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Casagrande: "temos que estar preparados para o pior"

O governador do Espírito Santo criou um comitê estadual, com o vice, Ricardo Ferraço, à frente, para dar respostas caso o tarifaço anunciado por Donald Trump saia mesmo do papel

Vitória
Publicado em 22/07/2025 às 14h29
Renato Casagrande, governador do ES
Renato Casagrande, governador do Espírito Santo, participa de evento na Rede Gazeta. Crédito: Ricardo Medeiros

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, decidiu criar um comitê estadual, com o vice, Ricardo Ferraço, à frente, para dar respostas caso a tarifa em cima de todas as exportações brasileiras anunciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, saia mesmo do papel no dia 1º de agosto. O Espírito Santo é, proporcionalmente, o segundo Estado mais prejudicado, atrás apenas do Ceará. Indústrias fundamentais para o PIB capixaba, caso de siderurgia, rochas, celulose, petróleo e café, serão duramente golpeadas. O comitê começa a funcionar imediatamente e partirá analisando a possibilidade de socorro às empresas afetadas. Também estará no escopo um estudo sobre impactos nas arrecadações estadual e dos 78 municípios.

"A gente já vinha acompanhando de perto o desenrolar dos fatos e a atuação do governo federal. Mas a entrevista de ontem (segunda-feira) do (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad me fez enxergar a necessidade de avançarmos um pouco mais na nossa atuação. Seremos o segundo Estado mais prejudicado caso o tarifaço saia mesmo do papel, temos de estar preparados para o pior, inclusive com um aumento da tarifação mais para frente, afinal, o viés político da medida é evidente. Vamos estudar a possibilidade de potencializar medidas a serem tomadas pelo governo federal, caso de um socorro às empresas. Também analisaremos os impactos na atividade econômica e, claro, na arrecadação do Estado e todos os municípios capixabas. Tenho de estar preparado para tomar as medidas necessárias para manter o Estado equilibrado do ponto de vista fiscal. Não abrimos mão da organização", explicou o governador, que está em Brasília, onde se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Além de Ferraço, participam do comitê representantes das Secretarias de Desenvolvimento, Fazenda, Casa Civil, Planejamento, Procuradoria-Geral do Estado, Banestes e Banco do Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes). Eles ouvirão empresas e setores prejudicados, prefeitos, federações empresariais e sindicatos.

O governador, que estava mais otimista com a solução da questão no começo da crise, no dia 9 de julho, agora adotou uma nova postura. "Não sabemos o que irá acontecer, afinal, não se trata de uma questão comercial, racional, mas de algo político e completamente desequilibrado. Apesar dos fatos, pode ser que não haja recuo". Na visão de Casagrande, a crise, pelos diversos fatores, escalou nos últimos dias. "Piorou por causa de lá e daqui também. O governo Trump anunciou uma série de investigações, inclusive sobre o Pix. O Eduardo Bolsonaro (filho do ex-presidente Jair Bolsonaro) está trabalhando por isso lá. Em contrapartida, as últimas decisões do Supremo Tribunal Federal colocaram mais lenha na fogueira e o presidente Lula também não tirou o pé. Geraldo Alckmin quer o diálogo, mas o embate político não deixou a crise ser amenizada".

O mandatário capixaba enxerga a pressão das empresas norte-americanas em cima da Casa Branca como a saída mais viável do momento. "As empresas brasileiras fornecem para grandes empresas norte-americanas. Não é bom para elas, lá nos Estados Unidos, essa elevação injustificada de tarifas. O empresário é racional, faz conta e sabe qual é o contexto do ponto de vista técnico e comercial. A saída mais viável que vejo é uma pressão forte sendo feita por lá. É muito importante a movimentação do empresariado local nesse sentido".

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