O dia 1ª de agosto vai definir o futuro das exportações do Espírito Santo, com impacto também em outros aspectos da vida dos capixabas. Se Donald Trump vai seguir com seus planos de taxação em 50%, é algo imprevisível. Mas ninguém está pagando para ver por aqui.
Principalmente com os efeitos já sendo sentidos no Estado: ainda neste mês de julho, estima-se que 1.140 contêineres do setor de rochas naturais já deixarão de ser embarcados para os Estados Unidos. O Espírito Santo é o maior exportador do ramo em todo o Brasil e tem o país chefiado por Trump como principal parceiro comercial. Mas esse é apenas um dos setores afetados.
Desde o anúncio de Trump, outros 300 contêineres de cargas como café, pimenta-do-reino, gengibre, instrumentos musicais, cosméticos e carne bovina estão parados. Empresas de aço e celulose no Estado também aguardam prejuízos. Isso sem falar nas perdas indiretas nas indústrias de metalurgia e material elétrico.
O governo estadual e setores empresariais não estão assistindo a tudo sem se preparar para o pior cenário. A sinalização é a de que ninguém está esperando para ver o que acontece. Não há sinal de letargia, pelo contrário. Depois do atordoamento inicial com o anúncio, decisões estão sendo tomadas para enfrentar um desafio que vai impactar as relações comerciais do Espírito Santo profundamente: proporcionamente, só seremos menos prejudicados que o Ceará no país. Toda a população vai sentir o peso dessa decisão.
O governo estadual já anunciou que estuda usar recursos do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) e incentivos tributários para socorrer empresas afetadas e proteger empregos. O governador Renato Casagrande também decidiu criar um comitê de enfrentamento das medidas norte-americanas, caso elas se concretizem. O terreno está sendo preparado para a adversidade.
O setor de rochas também emplacou uma aliança com o setor imobiliário nos Estados Unidos para conseguir encaminhar uma carta solicitando o adiamento da implementação da tarifa ao principal negociador comercial dos Estados Unidos nomeado por Donald Trump. A argumentação é a de que a tarifa é ruim também para os Estados Unidos. O setor, inclusive, está no comitê de crise do governo federal.
A pressão de empresas norte-americanas, reforçando que também serão prejudicadas, é o que pode viabilizar alguma flexibilização neste momento de crise, fazendo Trump voltar a colocar a economia de seu país à frente de conflitos ideológicos. É, certamente, uma estratégia inteligente. Se vai dar resultado, só o tempo dirá. O importante é começar a se preparar, e isso o Espírito Santo está fazendo.
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