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"Se as medidas falharem, não terá leitos para todos", diz secretário do ES

"Se as medidas falharem, não terá leitos para todos", diz secretário do ES

O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, foi taxativo: as novas medidas são duras, mas extremamente necessárias. A quarentena passa a valer a partir desta quinta-feira (18)

Publicado em 17 de março de 2021 às 11:30- Atualizado há 3 anos

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Coletiva de imprensa com o Governador Renato Casagrande e os secretários, Nésio Fernandes, da Saúde e Rogelio Amorim, da Fazenda
Secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, pediu que a população fique em casa. (Fernando Madeira)

A situação da pandemia no Espírito Santo se agravou. Com a ocupação de mais de 90% dos leitos de UTI destinados aos pacientes em tratamento da Covid-19, o governo do Estado decretou quarentena de 14 dias em todo o território capixaba até o fim do mês de março. O objetivo é evitar a falta de leitos para os pacientes que necessitarem, e para que isso acontece a população terá que obedecer a regras rígidas.

Na manhã desta quarta-feira (17), em entrevista ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, foi taxativo: as novas medidas são duras, mas extremamente necessárias. A quarentena passa a valer a partir desta quinta-feira (18).

"Por 14 dias estamos estabelecendo um conjunto de medidas muito duras no nosso Estado, mas necessárias. Corremos um grande risco de não haver leitos para todos na rede privada, na rede filantrópica e na rede pública. Nós queremos que, daqui a 14 dias, não estejamos vivendo o que viveram outros Estados do país. Para isso, é importante essas medidas, o apoio da sociedade, que todo mundo fique em casa e se sair utilize máscara de maneira adequada", afirmou.

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Estamos tomando as medidas antes do colapso pleno. O país está vermelho, uma situação de mais de 90% de ocupação das UTIs e não existem UTIs suficientes para todo mundo. Precisamos nos programar para ficar esses 14 dias em casa. Se essas medidas falharem, todo o Estado poderá falhar. Se elas falharem, a rede privada, filantrópica e pública não terá leito para todos

Nésio Fernandes
Secretário de Estado da Saúde
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Abaixo, confira os principais tópicos da entrevista:

SERVIÇOS ESSENCIAIS

"Você paralisar setores na indústria implicaria que a retomada desses segmentos demorasse semanas em questões objetivas. Parar caldeiras da indústria não é um fenômeno que você desliga hoje e retoma amanhã. E você tem toda a atividade da vida social que é dependente de energia elétrica, matérias como plástico para produzir medicamentos, seringas, insumos. Esses setores não podem ser paralisados em nenhum momento, o mesmo para a venda de alimentos. Não pode fechar supermercados, locai que vendem comidas para animais. Nós temos, nesse momento, que proteger as atividades que são essenciais para a subsistência da sociedade e que permitam que o sistema continue funcionando. Não é possível nesse momento, por exemplo, fechar os locais que fazem manutenção mecânica, porque caso ocorra a necessidade de manutenção de ambulâncias, de viaturas policiais, esses setores precisam estar em funcionamento".

ATENDIMENTO NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE

"Nós estamos orientando que a população procure as unidades básicas de saúde ao longo do dia, preferencialmente para serem atendidos por suspeita de doença respiratória. Nós já distribuímos os testes de antígenos para os municípios. Essa semana estamos recebendo mais 30 mil testes de antígeno, semana que vem mais 90 mil testes de antígeno. É um teste que libera o resultado em até 30 minutos. Todos os trabalhadores da atenção básica já estão vacinados há mais de um mês, possuem equipamento de proteção individual, já temos um ano de experiência na pandemia e precisamos reposicionar o acesso ao sistema de saúde, via atenção básica, principalmente para os quadros leves. A pessoa deve procurar a atenção primária, preferencialmente entre 7h e 17h".

SAMU 192

"Se você tiver um quadro mais grave, de urgência e emergência, e estiver em um município que é coberto pelo Samu, ligue diretamente para o Samu 192. Nós já temos um aumento do atendimento domiciliar do Samu com pacientes graves, que estavam fazendo tratamentos que não funcionam e que não procuraram um serviço de saúde. Nós precisamos que a população entenda a gravidade do momento e diante de qualquer sintoma, mesmo que seja só uma dor de garganta simples, procure a atenção básica do seu município durante o dia. Se tiver qualquer sintoma de maior gravidade, falta de ar intensa, procure diretamente a UPA ou ligue para o Samu para que seja atendido, mas não fique em casa diante de qualquer sintoma. Não se automedique. Nós temos condições de fazer o diagnóstico, o isolamento de suspeitos, o monitoramento e garantir que a população seja avaliada por médicos".

O XIGÊNIO PARA TODOS OS HOSPITAIS

"Nós temos capacidade plena de poder triplicar a oferta de oxigênio na maior parte das unidades hospitalares do Estado. No entanto, o que ocorreu em outros Estados foi uma incapacidade dos fornecedores de alimentarem todos os clientes municipais, privados, públicos, estaduais de maneira simultânea. Antecipando essa crise, que já foi vivida em outros Estados, nós já reunimos com todos os fornecedores, estabelecemos estratégias que permitam que eles consigam, inclusive, um fornecedor auxiliar o outro, na necessidade de abastecer simultaneamente uma grande quantidade de unidades assistenciais. Nós não temos hoje no Estado o risco com a falta de oxigênio para os pacientes. No entanto, existe o risco de não ter leito para todos se a velocidade de crescimento de casos complicados seguir na velocidade dos últimos sete dias".

FALTAM ENFERMEIROS

"A gente pode ter leito, a gente pode ter a cama, mas a gente pode não ter, principalmente, recurso humano. Os hospitais não estão conseguindo contratar técnicos de enfermagem e enfermeiros, nós veremos nesse momento um esgotamento no mercado de trabalho do Espírito Santo do provimento de profissionais da saúde para abrir mais leitos. Estamos chegando no limite da rede privada, da rede filantrópica e pública de expandir leito, por conta da escassez de recursos humanos com risco maior do que de oxigênio".

CIRURGIAS ELETIVAS

"Cirurgias eletivas não essências, aquelas que podem ser reagendadas por um período de 3 meses ou mais, elas serão reagendadas e no momento oportuno vamos convocar essas pessoas novamente para a cirurgias que elas estavam indicadas. Nesse momento nós precisamos transformar centros cirúrgicos em leitos, necessitamos utilizar a mão de obra dos anestesistas, dos cirurgiões gerais, dos ortopedistas, de toda a mão de obra assistencial para poder responder a grave crise sanitária que o Estado vive. Necessitamos disso para garantir o aceso da população ao leito hospitalar."

VACINAÇÃO

"Nós estamos na faixa dos 4% da população vacinada. Devemos alcançar 5% a 6% até o início do mês de abril. No entanto, a vacinação da população na faixa dos 60 anos, que nós tínhamos a expectativa de alcançar ainda esse mês, ela foi frustrada com as repetidas reduções das doses prometidas pelo Ministério da Saúde há meses atrás. Devemos no mês de abril alcançar o início da vacinação da faixa etária dos 60 anos."

JOVENS E ADULTOS 

"No Brasil inteiro já existe um comportamento novo da doença, onde dobra o número de pessoas entre 18 e 44 anos internadas e evoluindo a óbito. Um alerta de que nesse momento, o comportamento da pandemia não atinge somente população idosa e com comorbidade. Muitos jovens e adultos estão indo a óbito sem ter nenhuma comorbidade. Acabaram se expondo à doença e evoluindo para uma condição muito crítica."

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