia de petróleo e gás podem ser beneficiadas no Estado com alguns contratos para fornecimento de equipamentos e, assim, gerarem mais empregos. >
É o caso por exemplo da Technip, que fabrica tubos flexíveis e tem unidade em Vila Velha, e da Imetame Metalmecânica, que produz em Aracruz equipamentos para a montagem e integração de plataformas offshore.>
Hoje, há cerca de 580 empresas no Espírito Santo que fornecem produtos e serviços para empresas de petróleo e gás, segundo mapeamento do FCP&C. >
Na avaliação de Durval, esse movimento da Petrobras é mais um entre os muitos que podem abrir uma janela de oportunidades para o setor de óleo de gás no Estado, impulsionando a indústria e economia local.>
Há boas expectativas, por exemplo, com o descomissionamento (desativação) de 19 plataformas e campos na Bacia do Espírito Santo, que deve demandar investimentos R$ 600 milhões no Estado nos próximos cinco anos e gerar 2 mil empregos entre diretos e indiretos.>
A venda de campos maduros e de blocos exploratórios pela Petrobras, os últimos leilões de áreas de petróleo, a privatização e reativação de campos em terra e a expectativa de início das operações de um novo navio-plataforma no Litoral Sul capixaba, em 2023, são outros acontecimentos que têm feito o setor vislumbrar um amplo crescimento nos próximos anos.>
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