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Plataformas que vão virar sucata se transformam em oportunidades na crise

Plataformas que vão virar sucata se transformam em oportunidades na crise

Estado quer atrair base de empresa que vai desmontar plataformas de petróleo no litoral de São Mateus. Se negócios vingar, atividade deve atrair investimentos e criar empregos no Estado

Publicado em 13 de maio de 2020 às 06:00

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As plataformas fixas do campo de Cação 01, 02 e 03 estão instaladas no litoral de São Mateus
As plataformas fixas do campo de Cação 01, 02 e 03 estão instaladas no litoral de São Mateus . (Edson Chagas/Arquivo A Gazeta)

Assim como a construção e operação de uma plataforma de petróleo gera milhares de empregos e demanda investimentos vultosos por parte de empresas do setor, a desmontagem dessas estruturas também é uma oportunidade e tanto. Chamado descomissionamento, esse processo de desativação de plataformas antigas consiste na retirada da estrutura do mar para ser transformada em sucata, uma atividade que deve trazer muitas oportunidades para o Espírito Santo.

Em meio à crise global do petróleo com a queda na demanda, a desmontagem deve criar empregos, atrair investimentos e demandar vários serviços e itens de diversas empresas fornecedoras. Ainda mais porque o Estado está saindo na frente nesse processo.

Já foi licitado pela Petrobras o descomissionamento das três plataformas fixas do campo de Cação, no litoral de São Mateus. O consórcio vencedor, liderado pela Triunfo Logística, empresa sediada no Rio de Janeiro, apresentou uma oferta de US$ 38,5 milhões para executar o serviço que deve durar aproximadamente um ano.

Agora, a expectativa é que a empresa decida montar uma base aqui no Estado para realizar a desmontagem, uma das primeiras das várias programadas para o país. Com uma unidade aqui, segundo o coordenador do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás da Findes, Durval Vieira Freitas, o Estado seria beneficiado, já que a carteira de projetos de descomissionamento no Brasil só cresce.

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Estamos atuando para que a empresa tenha essa base aqui e isso facilitaria muito a participação de fornecedores capixabas nesse processo. Temos aqui um estaleiro com toda a infraestrutura, portos, empresas siderúrgicas que podem ficar com a sucata, do setor metalmecânico, negócios que podem trabalhar a questão ambiental, e também apoio do governo com infraestrutura que nos dá condições para receber essas atividades aqui. Estamos saindo na frente

Durval Vieira Freitas
Ccoordenador do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás da Findes
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O país tem cerca de 20 plataformas para serem desmontadas nos próximos anos entre estruturas fixas e navios do tipo FPSO (unidade flutuante que produz, armazena e transfere óleo). Projeções da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estimam um montante de R$ 50 bilhões em investimentos na atividade até 2040 no país.

Com a queda na produção de petróleo e a hibernação de algumas plataformas, a Petrobras deve acelerar o descomissionamento de pelo menos sete dessas plataformas no país. Ou seja, se de um lado, investimentos de curto prazo em exploração e produção estão ameaçadas de certa forma pela desvalorização do barril de petróleo, do outro, o desmonte das estruturas pode trazer algum alívio.

"É um lado do setor de óleo e gás que pode gerar muito investimento e emprego. Talvez não tanto emprego direto, mas como vai demandar muitos serviços de fornecedores, essa cadeia vai empregar mais, sejam eles fornecedores pequenos, médios ou grandes. Ter essa perspectiva agora é algo vital e que nos dá um alento", afirmou Durval.

Segundo o gerente do Fórum Capixaba, hoje o Espírito Santo tem aproximadamente 450 empresas que atuam como fornecedoras de bens e serviços para empresas de petróleo. "Se vier a base da empresa para cá, além do  projeto de Cação, pode ser um lugar que vire referência para ajudar a Petrobras nesses trabalhos futuros".

A Gazeta apurou que a decisão da Triunfo Logística sobre onde será instalada a base vai depender do local estipulado pela Petrobras para ser feita a fiscalização dos serviços. A reportagem questionou a empresa por e-mail sobre o possível investimento no Estado. Assim que houver resposta esta publicação será atualizada.

COMO FUNCIONA A DESMONTAGEM DE UMA PLATAFORMA DE PETRÓLEO?

O desmonte das plataformas é necessário porque a vida útil de uma instalação do tipo é de 25 anos. Segundo dados da ANP do final de 2019, no Brasil há 66 nessa condição. Outras 23 estão se aproximando dessa idade e, em breve, também devem ser desmobilizadas. Há, portanto, 89 unidades candidatas ao desmonte.

Um dos fatores que faz com que essa atividade seja cara é que ela é cercada de riscos ao meio ambiente, inclusive de contaminação do mar com material radioativo. Também há riscos à segurança dos trabalhadores, uma vez que essas estruturas, ao longo do tempo, geram uma incrustação radioativa que demanda cuidados especiais com essas partes.

Há todo um cuidado a se tomar também com o fechamento dos poços de petróleo perfurados, para evitar vazamentos, e com a retirada dos dutos do mar.

O destino da maior parte do material desmontado acaba sendo virar sucata, já que são equipamentos com muitos anos de uso e que na maioria das vezes ficaria mais caro reaproveitá-los. Esse material também pode ser aproveitado por empresas do setor metalmecânico.

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