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Capixaba que mora nos EUA conta como foi tomar a vacina da Covid

Capixaba que mora nos EUA conta como foi tomar a vacina da Covid

A capixaba Nathália dos Reis Monteiro, 30 anos, trabalha em um hospital americano e foi vacinada contra a Covid-19 na manhã desta segunda-feira (11)

Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 19:37- Atualizado há 3 anos

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A brasileira Nathália dos Reis Monteiro recebeu a vacina Moderna, contra a Covid-19, no Jacobi Hospital, em Nova Iorque, EUA, onde trabalha
A capixaba Nathália dos Reis Monteiro foi vacinada contra a Covid-19 nos EUA. (Arquivo pessoal)

Trabalhando em um hospital público nos Estados Unidos (EUA) praticamente desde o início da pandemia do novo coronavírus, a capixaba Nathália dos Reis Monteiro, 30 anos, foi vacinada na manhã desta segunda-feira (11) contra a Covid-19, em  Nova Iorque. O imunizante utilizado foi do laboratório norte-americano Moderna.

Na última semana, ela havia recebido o e-mail do hospital, solicitando que marcasse um horário para ser imunizada. “Foi super tranquilo. Daqui a 28 dias recebo a segunda dose”, conta.

Como é alérgica a alguns medicamentos, Nathália relata que no início ficou receosa. Mas após conversar com uma amiga especialista em genética e com médicos, decidiu apostar na vacina. “Avisei ser alérgica, mas não senti nada até agora (no momento da entrevista já tinham se passado quatro horas desde que ela tinha se vacinado). Pode haver algumas reações, como febre, dor de cabeça, dor no braço, mas não sinto nada”, relatou.

Além das preocupações com uma possível contaminação pelo vírus, a preocupação da jovem é em passar a doença para outras pessoas. “Sou saudável e por mais que imagine que nada possa me acontecer, não quero passar para outras pessoas, que podem vir a adoecer e até morrer,  é muito sério. Também posso não adoecer agora,  ainda não sabemos as consequências do vírus, a longo prazo, em nosso corpo”, pondera.

Ela conta que seus familiares, em Nova Venécia, ficaram muito felizes. “Já estão sabendo e  adoraram. Falaram que estão com inveja. Espero que no Brasil esqueçam as discussões políticas e comecem logo a vacinação”, diz. 

Além de sua família, os três americanos que dividem o apartamento com Nathália ficaram animados por ela ser vacinada. “Eles ainda não foram vacinados, mas estão super animados por eu conseguir. Me sinto mais segura, mas não vou deixar de tomar as precauções no dia a dia, como o uso de máscara, higienização das mãos e evitar aglomerações”.

SERVIÇO ESSENCIAL

A engenheira civil atua como gerente de projetos elétricos e mecânicos do hospital em Nova Iorque. Ela e os funcionários de sua equipe atuam em todos os setores da unidade. “Desenvolvemos três projetos, dois elétricos e um mecânico, relacionados ao melhoramento do consumo de energia, e somos responsáveis pela ambientação. Somos considerados trabalhadores essenciais e por isto fomos vacinados”, relatou.

Nathália chegou em Nova Iorque em fevereiro de 2020, quando a pandemia começava a se espalhar pelo mundo. “Naquele momento já existiam casos de Covid, mas eu ainda não tinha me dando conta da seriedade. Avaliava ser uma epidemia local, na China, nem de longe imaginei que fosse ganhar esta proporção”, disse.

Entre os anos de 2014 e 2016, ela fez mestrado no Stevens Institute of Technology, em New Jersey, em gerenciamento de projetos, Em paraleloe fez estágio na empresa de engenharia. Foi esta empresa que a convidou a retornar aquele país para desenvolver os projetos no hospital. “Era a oportunidade da minha vida, vir para cá e trabalhar como engenheira, gerenciando os projetos em um hospital”, conta.

Logo após chegar, as fronteiras foram fechadas. E foi no hospital que percebeu a voracidade da pandemia. “No início trabalhava com muito medo porque tínhamos que atuar em todos os setores do hospital. Mas alguém tinha que fazer os serviços”, lembra.

Nathália relata que com o passar dos dias, o hospital alugou três caminhões refrigerados, que ficavam na área de descarga, para colocar os corpos dos que perdiam a vida para a Covid. “Eles tiveram que alugar três refrigerados para colocar corpos, com 80 cada. Ainda tem um caminhão lá fora, e às vezes via gente sendo transportada”.

E ainda hoje o sistema para entrar no hospital é rigoroso. “Na construção é obrigatório o uso de muitos equipamentos e é obrigatório a higienização de tudo. Mas na entrada eles fazem um check in, avaliam a temperatura, perguntam se viajou para algum local suspeito, é um questionário diário. Uso de máscara é obrigatório”, relata.

DIA A DIA NA CIDADE

Nathália mora em Nova Iorque, mas ainda não pode curtir tudo o que a cidade oferece em decorrência da pandemia. “Shows, concertos, Broadway, tudo suspenso. A cidade fechou e depois tivemos várias fases, com vários requisitos para os restaurantes abrirem, por exemplo, só permitindo comer do lado de fora. O que a gente fazia é não sair”, relata.

Mas apesar de trabalhar em um hospital, o seu maior medo de contaminação está nas ruas. “Moro a 1h30 do hospital e pego o metrô, onde reside meu maior medo de contaminação. No começo muitos andavam sem máscara, agora vejo todos com máscara. No comecinho da pandemia, não era cheio, mas agora, mesmo saindo cedo de casa, começou a lotar e fico preocupada”, explica.

Em seu apartamento, que divide com outros três amigos americanos, foi criado um protocolo. “Sapato fica sempre do lado de fora. Entro direto para o meu quarto, deixo as coisas, lavo as mãos e tiro máscara, e vou para o banho direto”, relata.

VIDA DE ATLETA

Aos 30 anos, Nathalia também é uma atleta. Ela é campeã brasileira de snowboard, título conquistado em 2019. “Quero me cuidar porque ainda tenho grandes objetivos como atleta”, conta.

Ela entrou para a equipe de competição de snowboard de Nova Iorque e tem treinado nas montanhas locais. “O nacional foi cancelado por causa da pandemia, mas vamos ver se os campeonatos regionais vão ser liberados. O treino nas montanhas é limitado, é preciso agendar e ter o passe anual”, relata.

Sua equipe tem oito pessoas e conta que o treino é seguro porque a roupa recobre praticamente todo o corpo por conta do frio. “E ficamos bem espaçados. Tenho um dia a dia bem puxado, mas me sinto como se tivesse 15 anos”, brinca.

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