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Veja por que crianças, adolescentes e grávidas não vão receber vacina da Covid

Veja por que crianças, adolescentes e grávidas não vão receber vacina da Covid

Inicialmente, os três grupos estão fora do planejamento de vacinação elaborado pelo Ministério da Saúde

Publicado em 9 de janeiro de 2021 às 20:32- Atualizado há 3 anos

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Vacina elaborada pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com a Sinovac
Vacina eaborada pelo Instituto Butantan, do governo de São Paulo, em parceria com o laboratório Sinovac. (Divulgação/Butantan)

O sonho de uma vacina contra o novo coronavírus está cada vez mais próximo do brasileiro desde que a Coronavac, do Instituto Butantan, teve 78% de eficácia comprovada em casos leves e 100% em quadros moderados e graves da Covid-19. O  Plano de Operacionalização da vacinação no Brasil, criado pelo Ministério da Saúde, não prevê a imunização de crianças, adolescentes e grávidas, ao menos por enquanto. 

Um dos motivos para esses grupos ficarem no fim da fila para receber a vacina é não serem os mais afetados por casos graves ou mortes por Covid-19. 

"O plano nacional de vacinação é feito de acordo com estudos epidemiológicos. Foi verificado que 52% de óbitos eram de idosos e adultos com comorbidades, que é quando tem outra doença associada. Crianças e jovens são os que menos morreram desta doença e ainda não há um perfil de segurança para grávidas", descreve o farmacêutico Antônio Júnior, que é professor dos cursos da área da saúde da Multivix.

Com mais de 200 milhões de habitantes no Brasil e com a grande possibilidade de serem necessárias duas doses da vacina, é inviável que haja a imunização de todos os brasileiros de  uma só vez, portanto, há necessidade de priorizar grupos.  

"Não  é possível ter doses disponíveis para todos no mesmo momento, lembrando que o mundo todo quer essa vacina. Já do ponto de vista de logística, armazenamento, além das filas, que não podem gerar aglomerações, é  imprescindível definir prioridades. Além de quem morre mais, também estão neste grupo algumas categorias de profissionais que estão mais expostos", pontuou o infectologista Alexandre Rodrigues.  

Clientes com máscara na fila do banco no bairro Glória, em Vila Velha. O Governo do Estado determinou o usar máscara de proteção contra o coronavírus
Clientes com máscara na fila do banco no bairro Glória, em Vila Velha. O Governo do Estado determinou o usar máscara de proteção contra o coronavírus. (Carlos Alberto Silva)

FAIXA ETÁRIA

Rodrigues também pontua que o impacto de crianças e adolescentes na transmissão é bem menor do que entre jovens adultos, que são os maiores responsáveis pela disseminação do vírus, em especial por promoverem aglomerações e festas. 

Contudo, quando a vacinação alcançar a totalidade de adultos não significa que os pequenos serão os próximos a tomarem o imunizante. "As vacinas do mercado foram testadas em adultos, não em crianças, o que é uma prática para toda vacina nova.  A eficácia é feita separadamente em grupos etários, pois  a resposta imunológica não é a mesma.  A imunidade de pessoas idosas respondem pior à doença. Já crianças ainda não tem um sistema imunológico ao ponto de produzir vacina apenas, por isso no calendário vacinal é repetida a aplicação, pois a imunidade está sendo construída", detalha o infectologista. 

TRANSMISSIBILIDADE

A vacinação visa evitar que o coronavírus se desenvolva no organismo, ou seja, impedir que a pessoa adoeça ou, se adoecer, que seja de forma não grave. Por isso, o fato de parte da população estar imunizada não impede que o vírus continue a circular.  

"A vacina impede o desenvolvimento, não impede a transmissão. Não estamos falando de cura, mas sim de imunização. Quem está  imune cria resistência e anticorpos, mas pode passar para outros, caso tenha contato com o vírus", observou Antônio Júnior.  

Pessoas usando máscara durante a pademia
Pessoas usando máscara durante a pademia. (prostooleh/Freepik)

Portanto,  cuidados como uso de máscaras, higienização adequada e manutenção do distanciamento social devem continuar até que 100% da população seja imunizada. 

"A vacina é um acréscimo, por enquanto. A redução na transmissão da doença pode demorar a ser observada. Só quando o impacto dessa vacinação causar redução de casos teremos segurança para mudar comportamento", completou o infectologista Alexandre Rodrigues. 

O tempo também deverá mostrar, a partir da imunização de parte da população, se a imunidade gerada também é capaz de estimular a imunidade para todas as mutações do vírus. "Precisamos saber que como o coronavírus vai se comportar, talvez tenhamos que tomar todo ano a vacina", afirma Antônio Júnior, que também é coordenador do projeto Avaliações das Mutações no Gene Codificador da Proteína Spike do SarsCov2 da Multivix. 

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