Publicado em 14 de maio de 2020 às 18:03
A queda de mais de 13% na produção industrial do Espírito Santo no primeiro trimestre de 2020, divulgada nesta quinta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem raízes na abertura que o Estado tem ao mercado global, segundo especialistas. Se a produção mundial vai mal, a capixaba, menos diversificada que em outras unidades da federação, não tem muito para onde correr. Por outro lado, quando o mundo se recupera, também é esperado que o Estado acompanhe esse avanço. >
Para que o Espírito Santo consiga, contudo, surfar nessa onda de retomada, é preciso que o vírus esteja controlado por aqui. Se o número de casos e de mortes por Covid-19 aumentar e for necessário fazer um bloqueio total (lockdown), podemos perder o momento do resto do mundo e atrasar ainda mais a recuperação, avalia economista.>
Tem que haver uma diretriz para que as indústrias saibam o que fazer para trabalhar com segurança. Não adianta abrir e os funcionários se contaminarem. Vai acabar tendo que fechar. Se a demanda mundial voltar e a gente não tiver conseguindo produzir, não vai adiantar nada, avalia o economista e professor da Fucape Felipe Storch.>
Nota técnica do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo (Ideies), entidade do Sistema Findes, aponta que as medidas de isolamento social adotadas para enfrentamento da Covid-19 em março em todo o país impactaram a produção industrial "por reduzir ou até paralisar as atividades de cadeias produtivas e comprimir a demanda no mercado consumidor". >
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"É importante notar que as indústrias exportadoras já vinham sentido os efeitos da pandemia devido à ocorrência desta, principalmente, nos países asiáticos e na Europa. Para abril, mês em que a situação da pandemia se tornou mais crítica e o isolamento foi prolongado em todo o país, o cenário esperado também, infelizmente, é de recuo. Nesse sentido, é preciso, urgentemente, pensar na retomada das atividades econômicas no estado que possam atenuar os efeitos desta crise de proporções inéditas", avalia o economista-chefe da Findes e diretor executivo do Ideies, Marcelo Saintive.>
O economista Felipe Storch lembra que, após um ano de 2019 ruim para a indústria, causado pela queda nos preços dos produtos que o Estado mais exporta (minério, celulose e petróleo), havia uma boa perspectiva para este ano. >
Essa expectativa foi frustrada pela chegada do novo coronavírus já nos primeiros meses do ano nos países da Ásia e da Europa, que provocou a paralisação do comércio e da indústria por lá. >
Vendemos para a indústria de eletrodomésticos, automóveis, etc. Essas foram paralisadas porque não são essenciais, aponta Storch. >
Estados que produzem insumos alimentares, como Mato Grosso e Goiás, por exemplo, foram os que tiveram menor redução na atividade industrial no primeiro trimestre, porque são setores considerados essenciais.>
Atualmente, nos países que foram primeiramente atingidos pela pandemia, a produção industrial e o consumo têm ensaiado uma retomada, mesmo que ainda com algumas restrições. >
É natural esse movimento que aconteceu (de queda maior na indústria do Espírito Santo). Mas é natural também que a gente volte antes. Porque outros países vão se recuperar antes do Brasil. Temos que pensar se vamos conseguir produzir, se as indústrias vão poder funcionar a todo vapor ou não. A incerteza ainda é muito grande, avalia o professor. >
O professor indica que uma saída a longo prazo para essa dependência do mercado externo é a diversificação da indústria capixaba. Assim, se o mercado global for ruim, o mercado interno poderia compensar e vice-versa.
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"É importante tentar diversificar e trazer novas empresas, mas isso depende de um bom ambiente de negócios não só no Estado, mas no Brasil. Se a gente traz indústrias que não sejam de commodities ou se bens primários, a gente consegue atender mercado interno e externo desde que seja feito um bom planejamento pelos empresários", avalia.
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