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Publicado em 14 de junho de 2022 às 20:36
A Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) aprovou nesta terça-feira (14) um projeto de lei que, entre outras iniciativas, prevê porte de armas para agentes socioeducativos - profissionais que atuam nas unidades de internação de menores infratores. Dos parlamentares que votaram na sessão, 27 se manifestaram a favor da proposta e apenas a deputada estadual Iriny Lopes (PT) foi contrária à medida. O projeto ainda precisa ser avaliado pelo governo do Estado e, somente se sancionado, entrará em vigor. >
Pela proposta, os agentes socioeducativos poderão usar armas em atividades fora das unidades de internação, como escolta de internos e no perímetro externo dos prédios em que atuam. Para tanto, deverão ainda passar por treinamento antes de receber o armamento. >
Bruno Menelli, presidente do Sindicato dos Servidores Socioeducativos do Espírito Santo (Sinases), afirma que o porte de arma é uma reivindicação antiga da categoria que, segundo ele, visa à segurança de todos. >
Ele cita como exemplo o fato de que, quando a Polícia Militar não pode fazer escolta dos internos, os agentes fazem o serviço sem armamento, ficando em uma posição vulnerável e sem condições efetivas de proteger os menores e a população em alguma ocorrência mais grave. "Agora teremos o direito à arma e também ao treinamento para fazermos o uso dela", celebra.>
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Se autorizado, o porte de arma será concedido apenas para os servidores efetivos. Bruno conta que 200 estarão aptos a receber o armamento, após passar por formação, de um total de 1.396 agentes. O restante atua em designação temporária. >
O Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) explica, em nota da assessoria, que o governo ainda vai analisar o projeto e, caso seja sancionado, o órgão vai estudar e elaborar a regulamentação da proposta "de forma a garantir os direitos humanos, o respeito e segurança de toda a comunidade socioeducativa.">
A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) diz, também em nota, que, até o presente momento, não recebeu qualquer solicitação para análise jurídica da matéria, o que só deverá ocorrer após o envio do projeto aprovado na Assembleia para sanção ou veto do governador.>
No sistema prisional, diferentemente das unidades de ressocialização, os agentes penitenciários têm autorização para portar arma. A Secretaria da Justiça (Sejus) informa que inspetores efetivos possuem porte, conforme previsão do Estatuto do Desarmamento e regulamentação por portaria específica. Os servidores de carreira passam por curso de formação, que os habilita ao uso do armamento para suas funções operacionais. >
De autoria de Lorenzo Pazolini (Republicanos) quando ainda era deputado, o projeto 38/2019, que prevê o porte para os agentes socioeducativos, passou em reunião conjunta de quatro comissões - Justiça, Finanças, Segurança e Assistência Social - e, após parecer favorável, foi submetido à apreciação do plenário. Na Comissão de Constituição e Justiça, a manifestação dos deputados foi pela constitucionalidade da proposta.>
Um projeto similar sobre porte de armas em Santa Catarina, no entanto, foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). >
A maioria dos ministros entendeu que "as medidas socioeducativas têm caráter pedagógico, voltado à preparação e à reabilitação de crianças e jovens para a vida em comunidade, e permitir o porte de armas para esses agentes significaria reforçar a errônea ideia do caráter punitivo da medida socioeducativa, e não o seu escopo educativo e de prevenção.">
Na avaliação de Bruno Menelli, a decisão do STF não cabe ao projeto do Espírito Santo porque a demanda dos catarinenses não era a mesma. Além disso, ressalta o presidente do sindicato, há Estados, como o Mato Grosso, em que o porte de armas para agentes socioeducativos já está em vigor. >
Voto vencido, Iriny argumentou que "por princípios, não acredita em armas para resolver problemas". Para a deputada, é necessário construir alternativas ao armamento para melhorar as condições de trabalho dos servidores, além de mais ações de ressocialização dos internos. >
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